Lisi Olsen 04/01/2021
É preciso destrancar a nossa caixa de brinquedos...
É preciso aprender a fazer amor com o mundo.
Conceito estranho de relacionar com a educação. Mas se pararmos para pensar que somos mais felizes ao fazer algo com paixão, encanto e amor, não seria estranho pensar nesse conceito.
Aprender é descobrir. Perguntar. Questionar. Sentir prazer ao sentir o mundo e suas possibilidades.
Ensinar é saber guiar. Ouvir. Mediar. Orientar. Sentir prazer ao apresentar os caminhos as possibilidades do mundo.
Rubem Alves nós presenteia com um texto rico em metáforas, estórias e muita poesia a sua visão e crítica a educação. Principalmente a educação tradicional, ao vestibular e ao ensino sem sentido.
Fazendo com que possamos lembrar da existência das nossas duas caixas: a de ferramentas e a de brinquedos. Cada uma com sua função, nenhuma mais importante do que a outra. Só uma mais valorizada em relação a outra.
Através dos sentidos é que vamos descobrindo o mundo a nossa volta. Lembra quais são os nossos cinco sentidos? Visão, audição, olfato, paladar e tato. Com cada sentido exploramos o universo de possibilidades e aprendemos a conhecer o mundo.
Mas em nosso sistema educacional atual, que de atual não tem nada pois não avança, o ensino-aprendizagem está focado em apenas um objetivo: diplomas. Na escola não há lugar para sonhar, se expressar e se encantar. É preciso copiar, registrar, gravar, decorar... Saber as respostas. Entretanto, e as perguntas? E o sonhar? E o brincar?
Formamos jovens que decoram as respostas mas, não conseguem formular perguntas. Do que adianta respostas sem perguntas?
Aprendesse teorias, códigos e gramática. Mas para quê realmente os usamos? São ferramentas úteis? Há sentido?
Aprendesse para os vestibulares. Mas, e depois?
O que resta de todo esse esforço?
Ler a educação dos sentidos não é encontrar respostas, e sim questionamentos sobre nossa visão de educar, ensinar e aprender. É refletir sobre a Pedagogia que buscamos na faculdade, relacionando com a nossa pedagogia interior. Aquela que nasce com os professores. É uma abertura para repensar nossos objetivos pedagógicos. Nosso fazer pedagógico.
É um chamado a olhar o mundo com olhos de poeta.
Que procuremos encantar os alunos e alunas a sentirem paixão por estudar, pesquisar e questionar.
Que saibamos ensinar a ler sem destruir o amor pela leitura.
Que possamos ensinar aos alunos e alunas como fazer amor com o mundo através do desenvolvimento de seus sentidos.
Ensinando a usar a caixa de ferramentas sem esquecer de deixar a caixa de brinquedos sempre aberta e pronta para ser usada também.
Buscando a formação de sonhadores. De curiosos. De pesquisadores. De apaixonados pela arte de ensinar e aprender.
Um livro poético sobre ensinar.
Um livro crítico sobre o papel da escola.
Um livro encantador de professores.
Uma leitura prazerosa, revigorante e inspiradora.
Como só Rubem Alves é capaz de escrever.
E a sua caixa de brinquedos está aberta ou trancada?
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