Jorge 05/07/2022
"Antes os Perigos da Liberdade do que a Tranquilidade da Servidão"
É com esta célebre frase que inicio minha resenha.
Este tratado é um marco do Iluminismo; da transição do absolutismo para a democracia no Ocidente. Rousseau explicita e edifica os pontos culminantes dos valores republicanos, bebendo, e muito, da fonte da antiga República Romana. É possível que esta tenha sido a primeira vez em que se pensou nos três poderes tais como eles se configuram nas democracias modernas.
Apesar de ser o ponto inicial da Ciência Política, a obra também é filosófica, e o autor disserta veementemente sobre liberdade, seu conceito servindo de base para Kant mais tarde. A liberdade, para Rousseau, é alcançada somente quando se age em prol do todo, e também por vontade de sê-lo e tão somente disto. Afinal, como a frase-título sugere, a liberdade é perigosa, mas aquele que age apenas pelos seus impulsos e instintos é unicamente escravo destes; ou seja, não é livre.
O livro é revolucionário, pois estabeleceu o modelo que derrubaria as monarquias europeias, e em seguida, disseminaria suas ideias por toda a América, livrando-a dos impérios.
Rousseau aproxima-se do modelo ideal de governo, assim como do modelo ideal de liberdade e sociedade. Ele mesmo esclarece em certos pontos que não há perfeição, pois tudo o que se faz pelas mãos do homem não pode sê-lo, mas se existisse uma sociedade de deuses, ela seria democrática.
Aliás, o papel da religião na sociedade fica muito claro, quando Rousseau explica a sua função de legitimação e força para o pacto social estabelecido. Este ponto sendo interessantíssimo, pois eu sou alguém que busca respostas quanto à religião ou à falta dela na sociedade