Lane 16/08/2012Rede de Sedução**Resenha com SPOILER**
Vou dizer o que eu achei do livro sem preâmbulos: detestei!
Acredito que era pra ser uma história sobre vingança, mas o que acabou se tornando é que eu nunca li algo tão machista em toda a minha vida.
Honestamente, os pontos de vista da autora inseridos nesta trama são muitos antiquados.
Mesmo depois de eu ter pesquisado e visto que o livro foi escrito em 1984, não diminui meu ponto de vista sobre a autora.
Este é o segundo romance que leio de Penny Jordan, a constante de ela criar personagens machistas e mocinhas idiotas, revelam traços de total ausência de emancipação feminina e de vários tabus preconceituosos, mas eu não quero aqui descrever minha opinião sobre a autora e sim pela sua obra.
A obra é fruto dos reflexos de como até hoje em dia, infelizmente ainda se ouve os ecos do machismo.
Imagine uma história onde o protagonista/vilão é de origem aristocrata, com ascendência russa e francesa, com traços de uma personalidade forte e dominadora, tem uma virilidade que ultrapassa os poros, é rico, é belo, é inteligente e experiente, seu charme é capaz de arrancar suspiros de expectadoras de qualquer idade. Ele tem apenas um único obstáculo na vida que é o de concluir seu projeto de vingança contra ao homem que foi responsável pelo suicídio de sua única irmã.
Seu nome é Conde Alexei Serivace e ele é o protagonista idiota deste livro!
A história começa com a apresentação de Hope Stanford. Uma menina que acaba de completar 18 anos, vive reclusa em um convento onde foi praticamente criada, órfã de mãe e carente de atenção do pai que nunca a visita. Hope não tem autorização pra sair nem nas férias, porque o pai não deixa.
E assim conhecemos Hope, uma menina adolescente, ingênua que vive entediada dentro de um convento.
Alexei motivado pelo sentimento de vingança contra o pai de Hope, a seqüestra de dentro do convento sem que ninguém perceba [nem Hope], e a leva para dentro de seu castelo na França que tem apenas um funcionário que é surdo e mudo e cheio de cicatrizes na face.
Alexei não só estupra a mocinha, como faz isso DUAS vezes no livro. É bom ressaltar que estupro segundo conceitos gerais, é a prática não consensual do sexo imposto com violência ou sobre grave ameaça, tanto pelo homem quanto pela mulher.
Portanto, é incontestável a atitude de Alexei, ponto!
Hope não conhece nada sobre o mundo exterior e após ser violentada, com sua mente perturbada e sobrecarregada, se apaixona por Alexei. A história passa a ser aqui não algo sobre vingança e sim a se desenrolar aspectos sobre Síndrome de Estocolmo.
Até aqui tudo bem, Janet Dailey já havia escrito sobre o tema em 1979 em “A Carícia do Vento”, e a história continuava tendo sua graça pra mim, mesmo que o personagem Alexei fosse um dos piores mocinho/vilão que eu já tivesse lido.
Alexei é egoísta, vaidoso, confuso, machão e nada romântico, porém eu fiquei aguardando uma abordagem da autora que modificasse a postura do personagem e o transformasse em alguém romântico ou pelo menos com algumas atitudes românticas.
Não considerei os tabefes que ele deu no “pai” de Hope algo como sendo uma atitude romântica, como também não achei as flores que ele enviou pra ela depois da noite de amor deles, pois considerei aquele bilhete contestador e preconceituoso.
Entretanto, a história se tornou bizarra pra mim, não foi só por esses acontecimentos. Hope que eu acreditava que estava começando a superar sua fase de inseguranças e seus sentimentos frágeis pelo Alexei, por causa dos seus diálogos contrapondo os argumentos dele e outra que ela fora impulsionada pela descoberta de sua gravidez a fugir, a partir de então o enredo começa uma série de coincidências absurdas.
-Coincidência: Hope encontrar uma antiga amiga de escola e fugir.
-Coincidência: Hope ir pra França e ver Alexei no mesmo hotel que ela ficou.
-Coincidência: Hope sair à noite e encontrar Alexei num bar de solteiros, não estou conseguindo me lembrar, mas teve uma que ela viu ele com uma morena espetacular em um lugar que me pareceu bem forçado.
E o mais bizarro de tudo foi que quando Hope contou para a amiga que tinha sido estuprada pelo Alexei, a amiga que era atriz de Holywood, NÃO PROCUROU A POLICIA e para piorar, ainda ajudou ela a se casar com ele!
A trama perde o foco do meio pra lá. Os personagens perdem o carisma.
A frieza sarcástica de Alexei que no inicio era motivador se torna infantil, ele não é romântico e achei bizarro sendo que esta é uma história contemporânea, um adulto de 34 anos, mesmo que atormentado pela culpa tenha medo de confessar seu amor a mulher que ama.
Contudo, a questão moral que muitos autores brincam nas histórias para que o leitor acabe “torcendo” pelo sucesso do mocinho/vilão não acontece [ou pelo menos não comigo]. Não vi graça no ciúme exagerado dele nem do dela.
Mas o destaque de toda essa serie de bizarrices fica com a Hope, que continua insegura, com uma idéia fixa de que Alexei ama outra e não quer contar pra ele sobre seu filho.
E pra compor todo esse cenário de bizarrices a autora insere em paralelo a história de outro casal como o mesmo perfil imaturo e que só ficam juntos por causa da interferência de Hope, assim como ela só termina com o conde porque eles interferiram.
A minha crítica não é em relação aos personagens, a minha critica é direcionada a história que é absurda. A personagem fraca, ingênua e inexperiente não me sensibilizou, nem todo o teor arrogante/dominador do mocinho, o que me deixou desconcertada foi que os temas não foram tratados corretamente pela autora. O estupro aconteceu! O personagem não se redimiu de seus atos violentos e mesmo que a autora tenha tentado colocar seu lado de angústia sobre ele, isso apenas evidenciou sua mentalidade conservadora e sua visão machista.
Pra mim é repugnante ler e constatar sobre isto e pensar que um autor de romance precise descer tão baixo na inversão de valores.
São por causa de livros assim, maus escritos que os romances de banca sofrem todas as series de preconceitos.
Avaliei com 1 estrela.