spoiler visualizarguerra78 18/10/2024
Enquanto eu lia ?O Mar de Monstros?, fui sendo levado por uma sensação crescente de que a série estava realmente se expandindo, tanto em termos de enredo quanto na profundidade dos personagens. O livro começa com aquele tom leve e familiar que já conhecemos, mas logo percebi que Rick Riordan estava adicionando novas camadas emocionais, especialmente no que diz respeito às relações entre os personagens.
Logo de cara, fiquei intrigada com o Tyson, o ciclope meio-irmão de Percy. Confesso que no início achei meio estranho ? um irmão ciclope? Como isso ia funcionar? Mas conforme a história avançava, eu fui percebendo o quanto o Tyson é um personagem essencial. A forma como ele é visto como ?diferente? não só pelos humanos, mas também pelos semideuses, me fez refletir sobre temas como preconceito e aceitação. E o mais interessante foi perceber que, mesmo com essa inocência infantil, Tyson tem uma pureza e um afeto que, em alguns momentos, me fez pensar: "Poxa, ele poderia ser um personagem que teria um crush platônico super fofo em alguém que fosse gentil com ele."
Outro personagem que foi ganhando espaço nas minhas reflexões enquanto eu lia foi Clarisse La Rue. Eu sempre vi a Clarisse como aquela típica ?valentona?, com seu jeito bruto e competitivo, mas nesse livro ela me surpreendeu. Riordan vai construindo um pouco mais da personagem, mostrando que por trás daquela fachada de durona, existe uma pressão gigantesca sobre ela, especialmente por ser filha de Ares. E não vou mentir: comecei a pensar em como seria interessante se Clarisse tivesse um romance, talvez com alguém que desafiasse esse seu lado agressivo, ou que, de certa forma, mostrasse a ela um tipo de vulnerabilidade que ela ainda não experimentou.
A parte que mais me fez refletir sobre dinâmicas de poder e atração foi a passagem com Circe. Quando Percy e Annabeth chegam à ilha dela, eu fiquei completamente capturada pela forma como Circe usava a sedução e a manipulação para controlar aqueles ao seu redor. Transformar homens em porcos é uma metáfora incrível, e eu não pude deixar de pensar em como o desejo e a atração, quando desequilibrados, podem ser usados como ferramentas de poder. Circe não está ali apenas para ser uma vilã; ela é uma representação do perigo que vem quando alguém explora a vulnerabilidade de outros para alcançar seus próprios fins. Esse momento me fez questionar os padrões de relações na série como um todo ? como o desejo pode influenciar e até dominar as escolhas dos personagens.
E claro, eu não poderia deixar de mencionar Luke Castellan. Mesmo que ele não apareça tanto fisicamente nesse livro, sua presença paira como uma sombra sobre os eventos, e eu fiquei constantemente pensando em como as motivações dele não são apenas vilanescas. Ele não é simplesmente o "cara mau" que se volta contra o acampamento, mas um personagem cheio de camadas, movido por traição e mágoa. Saber que ele e Thalia tinham uma conexão antes de tudo isso me fez pensar nas dinâmicas de amizade e atração não resolvida que existem entre eles. E com a Thalia voltando à vida no final do livro, fiquei com a impressão de que o reencontro dos dois vai trazer à tona muita coisa não dita ? tensão, talvez algo romântico, ou até ressentimento.
Conforme a história foi se desenrolando, fui cada vez mais me envolvendo com essas nuances emocionais e os pequenos momentos de interação entre os personagens. A busca pelo Velocino de Ouro é eletrizante, claro, mas foi nas pequenas cenas ? como a forma que Tyson é tratado ou os momentos de vulnerabilidade de Clarisse ? que percebi como Rick Riordan vai construindo um mundo emocionalmente complexo por trás da ação.
No final, ?O Mar de Monstros? me deixou com a sensação de que essa série não é apenas sobre batalhas épicas e monstros míticos, mas também sobre como as relações entre os personagens crescem e se transformam, seja através de laços familiares, amizades que se fortalecem, ou mesmo aquelas tensões e crushes que vão surgindo discretamente ao longo da história.