fleabookz 15/09/2020
Uma história de mais ódio que amor
É a primeira vez que leio algum livro de filosofia, então não tenho nada para comparar. Logo, também não fiz leitura das outras obras do Nietzsche.
Obviamente que eu sabia que é um livro com o objetivo de criticar o cristianismo, mas fiquei bastante surpresa ver ele citando outras religiões. Fiquei mais surpresa ainda ao perceber que ele falava bem dessas outras religiões.
Concordo com várias coisas ditas, mas discordo totalmente de outras. Vou tentar colocar essas concordâncias e desavenças de maneira breve, ou não, e na ordem em que aparecem no livro.
No que diz respeito ao poder, acredito que o cristianismo realmente o olha como algo pecaminoso. Esse poder está em Deus e em seus sacerdotes, não no homem. Mas não necessariamente vejo a compaixão como sinônimo de fraqueza, penso que precisa ter força para simpatizar com a dor do outro.
Não é segredo pra ninguém que o cristão deve seguir algumas regras, abrir mãos de coisas terrenas, ao menos na teoria. Pois esse está preparando o seu espírito para o "paraíso", ou seja lá o que o for.
Gostei bastante da comparação com o budismo, o pintando como melhor que o cristianismo. Porém, no meu ver não faz sentido falar bem de uma religião enquanto ataca outra, visto que todas tem seus pontos altos e baixos. Além do que, depende muito também de como os fiéis a colocam em prática.
Em certo momento o autor fala que o cristão é hostil com os nobres e que não se pode mais esbanjar seus privilégios. Isso me fez rir demais, essa briga todo com o cristianismo, simplesmente por não poder mais se denominar aristocrata (tão patético). Já pro final mais uma fala desse tipo, que os "medíocres" são felizes por estar nessa posição. Ainda mais que é devido a essa desigualdade que os direitos existem e que esses são privilégios. Fiquei bem brava nessa parte, não vou mentir.
Apesar dessa grande raiva dita no parágrafo anterior, como boa apaixonada que sou, amei sua breve fala sobre o amor. "O amor é o estado em que o homem mais vê as coisas como elas não são." e é isso mesmo, por isso o chamamos de cego.
Me chamou a atenção ele falar de Jesus como opositor da hierarquia dirigida pela Igreja. E como um bom exemplo de modo de viver o evangelho.
Eu estava meio pé atrás em ler Nietzsche por causa da sua frase "a mulher foi o segundo erro de Deus", muitas vezes usada por algum homem pra desmerecer mulheres que citam o autor em algum momento. Sendo que tiraram ela de todo o contexto em que foi usada né? Porque com isso ele quis dizer que a Eva despertou em Adão o interesse pelo conhecimento, assim dando início à busca pela sabedoria. O que os expulsou do paraíso, visto que Deus é inimigo da ciência, e é por isso que foi um erro criar a mulher.
Por fim, sem dúvidas, o cristianismo é inimigo da ciência e não tem compromisso nenhum com a realidade. O que me deixa atônita e me faz afastar de qualquer religião possível. Gostei do livro, mas achei alguns posicionamentos muito elitistas.