Nádia 02/05/2017
#resenhapomarliterario O profeta
"Há dentro de mim um poder impaciente por se revelar." O Gibran é um desses mestres da sabedoria que ensinam a arte de viver pela conquista da paz interior nutrida na contemplação da beleza. O seu convívio intelectual apazigua as dúvidas do coração, alimenta a fé na superioridade espiritual do homem, num estilo ao mesmo tempo cheio de vida e simplicidade, cuja fonte é a natureza em suas inspirações mais límpidas e amáveis.
Os temas são os temas mais básicos da vida humana: amor, liberdade, amizade, trabalho, morte. A moldura é o vasto e livre espaço da natureza. Esse retorno simultâneo à natureza e aos temas mais singelos da existência seduz o leitor contemporâneo, prisioneiro de mil artifícios e cheio de nostalgia por outros tempos e outra vida.
Além de atrair pelo pensamento e pelo estilo, O Profeta seduz pela filosofia de vida nele contida. Gibran não era um filósofo no sentido transcendental da palavra. Não trouxe uma nova doutrina, uma nova interpretação do universo. Era um filósofo no sentido humano da palavra, um pensador, um guia. E trouxe o que talvez mais falte a este século XX, tão rico e tão pobre ao mesmo tempo: uma nova fé no homem, uma nova fé na vida. Redescobriu o papel do coração. Pregou a ternura.
O Profeta não procura incutir em nós ideologias e metafísicas, mas despertar e desenvolver as reservas de bondade soterradas sob as amarguras e a dureza da existência. E não nos convida a renunciar às boas coisas da vida, mas a sermos dignos delas, e a viver ao nível do que há de mais elevado em nós. Lendo-o, o leitor sente-se transportado nas asas da poesia a um mundo encantado, e entretanto real, onde sabe que não poderá viver, mas aonde gosta de retornar de tempos em tempos, como gostamos de visitar as montanhas para nos refrescar e revigorar, embora saibamos que não poderemos permanecer nessas alturas.
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