Alberto 01/09/2022
Mudaram as estações/Nada mudou
Sempre que leio algum livro antigo que traz reflexões, fico admirado como a civilização pode mudar e evoluir em diversos aspectos, mas continua com os mesmos anseios de sempre.
O profeta, de Khalil Gibran, é de 1923 e traz de fato um profeta, chamado Almustafa, que antes de partir de volta à sua terra natal compartilha sua sabedoria com um grupo de seguidores. E os temas são os mais comuns possíveis: amor, casamento, filhos, trabalho, religião, morte, crime e castigo, alegria, tristeza e por aí vai.
Não há enrolação. Gibran vai direto ao assunto. Cada tema escolhido por uma pessoa do grupo equivale a um microcapítulo. Os ensinamentos do profeta são singelos, mas profundos. São muitas vezes poéticos e até musicais, como esta passagem ao falar sobre Amor:
"Quando o amor chamar, sigam-no,
Mesmo que o caminho seja íngreme, árduo.
E quando suas asas os envolverem, entreguem-se a ele,
Ainda que a lâmina oculta entre as plumas possa feri-los.
E quando ele falar com vocês, acreditem,
Embora sua voz possa lhes destruir os sonhos como o vento que devasta o jardim."
O excerto acima inclusive me lembrou de Chuva de Prata, de Ed Wilson e Ronaldo Bastos, de 1985, tantos anos depois de O profeta:
"Toda vez que o amor disser/Vem comigo/Vai sem medo/De se arrepender"
Pois é, está tudo assim tão diferente, mas nada mudou.