Beatriz B. 13/10/2013Impossível não querer que Jake Gigante o leve embora.A Trama: O livro me surpreendeu muito. Eu iniciei a leitura esperando algo bobo e infantil, mas me deparei com uma das melhores aventuras sinistras e macabras que já li!
Há um mito sobre uma revista chamada Malícia, dizendo se você fizer um ritual pedindo para Jake Gigante o levar embora, ele o fará. Suas presas são então encarceradas no mundo apresentado dentro da revista, a qual sempre julgaram ser escrita e desenhada por uma mente psicótica. Toda a alma presa lá passa a estar condenada à desnutrição e lutas constantes com seres mortais robóticos e sugadores de vida, tudo isso dentro dos cenários cada vez mais desgastantes e bizarros.
A história se inicia quando os amigos Seth e Kady descobrem um exemplar em branco da revista no quarto de seu companheiro recentemente desaparecido, Luke. Mesmo sendo um tanto previsíveis, somos apresentados a várias reviravoltas surpreendentes na trama, na vida dos personagens e na resposta sobre como o universo paralelo de Malícia está conectado ao real. O mais legal é que o problema maior não é as pessoas caírem na armadilha do ritual ou o horror em que nela vivem, e sim quem está por trás de tudo isso...
O Protagonista: Consegui conhecer Seth e Kady muito bem, não por meio de suas breves descrições, mas sim pelo modo como o autor realçou seus diferentes comportamentos, diálogos e atitudes. Seth é o tipo de jovem que procura momentos emocionantes para provar a si mesmo que realmente vale a pena viver. Ele não tem medo de escalar elevações sem equipamento de segurança e simplesmente não pensa duas vezes quando o assunto é proteger pessoas em perigo, mesmo que para isso seja necessário fazer uma loucura.
Kady foi impagável! Mesmo sendo um pouco mais "pé no chão", seu jeito sarcástico de não levar nada tão a sério me fez rir horrores. Seu vício em computadores foi a salvação que desvendou pistas fundamentais no enorme quebra-cabeça de Malícia. Além do mais, Kady possui um passado tão misterioso que ela própria o desconhece.
Os Personagens Secundários:Não há tantos personagens secundários e eles não precisaram de detalhes minuciosos para serem bem feitos a ponto de com um único diálogo, o conhecermos melhor do que certos livros não o fazem em todas as suas páginas.
Luke, o amigo esperto que decidiu fazer o ritual a fim de comprovar se era realmente verdadeiro, aparece muito pouco e graças a seu fatídico destino, deu forças para os protagonistas prosseguirem.
Justin, um garoto que os protagonistas encontram em meio ao caos de Malícia, foi a luz no fim do túnel para Seth. Já mal nutrido por estar na revista há muito tempo, Justin teve um jeito um tanto rude de interagir com as pessoas, preferindo quase nunca falar sobre si. Porém,eu compreendo que depois de passar a vida no mundo dentro da pior revista já publicada, é considerável que seja assim.
Ainda há os sinistros e secretos produtores de Malícia, pessoas que Kady desconfia nem serem humanos. E eu simplesmente adorei, por mais malvadas que algumas "essências" sejam, os inúmeros animais robôs que atormentavam mais ainda a vida de quem estava soterrado nas páginas de Malícia.
Capa, Diagramação e Escrita: Em termos de publicidade, essa capa nunca "venderia o peixe" (piadinha dos bastidores). A cor vermelha não combinou com nenhuma das ilustrações e sinceramente, o contorno de uma cidade em ruínas ao fundo mais parece um borrão. Porém, gostei muito do relevo envernizado em alguns detalhes da capa e no capricho que tiveram no interior das abas.
Adorei a diagramação. As letras são grandes com espaçamento duplo, perfeito para ler 100 páginas num estralar de dedos. Os capítulos possuem título próprio, o que acho um charme, e ainda são subdivididos em partes numeradas. Porém, o que faz o livro ser diferente são os quadrinhos. Eles ilustraram as partes de mais ação do livro, como se para o autor narrar não fosse suficiente. Isso me deu uma breve ideia de como os "leitores" realmente vêem a revista Malícia, e me deixou mais próxima de como o autor imaginou sua história.
Será que ainda sobrou algum elogio para a escrita? Chris tem um jeito dinâmico e divertido de conduzir os acontecimentos, em terceira pessoa alternando a narração entre Kady e Seth. Ele abriu mão de certos detalhes "opcionais" focando nas aventuras e emoções que seus personagens transmitem. Percebi que ele optou em eliminar aquelas partes monótonas de deixar o leitor se situar, indo direto a ação, e isso valorizou muito a trama original que criou.
Concluindo: Uma história sombria e assustadora em certos pontos pode ser sim muito cativante. A narrativa instiga mais ainda o leitor a querer descobrir a origem dos mistérios, tanto em Malícia quanto na vida dos personagens. Leitura mais que recomendada para jovens e adultos.