Marcus Lemos 10/12/2012
Uma abertura a novas ideias
Gosto de livros que nos trazem novas perspectivas e que abrem nossas mentes sem nos tirar os princípios. Livros que esclarecem ideias que batem com as suas, principalmente se você achava que mais ninguém pensava como você (e por vezes é criticado por isso). Livros que, mesmo sendo técnicos, te fazem parar diversos instantes para refletir e viajar um pouco nas ideias.
É isso o que o The Language of God (Francis S. Collins) faz. E, com o livro, abro a mente para definitivamente aceitar e pregar que fé e ciência SÃO complementares, nunca excludentes. Que as ferramentas da ciência são incapazes de medir Deus e a fé, e que a fé é medida pelo coração, mente e espírito, não por métricas científicas. Que o homem é responsável por separar as duas coisas e que as descobertas da ciência simplesmente tornam Deus e sua obra mais admiráveis. Nos ensinam um pouquinho de como Ele opera o seu plano e criação.
Ora, se Deus nos dotou de razão e inteligência acima dos outros animais; se somos amados pelo Criador que nos cedeu a capacidade do conhecimento, nós, então, engrandecemos o Seu nome ou O diminuímos ao usar essas dádivas para conhecer mais a respeito de Sua obra?
Parafraseando toscamente Galileo, citado na obra, que foi perseguido pela Igreja Católica no século XVII por afirmar que a Terra girava em torno do Sol, "Não consigo me sentir obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou com sentido, razão e intlecto tem a intenção de nos fazer renunciar o seu uso".
A leitura é extremamente leve, agradável e fluida, apesar de tratar temas densos que vão da física quântica, processos da evolução, mutação genética e DNA. Porém, o que mais me surpreende nesse livro é a capacidade do autor de expor seu ponto de vista - com bons argumentos, diga-se de passagem -, porém, sem impor sua opinião como a verdade. Ou seja, sendo ele um evolucionista teísta e você queira manter, por exemplo, uma visão criacionista, o livro é, ainda sim, extremamente válido, pois sua intenção não é provar nada mas, sim, expor a possibilidade de ciência e fé caminharem juntas, ao contrário da eterna rixa existente entre ambas. A questão não é se o autor está certo ou errado mas, sim, a abertura da mente a aprender novas possibilidades.
A linguagem adotada torna a leitura muito próxima a um diálogo com o leitor, em que ele fala de maneira direta e expõe a sua vida a ponto de se fazer um conhecido do autor.
Gostei tanto que já até adquiri o livro em português para ler novamente e poder emprestar a amigos.