Pandora 07/12/2016Segundo Ruy Castro, Algernon Blackwood já foi tão famoso quanto Bernard Shaw, E. G. Wells e Conan Doyle, mas depois caiu no ostracismo por décadas. Quando tinha 80 anos, foi convidado para ler um de seus contos na TV numa noite de Halloween e o sucesso foi tanto que ele ganhou um programa semanal e voltou à fama.
Este livro de contos foi traduzido e organizado pela escritora Heloisa Seixas, que afirma que Blackwood foi o único escritor que a fez sentir medo lendo um conto de terror. Bem... gostei muito da maioria dos contos e até sentirei falta de alguns personagens, mas este não é um livro com "10 contos de terror", como afirma. Aliás, nenhum livro supostamente de contos de terror o é 100%.
O conto que dá nome ao livro, "A casa do passado" e a obra-prima do escritor, "Os salgueiros" eu, francamente, não gostei. O primeiro tem uma linguagem eflúvia e sonhadora que eu achei maçante; o segundo, conto preferido de Lovecraft e considerado "uma das 10 melhores estórias de horror sobrenatural de todos os tempos" simplesmente não me tocou. Fiquei esperando por um clímax que nunca veio. "O caso Pikestaffe", muito mais uma história de ficção científica, me fez amar seus personagens e "A boneca" teve seus momentos de brinquedo assassino. "Lobo andarilho", "A ala norte" e "As asas de Horus" são muito bem escritos, mas estão mais para romances psicológicos. Em compensação, "O homem que era Milligan", "Cúmplice" e o curto "O quarto ocupado" fizeram juz ao terror esperado, plantando aquela semente do medo que tanto me delicia na literatura.
Enfim, embora mais uma literatura fantástica que de horror, me agradou muito. Gostei do livro e fiquei muito interessada no trabalho do autor. Infelizmente, parece que não há outras coletâneas de seus contos traduzidos para o português até o momento.