Samara MaiMa 24/09/2012DESIGN
Achei a capa bem interessante com a ilustração que também abrange a quarta capa e mostra um dos símbolos mais marcantes da cidade do Rio de Janeiro. Mas preciso confessar que demorei para perceber que o detalhe dentro da letra "O" de Rio era o Cristo Redentor quebrado. Acredito que se a imagem tivesse um pedaço da cabeça ficaria mais óbvia a referência.
Achei o tamanho das orelhas do livro um pouco pequenas e desproporcionais para a largura da capa. Eu acrescentaria pelo menos mais 1cm, que inclusive ajudaria a aumentar a mancha do texto da orelha.
O miolo é bonito, com uma textura na borda das páginas que dá um efeito de "sujeira". As aberturas de capítulo tem o mesmo detalhe do "O" da capa do livro, além do título.
A mancha é boa mas, como a lombada é grande, a margem interna precisa ser maior do que a externa. Quando você está na metade do livro, com um grande volume dividido em cada lado, é totalmente adequado. Mas nas páginas iniciais/finais fica visualmente estranho.
Eu particularmente preferiria que o papel pólen fosse mais fino, a versão "bold" deixa o produto final muito pesado.
Apesar da fonte "grande", o texto praticamente não tem problemas de revisão e, no todo, é um bom projeto gráfico.
HISTÓRIA
Preciso começar esta resenha dizendo que fiquei agradavelmente surpresa com Os Reis do Rio. Rafael Lima conseguiu me convencer com o seu futuro distópico para o Rio de Janeiro, e também para o mundo.
Depois da Guerra dos Três Dias e que várias bombas nucleares explodiram em diversos locais do mundo, a humanidade se reergue à sombra do governo ditatorial e seletista da Radius. Os humanos que não são radianos sobrevivem à margem da sociedade em agrupamentos, nos escombros do que sobrou da guerra e em abrigos nucleares chamado de Grotas.
Em uma noite, um grupo de elite de oficiais entra na Grota IV e sequestra Edu, irmão de Will. O menino decide ir até a central da Radius para recuperar seu irmão. Junto com Lia, a extremamente teimosa namorada de Edu, e Ulysses, um rapaz com toques de sadismo e sociopatia, Will sai de Grota IV e se compromete a salvar o irmão. Sem nenhum plano, armado com uma pistola, e cheio de coragem.
Desse ponto em diante o livro segue numa alucinante e frenética busca para chegar até a Radius. Com muita ação, descrições detalhadas do ambiente e das movimentações dos personagens, Os Reis do Rio é uma história ágil, violenta e agressiva de futuro.
Os personagens são carismáticos mas confesso que meu favorito é Ulysses. Pena que no terço final da história ele perde um pouco de presença. Afinal, são tantos novos personagens que são agregados com muitas informações novas a serem passadas, que fica impossível de manter o foco em todos eles.
Com muitas reviravoltas e ação ininterrupta, tive a sensação que a história inteira aconteceu em um grande e longo dia, apesar de na verdade provavelmente terem sido três. Isso foi uma das poucas coisas que me incomodaram no livro. Desde o momento que Will sai da Grota a história entre em um clímax ininterrupto até a última página. Fora um único momento protagonizado por Ulysses, pareceu que os personagens e, consequentemente, o leitor estão em um momento "eterno" de tensão. Até me pergunto se numa situação real tanta tensão e revelações sem um tempo para relaxamento/contemplação não atrapalharia o entendimento do que estava realmente acontecendo. O.o
Outra coisa que fez muita falta para mim foi um mapa. Apesar de ser carioca, nem todos os locais que Rafael cita no livro foram tranquilos de localizar. Principalmente os que ele alterou de alguma forma o nome. Por exemplo, não consegui descobrir direito onde era o Marco Zero, aonde caíram as bombas. Sobre as bombas, mesmo passando muito tempo desde a guerra, não é comentado nada sobre se houve sequelas de radiação na cidade.
Com um final um pouco corrido (com um gancho para uma sequência), mas toda uma história instigante e inovadora, Os Reis do Rio é um forte, importante e bem-vindo representante da ficção distópica no cenário literário brasileiro.
Até a próxima! o/
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