Paty 26/10/2012Caixa Preta, na verdade, foi publicado a partir de anotações que Jennifer fez em seu caderno japonês, e disponibilizado, primeiramente, no perfil de ficção da revista norte-americana New Yorker no período de 24 de maio a 02 de junho desse ano. E foram necessários 1 ano inteiro para que a autora escrevesse os mais de 600 tuítes! E o que é mais interessante é que, em entrevista, a própria Jennifer alegou “ter uma relação complicada com a tecnologia”, e por puro medo, como afirmou: “Tenho medo da tecnologia de uma forma muito simples, como o medo de não saber usar.”
Pelo visto ela superou muito bem o seu medo, pois o conto é muito bom! Não chega nem perto de A Visita Cruel do Tempo, mas dá conta do recado direitinho!
O conto é uma ficção científica meio triller, onde a protagonista é uma agente secreta à serviço do governo norte-americano, que tem por objetivo passar informações coletadas sobre os esquemas de homens poderosos e violentos. A protagonista, chamada apenas de "gatinha", sujeita seu próprio corpo à implantes de diversos tipos de dispositivos de espionagem, como câmeras, GPS, disco de memória e coisas afins, para conseguir obter as informações das quais precisa sobre os seus alvos.
Narrado em 2ª pessoa, a escrita é rápida e envolvente, com frases curtas, como era de se esperar por conta da mídia utilizada, lembra um manual de instruções ao qual a "Gatinha" vai seguindo e nos conduzindo por seus próximos passos; mas como a autora disse, são "disparos mentais" da protagonista, como se ela fosse repensando alto os próximos passos para desempenhar a contento a sua missão.
Como em toda obra de espionagem em que mulheres são envolvidas, há sempre o apelativo sexual, pois cabe à ela a conquista das informações necessárias ao Governo, independente do que vier a acontecer em decorrência disso. Mesmo sabendo que essa aparente fragilidade que o mundo machista dá à mulher, como sendo presa fácil por ser considerada frágil, e a consequente utilização de sua condição como arma eficaz, me incomoda um pouco. Ainda gostaria muito de ver uma espiã não ser obrigada a se valer da sua sexualidade pra conseguir seu intento! Mas essa é apenas a minha opinião! ;)
Com toda certeza Caixa Preta é uma leitura super recomendada, porque se valendo de uma mídia diferente e super dinâmica, sobressaiu-se mantendo o ritmo, o enredo e a atenção sem ser entediante!