Karol Rodrigues 22/03/2013
Texto postado orinalmente em: http://www.booksjournal.org/2013/03/klester-cavalcanti-o-jornalista-que.html.
Pode até parecer um assunto chato e causar comentários como "sim, mas eu moro no Brasil, o que eu tenho a ver com a guerra da Síria?". Tenho que confessar que eu pensava assim. Na verdade, eu nem ao menos me interessava em saber o que acontecia na Síria, como, por quê e desde quando o país estava em conflito. Sei que para muitos, o assunto vai continuar sendo chato, mas para quem curte aquela velha aula de história, vale a pena ler esse texto.
Semana passada, o jornalista Klester Cavalcanti, recifense de 43 anos, veio a nossa faculdade dar uma palestra sobre jornalismo internacional e aproveitar a ocasião para contar o que ele passou na Síria, quando foi ao país para fazer uma reportagem especial da guerra para a revista IstoÉ. Nunca, nenhum jornalista brasileiro havia se atrevido a ir até a cidade de Homs, pricipal centro do conflito entre os chamados "rebeldes" (Exército Livre da Síria) e o governo sírio. Os jornalistas que foram, não voltaram vivos. Bom, para Klester a situação foi bem diferente.
Ele passou por dificuldades para entrar na cidade central do conflito e, principalmente sofreu ainda mais para sair do país. Ele chegou na cidade, finalmente depois de ter passado por poucas e boas pelos postos policiais, e no mesmo dia foi preso pelo governo sírio. Passou seis dias na prisão (sem saber o porquê de estar preso) e lá dentro fez grandes e verdadeiros amigos. A história de Klester rendeu não só uma matéria especial para a revista, como um livro de quase 300 páginas. A obra é realmente emocionante e nos ensina a querer entender os conflitos que acontecem todos os dias em países onde a população não tem liberdade e vivem sob as regras de um ditador. Nesse caso, de Bashar Al-Assad.
Dias de Inferno na Síria conta tudo isso e um pouco mais. A Síria, que já está em guerra há quase dois anos, passa por um momento difícil e de pura destruição. Só no último mês, mais 153.476 sírios procuraram refúgio nos países vizinhos para conseguir fugir das explosões diarias de bombas e dos tiros de metralhadora dos civis. Segundo a ONU, já foram mortos mais de 70 mil pessoas nos conflitos. A história é triste e revoltante. Vale a pena ler e conhecer a angústia desse povo que tanto sofre. É interessante notar o contraste que encontramos entre o Brasil e os países em guerra. Vale ressaltar que, em nenhum momento, Klester deixou a narração chata e massante, muito pelo contrário. A história flui tão bem que eu li em um final de semana.
Para entender melhor o conflito
O G1 (http://g1.globo.com/pernambuco/vestibular-e-educacao/noticia/2012/11/aula-explica-guerra-na-siria-mais-longa-e-violenta-da-primavera-arabe.html) publicou uma matéria muito legal, explicando tudo que ocasionou os conflitos na Síria e a revolta dos rebeldes. Há um vídeo com infográficos e um texto bem detalhado da história da Síria. Além da relação com outros países, os conflitos foram gerados, principalmente pela vontade do povo de parar de ser governado por um ditador.