R...... 11/01/2020
Tradução de Otávio de Vasconcelos (Editora Matos Peixoto, 1966)
Encontrei essa obra numa biblioteca pública e, como entusiasta de Júlio Verne, o fato de não conhece-la foi o suficiente para a inclusão nas leituras do momento. Em 2020 pretendo aumentar a respectiva cota de obras lidas.
A história tem duas partes, com o protagonismo da família César Cascabel, uma trupe circense em regresso à França, após 20 anos de estadia nos EUA. O diferencial na jornada é o caminho no sentido oeste, através do Estreito de Bering. Fato que se justifica no roubo que sofreram nos preparativos para a convencional travessia transatlântica.
Dessa trupe fazem parte César Cascabel, a esposa Cornélia e os filhos João, Xandre e Napoleoa (especializados nas artes do malabarismo, equilibrismo, dança, exibição de força e comédia), à bordo da espalhafatosa carruagem Bela Errante, alardeada por cavalos, cachorros, macaco, papagaio e o agregado Cravo-da-Índia.
A primeira parte tem mais doses de humor, rumo ao Alasca, com apresentações corriqueiras, onde o aspecto que mais gostei foi certa disputa em esperteza com um grupo de expectadores nativos, destacando-se a vivacidade de Cornélia.
Na segunda, o drama tem maior presença, evocado na travessia do mar gelado e em desdobramentos a partir da revelação da identidade de algumas pessoas que se juntaram no caminho (o misterioso Sergio Narkine e os pretensos marinheiros russos Ortik e Kirschef, além da jovem Caite, nativa do Alasca). Desenrolar com descoberta amorosa, perrengue ante adversidades naturais, e surpresas positivas e negativas sobre a companhia que se enturmara à família Cascabel.
Os momentos de destaque são a inusitada travessia, o enfrentamento com uma alcateia (vendo-se resoluções que hoje seriam politicamente incorretas), e a revelação das identidades e propósitos dos agregados a partir de uma peça teatral em que Cascabel misturou ficção e realidade.
Ah, de forma alguma consegui alcançar certa observação de Verne... O que seria um rosto israelita (assim descrito pelo tradutor) e onde raios conseguiu enxerga-lo no mapa do Alasca? Olhei, olhei, olhei e nada atinei... Oche!