Eugénie Grandet

Eugénie Grandet Honoré de Balzac




Resenhas - Eugénie Grandet


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Clio0 20/05/2022

Eugénie Grandet é um mais um dos grandes retratos da alma humana que Honoré de Balzac se tornou famoso por fazer. Nessa obra, a jovem Eugénie é uma jovem criada de forma humilde, acostumada a não se importar com a luxo e os títulos que a França pós-revolução tentava desfrutar.

Os pretendentes a sua volta estão apenas interessados em sua riqueza, não havendo basicamente alusões a sensualidade e as paixões no início da história. A mudança só ocorre com a chegada de seu primo Charles que mais tarde também se revelará outro escravo do dinheiro.

O termo é exatamente aplicado. Não há suavidade ou alívio para os comportamentos descritos pelo autor, especialmente em relação a Félix, pai de Eugénie, um avarento que regula o uso de velas, se recusa a reformar a casa e tantas outras pequenas mesquinharias que tornam seu caráter o mais emblemático por suas próprias peculiaridades. Para o leitor brazuca, é sedutor imaginá-lo como um Seu Nono francês.

Assim, embora a trama tenha todas as características de uma tragédia, vários de seus momentos puxam para o cômico, arrancam risos. Talvez propositalmente já que a crítica e o ridículo andam juntos.

Recomendo.
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Thamiris.Treigher 30/03/2023

Avareza × inocência
Eugénie Grandet é filha de Félix Grandet, um rico comerciante de vinhos, que possui uma fortuna imensa, mas que é extremamente avarento. Tudo é milimetricamente contado e economizado: a comida, a vela, a lenha, as moedas. A casa da família Grandet precisa urgentemente de reparos e reformas, mas para o Sr. Grandet é muito mais importante ter o dinheiro guardado. Para ele, o valor de sua fortuna vem antes mesmo das suas relações familiares. Sua avareza chega a ser repugnante (e às vezes cômica).

Ambientado em uma pequena província francesa, por volta de 1830, o livro nos apresenta a história da família Grandet, que tem uma vida pacata, tediosa e quase monástica, imposta por Félix Grandet. Apesar de muito bem escondida, sua fortuna é conhecida por todos na cidade de Saumur, e cobiçada por duas grandes famílias, Cruchot e des Grassins, que disputam a mão e o dote Eugénie, a única herdeira de seus pais.

Eugénie, ao contrário de seu pai, não dá valor ao dinheiro e não dá a mínima para essa disputa. Ela é uma moça simples, de coração bom, puro, e ingênuo -- até demais. A vida pacata da família e da cidade muda com a misteriosa chegada de Charles, sobrinho do velho Grandet, vindo de Paris, que foi enviado pelo próprio pai diante do fracasso mortal em seus negócios. Charles é quem desperta o mais puro interesse de Eugénie.

Acompanhamos então toda a trajetória dos protagonistas, por meio da mestria de Balzac, que retrata os costumes, os atores e os espaços da vida provinciana francesa. A leitura é fluida, envolvente e cativante.

"Eugénie Grandet" é o primeiro grande romance de Honoré de Balzac, escrito em 1833, "num dos raros momentos felizes de sua vida", e, de acordo com muitos, também sua obra-prima.

Amei e super recomendo! ??
Carolina.Gomes 11/04/2023minha estante
Q lindo!


Thamiris.Treigher 12/04/2023minha estante
É um excelente livro, Carol. E a leitura é muito agradável ?




jota 29/09/2021

ÓTIMO: Balzac em grande forma narra os infortúnios da filha de um avarento apaixonada pelo próprio primo, que não merecia seu amor
Lido entre 23 e 29/09/2021. Avaliação da leitura: 4,5/5,0

O francês Honoré de Balzac (1799-1850), ou simplesmente Balzac, dispensa maiores apresentações. Quem nunca o leu deveria fazer isso com urgência e quando tiver em mãos uma de suas obras mais conhecidas, por exemplo, Ilusões Perdidas, vai ficar convencido de estar frente a um dos maiores romancistas de todos os tempos.

Mas também pode começar por Eugénie Grandet, história romântica não muito longa e bastante interessante. O livro está muito bem resumido pela sinopse da L&PM presente aqui no Skoob, então basta dizer que EG é uma moça inocente e sonhadora, apaixonada pelo primo Charles, que no fundo não a merecia. É totalmente controlada pelo pai, o avarento senhor Grandet, que por sua sovinice se torna um dos personagens mais curiosos de Balzac e da literatura francesa, rivalizando com o Harpagon de Moliére (da peça O Avarento).

Por seu comportamento avaro o sr. Grandet se torna igualmente cômico e dá a essa história momentos hilariantes. Destaque também para a bondosa sra. Grandet, mãe de Eugénie, e Nanon, a empregada da famíliaa, que era muito mais do que uma simples serviçal. Ótimo livro, recomendo.
cid 29/09/2021minha estante
Fiquei com vontade de reler EG depois de ler a sua resenha. Muito boa resenha.


jota 29/09/2021minha estante
Obrigado. Balzac é um clássico mesmo, desses de ler e reler sempre. Pois eu tenho vontade de reler Ilusões Perdidas, lido há mais de uma década.


cid 29/09/2021minha estante
Tanto para ler e reler. Mas, faltam tantos livros para conhecer que acabamos não relendo.


jota 29/09/2021minha estante
Exato. E o tempo passando... Ou, como dizia Nietzsche, o tempo é eterno, não passa nunca, nós é que vamos passando por ele. Não tem jeito.


cid 30/09/2021minha estante
Vou agendar algumas leituras para outubro. Queria reler "Crime e Castigo" mas não li "Guerra e Paz" então vou tentar ler primeiro os que desconheço. Mas, lembro de ter lido que o importante é a releitura. Mas e o tempo?


jota 30/09/2021minha estante
Bem, se estamos relendo significa que gostamos de um livro, que ele nos disse algo, mas se deixamos de ler os novos podemos estar perdendo alguma coisa interessante também. É um dilema...


cid 30/09/2021minha estante
Outro dia encontrei um livro que havia lido e feito anotações . O livro era Horizonte Perdido que havia lido na juventude e fiquei admirada com minhas opiniões . A releitura nos fala sobre como mudamos. Desculpe ter tomado tanto o seu tempo. Divaguei muito.


Paulo Sousa 30/09/2021minha estante
Olha as coincidências: estou lendo A duquesa de Langeais, tb do Balzac?hehehe


jota 30/09/2021minha estante
Paulo, Balzac é tudo de bom!


Jacy.Antunes 01/10/2021minha estante
Li vários volumes da Comédia Humana em 2020. Recomendo Pai Goriot, as Ilusões Perdidas, O Lírio do Vale, Eugenia Grandet e Úrsula Minoret


jota 01/10/2021minha estante
Pai Goriot é muito bom, de fato, assim como Ilusões Perdidas e Eugenie Grandet. Os outros não li, mas certamente qualquer livro de Balzac pode agradar, sem dúvida.


Paulo Sousa 01/10/2021minha estante
Li Ilusões Perdidas ano passado. Ah, que livro! Mas ainda não a continuação, Esplendores e misérias das cortesãs ?


jota 01/10/2021minha estante
Paulo, achei Esplendores... muito bom, mas não tanto quanto Ilusões Perdidas, meu favorito de Balzac há tempos.


Marta Skoober 03/10/2021minha estante
Gosto muito de Eugenie, mas o meu preferido ainda é: Primo Pons, seguido de Ascensão e Queda de Cesar Berateaux.


jota 03/10/2021minha estante
Marta: vou anotar seus preferidos e os de Jacy para futuras leituras de Balzac.


Jacy.Antunes 04/10/2021minha estante
Estou à procura dos dois Primos pobres de Balzac Bete e Pons. Só encontro em sebos com preços estratosféricos.


jota 04/10/2021minha estante
Verdade. Estão absurdamente caros.


Marta Skoober 07/10/2021minha estante
Jacy: que tal sugerir à L&PM a publicação dos titulos. Eles são super acessíveis. E poder ajudar fazendo o mesmo.

Jota: A prima Bete é um dos favoritos de uma amiga que é fã de Balzac. Está na pilha aguardando o momento certo.


Marta Skoober 07/10/2021minha estante
Jacy: que tal sugerir à L&PM a publicação dos titulos. Eles são super acessíveis. E poder ajudar fazendo o mesmo.

Jota: A prima Bete é um dos favoritos de uma amiga que é fã de Balzac. Está na pilha aguardando o momento certo.


Jacy.Antunes 07/10/2021minha estante
Boa ideia .




Adriana Naves 04/03/2023

Muito interessante
Gostei muito do livro. Acho que o sr. Grandet é o melhor personagem. É uma história tão natural que poderia ser vista em qualquer lugar, a única coisa difícil de acreditar e na fortuna dos Grandet, mas é interessante como aqui não temos grandes atos de heroísmo e honra, personagens que superam todas as dores com grande dignidade ou coragem. O que temos aqui são pessoas comuns vivendo como podem, tendo qualidades e defeitos presentes e tantos outros de sua espécie.
P.s: eu nunca teria a bondade da Eugénie, eu deixaria ele se ferrar, e ainda fazia questão de ir a Paris só pra espezinhar ele kkkkkk
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abibliotecadamica 01/05/2024

Excelente.
Escrito em 1833 e publicado pela primeira vez no semanário L'Europe littéraire, com o título de 'Eugénie Grandet, histoire de province', esse é um dos primeiros e mais famosos romances da Comédia Humana, de Balzac.
A narrativa nos apresenta a família Grandet, humilhada pela avareza do patriarca Felix, pai de Eugénie. A família vive em uma velha e gelada casa, privada de todo o conforto material, onde tudo é miseravelmente contado e poupado: a comida, a vela, a lenha, as moedas, visto que Felix prefere apenas acumular seu dinheiro.
A rotina dos Grandet, porém, é abalada pela chegada de Charles, um primo de Eugénie vindo de Paris, enviado pelo próprio pai diante do fracasso em seus negócios, mas que não se desvincula de seu passado de esplendor e riqueza.
A partir da chegada do primo inicia-se então o despertar emocional da moça provinciana, instigado por seu amor puro e quase infantil pelo primo, o que a coloca em conflito direto com seu pai. Apesar da evolução da personagem e do desenvolvimento de seu caráter, de maneira bastante positiva, é impossível não sentir comiseração por Eugénie. Uma pobre moça, tão sonhadora e honrada, em uma sociedade na qual a posição social e o desespero pela riqueza atropelam todos os mais nobres sentimentos. Aliás, o amor e o dinheiro, temas tão vastos na literatura, se enfrentam grandiosamente nessa obra, nos lembrando que nessa batalha a obsessão por riqueza e títulos sempre é vencedora. Leitura adorável e muito recomendada.
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Diego Rodrigues 08/02/2024

"Esta é a história de uma mulher que, no meio do mundo, não pertence a ele"
Publicado originalmente em 1833, "Eugénie Grandet" é um dos primeiros romances da chamada "Comédia Humana", como é conhecida grande parte da obra balzaquiana. A trama se desenvolve em Saumur, uma cidadezinha do interior onde vivem os Grandet. O patriarca da família é um vinhateiro avarento que rege a casa com ares de despotismo, condenando sua esposa e filha à uma vida próxima da miséria, enquanto enche os próprios bolsos de ouro. Mas numa cidade pequena é difícil esconder segredos e o povo de Saumur desconfia de sua riqueza. Por isso, a mão de sua filha Eugênie é muito cobiçada, especialmente pelos Cruchot e os des Grassins, duas famílias rivais. Ambos os pretendentes tentam cair nas graças do velho Grandet, mas esse "teatrinho" logo é perturbado pela chegada de um novo personagem: um primo dos Grandet, vindo de Paris. A chegada do jovem com ares de Don Juan altera drasticamente a rotina da casa e também o coração da pobre Eugênie.

Tem início então todo o drama e sofrimento típicos dos romances do século XIX. Mas essa não é uma história de amor. Balzac vai muito mais fundo e destrincha o ser humano em seu âmago, para assim melhor analisá-lo. O contraste entre capital e província que a obra evidencia rende um fiel retrato do que era a França pós-napoleônica. A vida conjugal e o papel da mulher na sociedade do século XIX também vêm à tona. Com pinceladas de humor, Balzac ridiculariza as hipocrisias das convenções sociais e a rigidez dos costumes e políticas daquela época. Aqui, o homem e suas motivações sãos postos a nu e dissecados pelo autor, observador arguto do comportamento humano e da sua relação com o meio em que vive.

Importante mencionar que o primeiro terço do livro não faz jus ao que vem pela frente e pode soar um pouco monótono, com descrições um tanto enfadonhas. Mas isso parece ser proposital, pois com a chegada do primo do exterior é que a trama realmente começa a se desenrolar e a leitura passa a fluir de forma esplêndida. A chegada do primo não só acaba com o marasmo do interior, como também muda o tom da narrativa. A ironia de Balzac é um show à parte e deixa suas críticas ainda mais afiadas, além de bem-humoradas. A obra também é dotada daquele poder dos clássicos: o de se manter atual; pois muitas de suas críticas, principalmente aquelas relacionadas ao dinheiro e a influência deste nas relações políticas e pessoais, permanecem atuais, tornando os Grandet e aqueles que o cercam facilmente reconhecíveis no meio em que vivemos.

"Eugênie Grandet" é considerada uma das obras-primas do autor. Não li tanto Balzac assim para poder opinar com propriedade, mas li "Ilusões Perdidas" e achei anos luz à frente deste aqui, embora poucos anos separem uma publicação da outra. Se você já leu Dickens, vai parecer que está lendo um romance dele. Não por acaso o escritor vitoriano tem em Balzac uma de suas principais influências. É um livro que ajudou a moldar as bases do realismo que tomaria de assalto o século XIX. Logo, se trata de uma obra de suma importância, principalmente pra quem gosta desse tipo de literatura. É um livro que pode não ser perfeito, como apontado pelo próprio autor no epílogo desta edição, mas é aquilo, ler Balzac é sempre um prazer! Quanto à edição da UNESP, segue o padrão da coleção "Clássicos da Literatura" e conta com tradução de Fernando Santos, prefácio e epílogo redigidos pelo próprio autor.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Giovanavski 04/06/2024

Recomendo muito esse livro, um romance comum, com pessoas que poderiam ser seus vizinhos de tão atual. Filha de um milionário avarento e de uma mãe alheia aos negócios do marido, Eugénie é uma boa alma, que acaba se apaixonando pelo primo falido.
É um ótimo livro de Balzac, você torce para que tudo acabe bem para mocinha e tem acesso de raiva ao pai muquirana.
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rosangela 22/04/2013

Eugénia Grandet – Balzac
Uma narrativa simples, mas que retrata, fielmente, a escalada individualista de um plebeu que nada mais consegue ver e valorizar, além do brilho enriquecedor do ouro, das moedas que tilintam em seu ouvido, diariamente, até a sua morte. Assim é o pai de Eugénia, senhor Grandet, um ambicioso e inescrupuloso homem que coloca a ascensão social e financeira acima de sua própria família, a filha única Eugénie, sua esposa e Nanom uma criada que participa dos meticulosos gestos mesquinhos de seu senhor.

Senhor Grandet, um avaro homem que recebe uma trágica carta de suicídio de seu irmão que estava em concordata e que não podendo mais criar o filho Carlos, envia-o para que possa cuidar-lhe e isto, é um pesadelo para alguém que pouco se importou com o desespero do irmão mas que se preparou rapidamente para despachar o sobrinho para as Índias.

Porém, Balzac consegue criar um clima totalmente inovador na vida das três mulheres levando até elas um parisiense carregado de novidades, um primo que nem suspeita que naquele momento seu pai já teria cometido suicídio. Carlos traz tanta novidade e vaidade e roupas e acessórios decorados em ouro jamais visto pelas damas. Foi uma parte da narrativa que mostra a realidade oposta, totalmente morta diante das luzes de Paris.

Toda narrativa mostra que a maior preocupação de Balzac é retratar, fotografar as mais fortes diferenças e comportamentos sociais, além de priorizar o individualismo fanático, opressor, obcecado do senhor Grandet pela sede de aumentar mais e mais suas riquezas, a ponto de racionar de tudo até mesmo na alimentação que sempre contava tudo que havia.

A trama, com a chegada de Carlos, quebra toda monotonia e desperta em Eugénia sentimentos jamais acesos em seu coração, o que a faz querer agradar o primo, sucedendo-se que esta passa a querer gastar, a fazer pratos diferentes, a colocar uma vela no quarto do primo, enfim, mudanças que senhor Grandet percebe e faz de tudo para enviar Carlos para as Índias.

Carlos ao saber da falência e suicídio do pai, chora dias, causando nas senhoras verdadeira compaixão e amor, mais ainda quando numa noite, cuidadosamente – seria a morte se seu pai descobrisse – Eugénia invade o quarto de Carlos que estava adormecido e lê algumas cartas em que pede a um amigo para vender seus pertences e pagar todas suas dívidas, já que irá tentar a vida nas Índias. Eugénia, então, dá a Carlos as moedas que seu lhe dá todo o ano, mas que sempre todo ano precisa tocar e ver que ela nada gastou. Aliás, quando Grandet consegue fechar negócios vantajosos com a ajuda de Cruchot ( Uma das duas famílias que anseiam conseguir casamento com Eugénia) sempre dá dinheiro para a esposa, que mais tarde sempre pede de volta, quando precisa, na realidade mais é para saber que ela não gastou.

Grandet é o personagem mais interessante, pelos detalhes rigorosos e reais que Balzac emoldura em cada cena com cada tipo personagens. Grandet é um anti-herói que não enxerga meios, só avista o fim desejado e sempre alcança com seu trabalho e também com sua astúcia e recursos, ás vezes, nada honestos. Enriquece de uma forma tão individualista que nem a família desconfia da riqueza que constrói.

É um romance realista que fotografa a sociedade parisiense e a mesquinha forma de adentrar dentro dela através da riqueza e títulos. Mostra tudo que se faz para obter um lugarzinho na sociedade. Até mesmo Carlos, após anos nas Índias fica como Grandet, um avaro, um individualista que busca riquezas e posição social, levando-o a endurecer o coração e esquecer o amor que jurou a Eugénia. E quando volta, casa com a filha da nobre família Des Grassin apenas para ganhar um título e ter uma vida estável e reconhecida.

Enquanto isso, Eugénia perde pai e mãe e se torna também uma mulher que busca aumentar a fortuna do pai – de modo menos rígido – e quando fica sabendo do casamento do primo também se casa com o amigo do pai , mas fica viúva rápido, descobrindo que seu marido não era um homem honesto como pensava.

Enfim, é um romance simples mas Balzac possui uma descrição minuciosa e uma autenticidade da época, da sociedade, do comportamento humano que faz enriquecer por demais cada página lida. Mesmo com tão poucos personagens, sem um envolvimento maior do casal de primos, sem tramas, Balzac nos faz viajar em dois mundos opostos, um mundo de ambição e um mundo de ingenuidade. Um mundo de simplicidade e um de astúcia e jogos de poder. Mostra o endurecimento da alma diante das ascensões materiais. Mostra que a morte é realmente aquele final que chega para todos e que não há como levar nada dos bens materiais – morte

OBSERVAÇÃO PESSOAL: (postado após os dois comentários abaixo)
Após leituras e analogias ao estudar o Realismo - Movimento Literário - descobri que Eça de Queirós era bem melhor ao analogar Dom Casmurro com O Primo Basílio e que Balzac com Eugénia Grandet era melhor que os dois JUNTOS ao narrarem a mesma história. E fiquei muito feliz ao comprovar o meu desgosto por Machado de Assis, sobre o qual fui OBRIGADA na escola a estudar e ler TODAS as suas obras... Balzac é o original...Outros, apenas plágios da mente que mente. Como Sidarta de Hesse plagiado por Paulo Coelho em O Alquimista.
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Marcos606 23/10/2023

A história de uma jovem cujo pai rico, mas mesquinho, tenta arranjar o casamento financeiramente mais vantajoso para ela quando ela se apaixona por seu primo pobre. Felix Grandet é a personificação do poder do dinheiro. Balzac mostra as consequências do amor humano ao dinheiro a partir do exemplo de seu personagem e de sua história de vida. Por um lado, vemos uma atitude cuidadosa e econômica em relação às coisas, por outro, uma restrição irracional de si e de sua família ao essencial.

O pai Grandet aprecia não o poder e as oportunidades que o dinheiro pode oferecer, mas o próprio dinheiro. Ele adora tudo o que está relacionado com ele - ganhos, aumentos, investimentos de capital em um ou outro empreendimento, armazenamento, movimentação, admiração (como é o caso das moedas de ouro, que ele dá à filha Eugênia em todos os aniversários) e até mesmo a consciência de a existência do próprio dinheiro.

Felix Grandet vê dinheiro nas pessoas, e pessoas no dinheiro: as moedas de ouro vivem e fervilham, como as pessoas: vão, venham, suem e aumentem. Em uma conversa com Charles, sente compaixão não pelo fato de o sobrinho ter perdido o pai, mas pelo fato de ter perdido a fortuna.

Eugenie Grandet poderia ser chamada exatamente o oposto de seu pai, se não houvesse um "mas": ela herdou dele seu principal traço de caráter - a teimosia interior. Personagens movidos por sua paixão interior primária – o amor de Eugenie e a avareza de Grandet; o velho mesquinho está disposto a sacrificar o bem da filha amorosa por algumas placas extras de ouro.

Em particular, Balzac está preocupado com a forma como a sua sociedade se tornou grosseiramente materialista, abandonando códigos de honra e concentrando-se inteiramente na acumulação de riqueza.
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Wilton 15/07/2013

Obra magistral
O livro apresenta características românticas e realista. Por exemplo: o amor incondicional, a valorização da natureza são próprios do romantismo. Já, o determinismo é marcantemente realista. Vejamos: Eugénie, apesar de suas características românticas, tornou-se avara e calculista como o pai.
Balzac escreveu um romance bem linear, sem clímax. Poderia ser uma obra monótona, mas não foi graças à genialidade do escritor que movimentou as personagens como peças de um jogo de xadrez, todos com uma função determinada (novamente o determinismo).
O estilo simples para a época, a presença de fina ironia (haja a vista, Grandet, na sua extrema unção, tentar apossar-se do crucifixo do padre)e outros recursos fazem do livro uma leitura inesquecível.
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Sibele Brito 08/07/2020

Minha filha que indicou esse belo romance de Balzac.
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Gabriel 20/02/2012

Descrição da sociedade parisiense
E. Grandet é o primeiro livro que leio de Balzac. Na edição da editora L&PM consta uma resenha rápida, concisa do livro, mas, ao meu ver há contradições. No decorrer do livro vemos um ótimo e indelével parecer da sociedade parisiense provinciana, com seus costumes, dizeres e relações entre o povo de Saumur e Paris. O tão amor da Srta. Grandet na contracapa do livro parece ser um daqueles inquestionáveis e vívidos. Ao meu ver, o amor da mesma é um tanto reprimido, envergonhado. Não há nada de um amor que realmente luta para sobreviver as disavenças do mundo criado no cosmos de sua casa. A personagem é muito carismática com aqueles que querem machucar seus sentimentos, realizações e ambições. Os personagens mais marcantes, ou melhor, o mais marcante, é Nanon, uma mulher que se infiltra na casa dos Grandet como um bebê, um bebê que se torna afável e parte da família. O que mais me chamou atenção realmente foi a carga cultural do livro com os afazeres, costumes e objetos usados, frisando o cotidiano. Vale a leitura.
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liza.ana 24/06/2023

De longe um dos melhores romances que já li, traz uma riqueza de detalhes imprecionante e que te envolve na história. Você sente junto com os personagens e tem uma visão de vida muito verdadeira.
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ClaudiaOSimoes 08/10/2012

O personagem mais egoísta de sempre
Foi no romance de Balzac que conheci o personagem mais egoísta de sempre, o Sr. Grandet. Ele é um homem muito rico e bastante forreta. Prefere viver em condições precárias que gastar um tostão da sua fortuna. Tem uma filha, a menina Eugénia, que está na idade de se casar. Pretendentes não lhe faltam. Na noite do seu aniversário, o seu primo Carlos aparece e tudo muda para esta família.

Adorei este romance, não tem partes chatas, a escrita de Balzac é sem dúvida muito boa. Os personagens são marcantes e o final surpreendente. Vale muito a pena.
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ismaelmarquesdias 28/06/2024

Relações familiares
No livro Balzac cria o maio avarento da literatura Ocidental, Felix Grandet, o bom Grandet.

O ávaro burguês introduz na sociedade francesa do século 18 a superação do deus Cristão antropomórfico como o centro e objetivo da vida. Assim, coloca no lugar a devoção ao lucro como o deus de sua existência.

E, a despeito de sua fortuna inigualável, vive e submete sua esposa, sua única filha (Eugenie Grandet) e sua única empregada doméstica (Nanon) a um regime de miséria, racionando até mesmo a lenha em período de frio intenso que faz sua esposa sucumbir à doença.

Assim, após a morte do ávaro e de sua esposa:

"Aos trinta anos, Eugénie ainda não conhecia nenhuma das felicidades da vida. Sua infância pálida e triste transcor- rera ao pé de uma mãe cujo coração, ignorado e espezinhado, sempre sofrera. Ao deixar a vida com alegria, aquela mãe lastimou a filha por ter de viver, deixando-lhe na alma ligeiros remorsos e eternas saudades. O primeiro e único amor de Eugénie era-lhe motivo de melancolia. Depois de entrever o bem-amado durante alguns dias, entregara a ele o coração entre dois beijos furtivamente dados e recebidos; depois ele partira, pondo um mundo inteiro entre os dois. Aquele amor, amaldiçoado pelo pai, quase lhe custara a mãe e só lhe dava dores misturadas a débeis esperanças. Assim, até aque- le momento, ela correra em direção à felicidade, perdendo forças, sem as recobrar. Na vida espiritual, assim como na física, há uma aspiração e uma expiração: a alma precisa absorver os sentimentos de outra alma, assimilá-los para devolvê-los mais ricos. Sem esse belo fenômeno humano, não há vida no coração; falta-lhe ar, ele sofre e perece. Eugénie começava a sofrer. Para ela, a fortuna não era poder nem consolo; ela só podia existir pelo amor, pela religião, pela fé no futuro."
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