romulorocha 05/11/2020
Aquela água toda, de João Anzanello Carrascoza - Nota 10/10
Hoje é o dia nacional do livro e eu não poderia brindar a data de uma forma melhor. A cada livro que leio de João Carrascoza, fico extremamente encantado com a complexidade e, ao mesmo tempo, doçura da sua poesia. Este é o segundo livro que leio do autor e já me sinto inclinado a dizer que suas obras se tratam daquelas que precisam ser degustadas ao invés de lidas.
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Aquela água toda é uma pequena coletânea contos, narrados tanto em primeira quanto em terceira pessoa. A maior parte das narrativas explora peculiaridades pessoais e familiares, de forma simples e surpreendente. São temas comuns ao nosso dia-a-dia como a morte, solidão, sonhos e frustrações, mas que da forma que são narrados, despertam reflexões profundas.
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Como disse antes, este é um livro para degustar. Cada página. Cada frase. Cada palavra. É como se fossem gotas d?água que juntas, algumas vezes, nos inundam de lágrimas.
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?Aí ela disse que o mundo era como o alfabeto, feito de vogais e consoantes. As vogais eram sons que nasciam quando o ar saía livremente pela nossa boca. As consoantes não: os lábios, os dentes, a língua e o palato criavam obstáculos à passagem do arquando a gente as pronunciava?.
?O tempo, a gente não percebe o tempo indo, senão quando ele já se foi, quando se misturou às águas de outro tempo que vem vindo, esse também deslizando no seu seguinte, líquido que semilparte, e, depois, se junta, como uma gota de mercúrio, a gente misturando o que fomos ao que seremos?.
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