Resenhas - A mão e a luva

Elk 24/08/2020

Um conto que vale a pena ser lido, porém, nada obrigatório.
Mesmo no início de sua carreira, Machado já demonstrava ser um escritor com um grande leque de palavra, além de ser ótimo em criar descrições! "A mão e a luva" pode não ter uma história muito complexa ou profunda, mas o autor consegue fazer com que o simples se torne interessante por saber desenvolver bem uma história. Ainda que os personagens não sejam dos mais interessantes, é a forma como Machado conduz seu conto que faz dessa leitura proveitosa.

Se você apenas gosta de ler, por gostar de uma história rica, não perca seu tempo. Agora, se você gosta de se deliciar com excelentes escritas, vai fundo.

andre.marinhocosta 23/08/2020

Realista ou romântico? Um pouco dos dois
A divisão da obra machadiana entre os períodos romântico e realista é últil porque permite acompanhar a evidente evolução estilística do maior escritor da literatura brasileira. Mas ela encontra deficiências quando se depara com exemplares como A Mão e a Luva, um híbrido com elementos marcantes das duas fases literárias.

É difícil dissociar totalmente o livro da escola vigente durante a maior parte do século XIX. A descrição sobre a paixão avassaladora de Estevão abre a narrativa com os típicos atributos românticos. Sentimental ao extremo, ele é arrebatado por um amor descomunal por Guiomar, uma jovem órfã que, por sorte do destino, é adotada por sua madrinha rica. A senhora, uma baronesa, também é acometida por uma tragédia, ao perder a filha, e a afilhada acaba ocupando posição central em seu coração.

Até por conta das circustâncias, Guiomar é um tanto quanto fria e se sente entediada ao perceber o envolvimento afetado de Estevão. Ao mesmo tempo, também não se interessa pelo playboy Jorge, sobrinho da baronesa e, portanto, preferência dela. Um terceiro nome entra na jogada, Luís Alves, amigo de Estevão, que até demonstra interesse pela menina, mas não tem muito tempo - ou paciência - para se prender em cortejos e flertes.

Para o leitor ciente de que A Mão e a Luva precede a guinada realista do Bruxo do Cosme Velho, os primeiros capítulos e a apresentação frívola dos personagens masculinos são coerentes. O cenário bucólico, distante da efervescência urbana de obras como "Dom Casmurro", também ajuda a inserir a novela em seu período.

No entanto, a surpresa emerge quando a narrativa passa a focar em Guiomar, uma protagonista feminina bem diferente das grandes heroínas românticas. Calculista, embora não oportunista, ela sabe bem que sua posição social deriva exclusivamente do laço com a madrinha. Portanto, em cada passo que dá, pensa nas consequências que pode ter em suas relações com a senhora. Ainda assim, a personagem não chega a ter a sensualidade explícita de Capitu, o auge da representação feminina na obra machadiana.

A ironia do autor, que eternizou a célebre trilogia realista, ainda aparece de forma sútil, mas está lá. A visão caricaturada dos homens, sobretudo Estevão e Jorge, surge quase como uma sátira do exagero romântico e as contradições da alta sociedade fluminense são recorrentes.

São por fatores como esse que A Mão e a Luva fica descolado de qualquer gênero em que tenta se encaixar. Talvez por isso tenha sido recebido com certa resistência pela crítica contemporânea - o que justifica o cárater extremamente folhetinesco de seu sucessor, Helena. Para o entusiasta dos últimos anos da carreira de Machado, a falta das características mais marcantes pode ser frustrante. Mas uma leitura surperficial pode ser enganosa: a sofisticação narrativa de A Mão e a Luva está no subtexto.

leuulima 18/08/2020

Um amor de muitas linhas e ganâncias
Me surpreendeu muito ler a fase romântica de Machado de Assis, pois foge de tudo aquilo que já havia consumido dele. É claro que a acidez, a crueza sobre a corte carioca (ainda que em menor escala) e a excepcional narrativa não deixam dúvidas do gênio por trás da escrita. A história nos conduz pelos fios de um só romance com vários agentes e muitos interesses se desmembrando. Com apenas 6 personagens "importantes", o texto vai alternando seu foco e o seu centro narrativo ao caminhar dos capítulos, sempre de maneira exemplar. Pela facilidade do enredo, o curto tamanho do volume e o olhar crítico, acredito que A Mão e A Luva seja um bom possível ponto de partida para ler as demais obras de Machado de Assis.

Hannah Andressa Delgado 13/08/2020

Entre a razão e a emoção, o encaixe perfeito, a medida certa. O livro trata não somente de um casal comedido e predestinado, como uma luva é para as mãos, fala também da relação entre razão e emoção, da necessidade de reter nossos excessos.

Diana 10/08/2020

A Mão e a Luva
Muitos consideram o livro Helena o mais romântico de tio Machadinho, mas entre Helena e A Mão e a Luva, considero o último muito mais romântico. Assim como em Helena, o autor trás uma personagem feminina como protagonista, esta de família pobre, porém tanto por sorte como por afeto a heroína é acolhida por uma família abastada. Guiomar, a heroína da vez, é educada, sagaz, calculista, ambiciosa e bela, esta última característica faz com que por onde passe seja objeto de desejo e admiração. Para nossa heroína aparecerá três grandes pretendentes, estes com características muito distintas e também com níveis de afeição diferentes para com Guiomar. Esta terá que escolher qual o homem ideal para si, não levando em conta apenas seus desejos e afeição, mas também o de sua madrinha Baronesa, a qual ela tem muita estima.
Eu amei o livro, este livro me arrancou risadas, suspiros e até um pouco de irritação com uma certa personagem, apesar de as vezes ficar um pouco confusa com algumas palavras e ter que ir em busca de um dicionário, consegui compreender bem e não daria menos do que 5 estrelas a essa grande obra.

Magda14 10/08/2020

O que você faria se alguém do seu passado, uma desilusão amorosa, reaparecesse e lhe pedisse em casamento? Olha, do jeito que eu me conheço, é bem capaz que eu aceitasse! Mas ainda bem que Guiomar, uma das personagens principais desse livro não é igual a mim! A mulher levou um fora do namorado e teve que aguentar sozinha a dor do término do relacionamento. Dois anos depois o cara reaparece e se percebe louco de amores por ela. Mas agora é ela quem não está nem tchum pra ele. O mundo dá voltas, bebê, e o dela já girou MUITAS vezes! Só que ela também não tem muita sorte: de um lado, o ex-namorado chiclete; do outro, um "parente" que está mais preocupado com uma herança que com sentimentos. E no meio disso tudo, Guiomar ainda tem que tentar ser feliz, mas sem destruir os sentimentos de sua madrinha, que era como uma mãe para si. Se você vai ler esse livro, tenha uma certeza: o plot twist dele é maravilhoso (pelo menos eu achei)!

Dani 04/08/2020

Gostei, mas não é meu favorito do Machado de Assis
Eu gostei muito do livro, mas não é um que leria novamente. Não pq a escrita é ruim, ou a história é ruim, é só que me contentou com uma vez só e não vejo necessidade e nem vontade de ler novamente. Eu gostei muito da decisão da Guiomar em escolher o Luiz para se casar. É o cara perfeito pra ela e para suas ambições de vida. Só fiquei com pena do Estevão. Sofreu bastante e isso é bem triste.

Luana 01/08/2020

Início da carreira
Início de carreira, e Machado ainda não era ?O? Machado de Assis.
A estória é previsível, as motivações razoáveis. Sem se aprofundar em nada em especial, o enredo desenrola sem nenhuma surpresa.
Graças a Deus que Machado evoluiu...

Joao1115 31/07/2020

Força soldado
Escrito por Machado de Assis e publicado em 1874. O romance se passa em torno da escolha de um pretendente que tem de ser feita por Guiomar, entre: Estevão, Luís Alves e Jorge.

Estevão apesar de nunca ter tido nenhum relacionamento, além da "amizade" de Guiomar ? acabou se apaixonando por ela. Mais um pra EJI (estatística dos jovens iludidos). Força soldado.

O problema é que a Guiomar, aluna no colégio da tia de Estevão, não queria nada com o jovem rapaz. Isso acabou ficando evidente quando ela se recusou a escrever-lhe quando ele estava indo para S. Paulo.

Estevão foi procurar consolo com seu amigo, Luís Alves ? que conheceu na acadêmia. Entretanto Luís Alves também ama (eu acho). Mas deixa isso pra depois.

Temos que apresentar a madrinha de Guiomar: a Baronesa. Senhora muito gentil e compreensível que cuidou de Guiomar depois da morte de seus pais.

Jorge ? sobrinho da baronesa ? também queria se casar com Guiomar (moça disputada em). Porém ela não estava muito interessada no pedido, e olha que ele tentou.

Concluindo: Jorge não ama tanto assim a Guiomar, praticamente não sentiu nada com o não de seu pedido de casamento; Luís Alves foi o grande vencedor (parabéns); e Estevão, bom, esse foi o que mais sofreu. Fica melancólico até o fim do livro, inclusive pensa em se suicidar algumas vezes. E Guiomar e Luís fizeram um bom casal, os dois são sagazes.

A relação retratada entre Luís Alves e Guiomar é uma visão diferente de amor neste livro. Eles se casam, mas não conseguiu me passar que o fizeram por amor; mas sim por terem um perfil parecido e ambos serem ambiciosos. O que é algo diferente pra um romance.

Diferente de Dom Casmurro, a narrativa deste livro me prendeu BEM menos ? foi publicada 25 anos antes ? então pode ter muito a ver com a experiência e o amadurecimento do autor.

O romance se concentra BASTANTE em relatar minuciosamente os sentimentos dos personagens e outros detalhes, o que só começa a ficar interessante após a metade do livro.

É bem curto, então vale a pena ler pra entender mais sobre a literatura brasileira.

- Viih O 19/07/2020

Quem será a mão da luva de Guiomar?
Para ser bem franca, nunca tinha lido Machado de Assis, pois, como sabemos, as escolas nos forçam a ler clássicos como ele, e com 12/13 anos isso se torna um pé no saco (?)...Mas, agora adulta, resolvi dar uma chance e comecei com um romance que não se exige na leitura escolar, e gostei bastante.

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Guiomar é uma jovem que vive com sua madrinha, a baronesa, muito rica, e a dama de companhia da mesma, Msr Oswald. Três homens estão apaixonados por Guiomar. O primeiro que conhecemos é Estêvão, formado em direito, romancista, extremamente exagerado em seus sentimentos de paixão. Por não ter seu amor correspondido até tentou se matar. O segundo é Jorge, sobrinho da baronesa (sendo o sonho dela de casar sua afilhada com seu sobrinho), um homem pacato que não consegue demonstrar seus sentimentos, somente com a ajuda de Mrs Oswald. E o último é Luis Alves, amigo de Estêvão, também formado em direito, ambicioso e político. A trama se desenrola na forma em que cada pretendente conquista o coração de Guiomar, acabando com a decisão da heroína.

Andre.Luciano 18/07/2020

Um romance cunhado pelo gênio Machado de Assis
O livro não está entre os mais lidos de Machado de Assis, muito provavelmente por conta da maneira que foi escrito e
pelo momento literário do autor, no entanto, vale a pena a leitura para quem quer conhecer todas as faces fe Machado de Assis.

Beto | @beto_anderson 16/07/2020

Projeto Lendo Machado de Assis - Livro 2
Apesar de não se filiar inteiramente ao Romantismo, esta obra de Machado de Assis carrega consigo algumas características muito peculiares a esse estilo. Mas a escrita do autor dá outros contornos a obra e que deixa o romance um pouco mais interessante. A reviravolta que ocorre no meio da história trouxe ao texto maior valor. Gostei bastante, mais do que o livro anterior, "Ressureição".

site: https://www.instagram.com/beto_anderson/

clarocarol 05/07/2020

Finalmente um livro de Machado que eu não fico com raiva, do começo ao fim. Claro que Estevao me irritou por ser um paranóico achando que Guiomar tava apaixonada por ele, Jorge me irritou por ser um pamonha e ainda pensar pelos outros, e Mrs Oswald é só uma fifi se metendo onde não deveria. Mas apesar de tudo, por hora, foi o único casal que eu realmente esperei que vingasse de todas as histórias do autor que li até agora, mesmo que no fundo Luís Alves seja um talarico.