Sami43 06/03/2021
Com os sete contos (Nós Matamos o Cão Tinhoso!, sobre um garoto e um velho cachorro; Inventário de Imóveis e Jacentes, descrevendo uma casa lotada; Dina, falando de um velho escravo nas plantações e sua filha; A Velhota, um filho agredido, seus irmãos pequenos e sua mãe; Papá, Cobra e Eu, um menino tentando matar uma cobra perto de sua casa; As Mãos dos Pretos, uma criança curiosa sobre melanina e Nhinguitimo, sobre agricultores) e um extra (Rosita, Até Morrer, que relata uma paixão), vamos entendendo fatos cotidianos na realidade difícil dos persinagens: o colonialismo português de Moçambique.
Retratando temas delicados como inocência infantil, armamento, fome e miséria, escravidão, prostituição, violência e o silêncio, de forma não explícita, as críticas fortes são mais percebidas nas entrelinhas e em palavras não escritas.
Algo muito interessante foi o fato de que muitas palavras foram preservadas nos idiomas nativos (tanto o idioma de Moçambique quanto dialetos locais), além de marcas de fala e a "africanização do português europeu", mostrando muito bem a cultura nacional que se deseja representar.
Por tais assuntos abordados, é evidente luta anticolonialista do autor, que chegou a ser preso durante três anos logo após lançar esta obra.
Premiada e informativa, a história é tensa e difícil, apesar de rápida e fluída. Realmente muito bom.