Alguma Resenha 22/10/2020
Próspero, um mago de grandes poderes e antigo duque de Milão, e sua filha Miranda, que vivem numa ilha desde quando Próspero foi obrigado a abandonar a cidade num ato de traição. O mago com a ajuda de Ariel, um espírito escravo, criam uma tempestade devastadora para levar a naufrágio o navio que leva a comitiva do rei de Nápoles – o navio leva também Antônio, o irmão de Próspero e atual duque de Milão, quem cometeu o ato de traição e levou o mago ao exílio e outros membros da aristocracia. Desnorteados e indefesos após o naufrágio, eles são uma presa fácil para o comandante da ilha.
Apesar de parecer uma história de vingança, Shakespeare seguiu um caminho contrário ao escrever esta peça: o do perdão, do reconcilaimento, da sobreposição da razão contra as emoções mais primitivas do ser humano. Desse modo, as reflexões sobre as ações de Próspero no quinto ato se encaixam perfeitamente vários problemas sociais dos nossos dias. O que prova a imortalidade da obra do bardo.
Ao se colocar na posição de Próspero e entender seus ressentimentos e mágoas, o leitor aceita e imagina uma possível vingança contra seus inimigos. Mas a reviravolta da trama, além de surpreender, chama a atenção para algo óbvio, mas que permanece esquecido: a capacidade de reconhecer a dor do outro e diante disso reduzir a fúria no sentido buscar um caminho mais sensato para curar feridas do passado.
Uma das últimas peças escrita por Shakespeare, A tempestade não enquadra como uma obra prima da carreira do bardo, mas proporciona uma rica leitura por misturar comédia, drama, além de análises significativas sobre o comportamento humano.
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