spoiler visualizarmilena968 11/11/2024
"Nos sonhos, crio verdadeiros romances."
"[...] Ah, se a senhora soubesse quantas vezes estive apaixonado dessa maneira!...
? Mas como, por quem?
? Por ninguém, por um ideal, por aquela com quem eu sonho."
primeiramente muito eu
Na primeira vez que eu comecei a ler esse livro, não tinha descido tanto pra mim nem me tocado, até que passou um tempo e eu nunca mais toquei no livro de novo KKKKKKKK mas aí então, eu peguei de novo e fui ler desde o começo. E eu juro que eu nem sei como eu tava entendendo TANTO esse livro já que ele tem uma linguagem não familiar pra mim, mas me surpreendeu, eu realmente consegui imergir sabe?
No começo da história, parece ser apenas um cara que é emocionado por ser tão sozinho e que finalmente encontra alguém (TAMBÉM EMOCIONADA) que reconhece sua existência e companhia e define esse sentimento como amor, mas de verdade, acaba sendo mais que isso.
O ponto forte desse livro pra mim foi como o Dostoiévski consegue aprofundar tão bem e explicar tão bem sentimentos e situações da mente humana, principalmente sobre a questão do homem que vive sonhando, que vive mais de sonhos do que a própria realidade (Essa parte realmente me impactou MUITO, ele retratava tão bem que eu ficava chocada a cada página). E você vê como esse livro se trata de um encontro de pessoas imaturas pra lidar com o amor. Um deles que viveu sua vida com uma solidão absurda dentro de si (e isso contrastou muito bem com a ambientação, achei lindo demais) e por isso fazia de tudo para agradar os outros, para colorir suas conversas, para buscar tudo em si que poderia entreter elas a fim de não irem embora como sempre, para alguém continuar no lado dele e mostrar o que eram relações de afeto de verdade; e a outra que viveu também presa, sem muito contato com outras pessoas e por isso se agarrou a primeira pessoa que demonstrou certa preocupação à ela, e, por isso, não tem maturidade alguma pra discernir e não usar outras pessoas pra suprir essa perda.
Eu acho que é por isso que, conforme passava as páginas, eu não achava o "sonhador" tão emocionado, porque era algo entendível dele ser, era algo que completamente fazia sentido pela vida que ele levava. E um ponte forte da história é que, por mais que tinham sido emocionados sim, quando eles conversavam durante as noites, você via claramente a ligação de amizade que florescia ali com o passar do tempo, o que era até gostosinho de ler, de conhecer mais dos personagens.
Porém, veio o final horrível, esperado, mas foi tão seco e tão rápido que todo mundo entendeu o que ele quis dizer com "1 minuto de felicidade". Eles claramente não sabiam o que era amor de verdade e foi horrível a CARA DE PAU da Nástienka de simplesmente FUGIR COM O OUTRO E FALAR TUDO AQUILO NA CARTA PRA ELE DEPOIS DE TER BEIJADO ELE ????
e aí vem o grande ponto: será que eu também era um pouco emocionada depois disso tudo? KKKKKKKKKKKK eu só não esperava um final tão grotesco assim depois de tudo que ela demonstrava e falava pra ele e blablabla, foi bem burra apesar dele ser emocionado também
No fim, ele era apaixonado pela ideia que ele criou dela, que ela forneceu a ele. A ideia de alguém que o ouvia, que o amava, que o enchia de carinho e esperança e vida, porque eram os únicos momentos em que ele se sentia vivendo. E acho que foi essa questão, da construção do "sonhador", que realmente me impactou e ia me prendendo MUITO a este livro. Teve páginas que eu amei de verdade e que me tocaram bastante, então eu não sei ainda se estou sólida em relação à nota ao livro, mas enfim. Valeu a pena entender e sentir tão bem o personagem, sabe?
Eu acho que ISSO deixou nítido pra mim o quão bem ele soube escrever e retratar e me deixou MUITO ansiosa pra ler outras obras dele também! Noites brancas foi o primeiro dele que eu li e sinto que me introduziu bem. Dito isso, nunca vou superar como ele retratou tão bem como viver no mundo das ideias, dos sonhos (no sentido da imaginação) é dilacerante e angustiante, porque quando você volta à realidade e percebe que nada daquilo é real, que nada daquilo que você investe todos os seus desejos numa versão de sua vida fantástica e do jeito que você planeja, e que o tempo está passando, você se sente horrível. E o meu conselho e reflexão deste livro é como viver em si a realidade do que o mundo dos sonhos vale à pena, e ele deixa isso claro. Vale a pena tentar viver para não se iludir demais no mundo fácil em que você criou e ficar frustrado consigo mesmo. Vale a pena para não viver sem desejos porque todos estarão sendo usados naquele mundo de escape que você criou em que nada daqueles sentimentos ou conquistas são realidade. Vale à pena não viver tanto nessa forma de escape a ponto de deixar o tempo passar e ser gastado em ficar mal consigo mesmo.
É um livro bom, que pra mim teve seus lás e cás, mas tem pontos fortes que valem a pena serem lidos (e a edição da antofágica é LINDA ??)