Samela Bonfim 28/09/2013
Resenha O diálogo Póssivel - Cremilda Medina
Da autora, Jornalista Cremilda Medina, seguem os princípios de que a entrevista tem sido executada por muitos, maquinalmente. Como um mandamento ensinado, como de quem segue roteiro. Segundo Cremilda, a entrevista tem seguido questionários prontos, e em alguns casos, a sonora serve apenas para ser encaixada no roteiro elaborado nas redações. São técnicas eficazes, para obter-se respostas pré-pautadas. ‘‘O comunicador estabelece o ritmo de sua pauta e preestabelece as respostas; o interlocutor é conduzido a tais resultados ’’.
Esse produto, infelizmente, tem-se agregado no cotidiano do jornalismo, principalmente televisivo. Acredite ou não o jornalista, o comprador de noticias (leitor, ouvinte, telespectador) Não é bobo e percebe a diferenciação da entrevista forçada, da que possui emoção e autenticidade no discurso. – Boa mesmo, é a entrevista que traz informações reveladoras, que traz a tona o inimaginável, o bombástico- e essa, sai de forma não ensaiada, e não possui cadernetas com perguntas pré-elaboradas. Essa, a ultima das quatro classificações de entrevista, tipificadas por Edgar Morin, citadas pela autora : 1. A entrevista Rito. 2. A entrevista Anedótica. 3. A entrevista Dialogo e 4. As neoconfissões- dessa refiro-me.
Parece que os entrevistadores viraram atores, eles possuem todo um roteiro de perguntas. As respostas, quase imagináveis. Na verdade, as indagações não são feitas para informar, mas para confirmar. Esse tipo de entrevista, em sua maioria, até deixa o entrevistado temente. Por mais leigo que seja na área da comunicação, sabe que há a ausência de dialogo. E sobre isso Medina completa: que ‘frequentemente um adolescente ou criança comenta que diante de uma dessas entrevistas em televisão: - O sujeito nem terminou de falar e o repórter cortou’.
Segundo ela, enquanto insistirmos na competência do fazer, despojada do significado humano, pouco avançaremos no dialogo possível. Então, é necessário concentrar-se não no profissional, mas no humano. Não nas técnicas, mas no papel social. No grupal. Na comunicação. Atualmente parece que menos importa é o ser. O que vale, é o modo de dizer daquela pessoa e naquela hora - acrescento.
A entrevista, definida pela autora, ‘‘é uma técnica de interação social, de interpretação informativa, quebrando isolamentos, podendo servir também a pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação’’. Posterior a esse raciocínio, ela fala quanto ao desempenho técnico da entrevista, exercido pelos mais diversos profissionais de áreas distintas. Exceto o próprio comunicador. Pois a entrevista desempenha um papel social importantíssimo, independendo de veiculação em meio midiático, ou não.
A arte do ouvir, perguntar e conversar engloba a arte de entrevistar. Cremilda ainda comenta que o acumulo teórico sobre a técnica para entrevistar conduz a um ponto culminante, a complexidade social.
Concordo com Medina quanto ao fato de que muitos comunicadores têm tido as fontes como meras ilustrações no processo de elaboração de pautas. E que isso, tem tornado a entrevista, uma sequencia de pergunta-resposta. Algo maquinal. Tais constatações são relevantíssimas. Mas difícil de praticar. Pois muito ligada no fazer, sinceramente, as vezes esquecemos do humano, e assim, regredindo no dialogo possível. Sim, é possível e preciso. Não digo que fácil.