emmanuel_arankar 01/11/2023"A Árvore que Dava Dinheiro" de Domingos Pellegrini
"A Árvore que Dava Dinheiro," uma obra da literatura infantojuvenil escrita por Domingos Pellegrini, nos leva a uma reflexão profunda sobre questões de ganância, valores morais, e o papel do dinheiro em nossa sociedade. Publicada em 1981 como parte da série Vaga-Lume, a história é atemporal e envolvente, cativando leitores de todas as idades.
O enredo se desenrola na cidade fictícia de Felicidade, que se revela irônica, pois sua busca pela felicidade se manifesta de uma maneira inesperada. A narrativa, apesar de destinada a um público jovem, aborda temas universais, como a influência do dinheiro nas relações humanas e a corrupção que pode surgir quando a riqueza fácil é colocada acima dos valores éticos.
A história começa com a morte de um homem rico e avarento, sem nome, que deixa um testamento peculiar para a cidade. Como sua última vontade, ele pede que três sementes sejam plantadas na praça da cidade, uma das quais crescerá para se tornar a árvore que dá dinheiro. Quando essa árvore começa a produzir notas de dinheiro em seus galhos, os moradores de Felicidade entram em um frenesi de enriquecimento.
A árvore parece trazer prosperidade à cidade. As pessoas arrancam pedaços dela para plantar em seus quintais, e a cidade inteira se vê repentinamente imersa na riqueza. No entanto, essa aparente "Felicidade" traz consigo uma série de desafios e dilemas.
A história nos lembra que o dinheiro, embora seja uma ferramenta poderosa, não deve substituir nossos valores e princípios. À medida que as pessoas se tornam cada vez mais consumidas pela busca do dinheiro fácil, os valores éticos, a moralidade e a solidariedade desaparecem. As relações humanas são distorcidas à medida que a ganância toma conta, e a cidade de Felicidade passa a ser um lugar onde os interesses pessoais e a busca pelo enriquecimento rápido superam qualquer consideração pelos outros.
Os personagens da história, embora não tenham nomes, são representativos dos diferentes aspectos da natureza humana. O homem avarento simboliza a ganância e o egoísmo, enquanto o açougueiro da cidade, que permanece imune à influência da árvore, representa a integridade e a honestidade em meio à tentação da riqueza fácil.
A escolha de não nomear os personagens é uma estratégia eficaz do autor para tornar a história universal. Isso permite que os leitores se identifiquem com as situações e os dilemas vividos pelos personagens, independentemente de sua origem, idade ou experiência de vida.
A narrativa do livro é envolvente e fácil de ler. Apesar de ter sido originalmente destinada a um público mais jovem, os temas explorados são profundos e relevantes para todas as idades. A simplicidade da linguagem e o ritmo da história fazem com que a leitura seja acessível e agradável, tornando-a uma excelente escolha para jovens leitores e também para adultos.
Além disso, o livro oferece uma oportunidade valiosa para a discussão de questões importantes, como a influência do dinheiro na sociedade e os perigos da ganância. As ações dos personagens e as consequências de suas escolhas fornecem um terreno fértil para debates sobre ética, valores morais e a verdadeira natureza da riqueza.
Embora a história de Felicidade seja fictícia, ela reflete questões e dilemas muito reais que as sociedades enfrentam em relação ao dinheiro e à busca da felicidade. O autor nos lembra que, embora o dinheiro possa ser uma ferramenta valiosa, ele não deve ser colocado acima de nossos princípios e valores morais.
No mundo atual, onde a busca incessante pelo enriquecimento muitas vezes obscurece nossa visão dos valores éticos, "A Árvore que Dava Dinheiro" serve como um lembrete oportuno de que a verdadeira riqueza reside na integridade, na empatia e na solidariedade. A história destaca como a ganância pode corromper a essência da humanidade e nos incentiva a refletir sobre as escolhas que fazemos em busca da felicidade.
Portanto, esta obra de Domingos Pellegrini é muito mais do que uma história infantojuvenil; é um conto atemporal que ressoa em todos nós, independentemente de nossa idade. É uma narrativa que nos convida a considerar o equilíbrio entre a busca pelo dinheiro e a preservação de nossos princípios éticos e morais.