Predadores

Predadores Pepetela




Resenhas - Predadores


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Alexandre de Omena 01/05/2022

Realismo nada mágico, mas impactante.
A leitura dessa obra é de uma crueldade que chega a nos fazer duvidar da sua ficcionalidade, tal a realidade presente. No entanto, a capacidade do autor em nos fazer enveredar por estórias diretas e cheias de desdobramentos incrivelmente bem alinhados, a quantidade enorme e necessária de personagens apaixonantes e odiáveis, nos leva ao melhor da literatura contemporânea: sua capacidade de ser atual e atemporal. Imperdível.
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Conta o livro 06/02/2021

Com 552 páginas, este livro é incrívelmente rápido e fácil de ler. A escrita é fluida e interessante e na edição brasileira feita pela editora Língua Geral o português de Angola foi mantido o que traz maior imersão para a história e a possibilidade de conhecer algumas palavras do dialeto kimbumdo usado no país.
Porém, não é um livro agradável. É uma história crua, irônica e extremamente masculina. Quase triste de tão real.
O livro conta com poucas personagens mulheres e sua participação e importância na história é quase zero.
O interesse pela leitura, da minha parte se constituiu pelo interesse na história Angolana e pela confirmação de que assim como no Brasil este país sofre até hoje com as mazelas da presença do império português, entre elas a corrupção, tão bem mostrada no livro.
Vale a pena a leitura principalmente por ser de um escritor tão importante como Pepetela, mas não nos deixemos enganar , as mulheres tiveram muito mais participação na história da humanidade do que apenas como esposas caladas e prostitutas interesseiras.
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wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

Predadores (2005) é um romance escrito pelo angolano Pepetela (pseudônimo de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos), autor de outras obras como Mayombe (1971) e A geração da utopia (1992). Pepetela participou ativamente da guerrilha pela libertação de Angola da colonização portuguesa e sua literatura trata muito deste período importante, quando a independência do país aconteceu tardiamente em 1975 e teve Agostinho Neto como um dos grandes expoentes políticos e literários daquela época. No entanto Predadores faz um retrato irônico de tudo que sucedeu à revolução em seu país, onde a corrupção e a busca pelo poder resultaram em diversas guerras civis e violência e miséria para seu povo. Predadores é uma obra de desencanto antes de tudo.
O que chama atenção do livro, além da temática importantíssima para compreender a realidade social de Angola, é o uso de uma narrativa que recusa o convencional, abusando das idas e vindas ao tempo e fazendo um uso curioso e esporádico de um narrador que, por vezes, flerta com uma narrativa tradicional, recorrendo ao discurso indireto livre, narrador este que também dialoga com o leitor, propiciando uma sensação bem-vinda de estranhamento à obra.
Predadores conta a estória de Vladimiro Caposso, um empresário inescrupuloso, que ascendeu socialmente ao ter se filiado ao MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), após a independência de Angola. O leitor acompanha a trajetória de VC (como é chamado pelo narrador ao longo do romance) desde quando era um jovem ambicioso, funcionário de um estabelecimento comercial cujo dono o deixa sob a sua responsabilidade (quando a incerteza dos conflitos que resultaram na independência do país era ainda muito grande, principalmente para os portugueses que lá moravam) até quando perde diversos aliados e passa por uma crise em sua empresa. Ao longo do romance conhecemos também o jovem Nacib, morador dos musseques (o equivalente a nossas favelas) que se envolve com a filha mais nova de Vladimiro Caposso e que almeja formar-se engenheiro mecânico, Sebastião Nunes, que conheceu VC na juventude, idealista advogado que irá processar o empresário por prejudicar um vilarejo ao adquirir uma fazenda cujo território impede a alimentação do gado local e o acesso à água aos moradores, desfilam também para o leitor políticos outrora camaradas engajados na luta pelo povo e que agora vivem do aproveitamento do dinheiro público em benefício próprio e da influência que possuem no partido e nos governos atuais. Vladimiro Caposso mesmo é um personagem representante de toda a situação política (repleta de predadores como ele) que dominou Angola nas décadas que sucederam a 1975.
Pepetela não segue uma narrativa tradicional, começo, meio e fim se misturam, cada capítulo ganha o ponto de vista de uma personagem diferente e o tom sarcástico predomina num narrador em 3ª pessoa que de vez em quando na narrativa faz as suas intervenções para dialogar jocosamente com o leitor. Vladimiro Caposso, protagonista do romance tem mais semelhanças com os políticos brasileiros do que imaginamos. A própria realidade de Angola, por mais que distante, continentalmente, aproxima-se da nossa em muitos aspectos. Predadores pode muito bem ser um livro para compreensão do universo político e social angolano quanto ser uma introdução à riquíssima literatura produzida pelos escritores e escritoras oriundos dos países africanos lusófonos.


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2016/01/na-estante-52-predadores-pepetela.html
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Diego 26/12/2012

A epopeia de um homem sem escrúpulos
Predadores é a história da ascensão e desventura de Vladimiro Caposso, um rapaz de origem humilde, com um apurado "senso de oportunidade", que constrói sua fortuna de forma ilegal, desviando verbas públicas, fazendo tráfico de influência, pagando propinas, etc.

São utilizados alguns interessantes recursos estilísticos, tais como os apartes de um narrador irônico (algo que me lembrou muito Jorge Amado em "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá") ou a narrativa não linear, que vai e volta ao longo de cerca de 30 anos, tendo como pano de fundo diversos momentos da história recente de Angola, mais especificamente de Luanda.

Os personagens secundários também são muito interessantes, os quatro filhos de Caposso; o jovem Nacib, namorico de uma das filhas do protagonista; Sebastião, amigo de juventude de Caposso, etc.

É um livro longo, porém, a leitura é tão fácil e os elementos tão bem encadeados, que dá uma angústia parar de ler sem chegar ao final.
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