Um Piano Para Cavalos Altos

Um Piano Para Cavalos Altos Sandro William Junqueira




Resenhas - Um Piano Para Cavalos Altos


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Barbara.Teodoro 25/03/2023

Metáforas para cavalos altos
Um piano para cavalos altos não é um livro fácil de ser lido. É cheio de passagens extremamente impactantes. Em capítulos curtos, o autor isolou histórias com personagens sem nomes mas com indicações partindo de suas características físicas que tornou tudo muito original (e um pouco aberto a cancelamentos no mundo atual), e, como uma colcha de retalhos, traçou as histórias dentro de uma cidadela cercada por muros altos sob a dinâmica de um governo totalitário (que me lembrou um pouco o livro 1984 em detalhes muito sutis). Gostei muito da experiência, embora tenha sentido falta de me sentir conectada aos personagens (infelizmente, são muito rasos para que nós pudéssemos nos sentir envolvidos com eles).
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LetAcia.Franck 03/01/2023

[PASSAGENS BOAS, HISTÓRIA RUIM]
marquei diversas passagens que me fizeram refletir sobre várias coisas. a história, no entanto, não prende e não consegui me apegar a nenhum personagem. razoável.
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AnaPah42 29/03/2020

Confuso
Um daqueles livros que fala de todos os personagens mas no final não fala de ninguém.
Final decepcionante.
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Lusia.Nicolino 09/01/2020

Como colorir zonas cinzentas
Normalmente não gosto da classificação “distopia” para a literatura. Tudo cabe nas histórias e, para mim, tudo pode ser real.
Cemitérios ocupam espaço: crematório. Ordem é preciso: militares e zonas separadas por cores e perfil dos habitantes. Para a fome, empadas. Para a virtuose, um menino amarrado ao piano.
Descubra quem são os personagens principais de cada tópico listado, mas vá sem medo de encontrar os lobos da floresta porque estão cercados pelo grande muro.
Um Piano para Cavalos Altos não é para qualquer leitor, mas, Junqueira nos convida a conhecer a história da Ruiva e do Diretor, da prostituta anã, do poder exercido e do poder aceito. Aceito? Administrado pelo medo e pelo desejo o enredo nos faz refletir: poderia ser aqui? Em que zona habitaríamos? Tente descobrir.

Quote: “O tempo e a dor não são cordiais; são insolentes. Quando se encontram na cabeça ou na carne dos homens, não costumam olhar-se nos olhos, nem sequer dar as mãos para um passou-bem."

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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Ju 01/05/2014

A história na verdade são vários recortes que formam um mosaico de breves narrativas, em que os personagens vão sendo apresentados e como é a vida numa cidade cercada por um Muro que protege as pessoas da violência e dos animais selvagens de fora, como os temidos lobos. A história centra em vários personagens, não há um principal, e eles não têm nomes, são identificados como a Ruiva, o Diretor, o Ministro Calvo, a Criada, o Mensageiro, o Operário, a Prostituta Anã etc.
Um fato curioso e também assustador é que a base econômica dessa cidade é a fábrica de empadas. Porém no mesmo local da fábrica funciona também o crematório onde as pessoas mortas são incineradas, porque não há cemitério, justamente por causa do Muro que limitou o território. Enfim, no começo não é uma leitura muito fácil por causa desses recortes que a história tem, mas depois que se está acostumada a leitura flui. Gostei muito do livro, vou ler outros dessa mesma coleção.
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Diego 07/03/2014

Um Piano Para Cavalos Altos em um universo de metáforas
Não é de hoje que me declaro fã da coleção Novíssimos, da Editora LeYa. Basta ver a resenha de No Meu Peito Não Cabem Pássaros para saber o quanto esses livros são interessantes. Resolvi me aventurar por essas edições e confesso que não me arrependo de nada. Um Piano Para Cavalos Altos, de Sandro William Junqueira traz consigo uma história que pode despertar diversos pontos de vista. Cada olhar, cada leitura, ou até mesmo releitura, pode ter algo diferente, detalhes escondidos nas entrelinhas que vão dar mais sentido com o passar do tempo e a bagagem que adquirimos. Se você, como eu, curte conhecer novas literaturas aqui está sua chance de entrar num mundo cheio de autores fantásticos com histórias de encher os olhos.

"O gesto com mais denuncia a vulnerabilidade e o afecto entre duas pessoas é o beijo ilusionista. Não a fornicação. Por isso, as prostitutas não beijam. Um beijo sincero pode quebrar feitiços, levantar mortos. Pois ali convergem a música dos lábios, e o desfibrilador das salivas, o tinir das línguas; e a união dá-se; o privado revela-se. Tudo o que escondemos vem-nos à boca."

Importe começar a resenha e escrever que o livro não é dos mais fáceis. A narrativa de Junqueira é densa, rica em detalhes importantes e muito, mais muito, cheia de metáforas. Os textos floreados estão presentes na maioria das obras de autores portugueses. Pra mim isso é encantador, mas sempre há um porém. Alguns leitores não gostam desse tipo de narrativa, preferem algo direto ao ponto. Se você é assim, meu amigo, tire Um Piano Para Cavalos Altos da sua lista de leitura, pois a principal característica aqui é o uso metafórico da língua e cheio de poesia.

"A música não é apenas, como muitos julgam, mera organização matemática de sons. Ou: que bonito!, ou: que horror! A música também é medicamento: pode a eficácia inata de um poderoso ansiolítico, ou guardar fortes propriedades vitamínicas. Daí alterar estados de ânimo, compassos cardíacos. Pois, tal como uma arma de grande calibre quando empunhada, um violoncelo, um saxofone, derrubam, imobilizam, silenciam, amolecem, colocam lágrimas onde antes não as tínhamos."

O livro nos conta a história de uma cidade rodeada por muros altos para proteger a população de animais selvagens, os lobos. O Governo do local é extremamente opressor, entretanto a comunidade que vive ali parece não se importar com as regras impostas e aceitam tudo numa boa ~vai entender?~ No decorrer das páginas você percebe o olhar de cada pessoa em relação àquela cidade. Um ponto bem bacana do livro, e que até então eu não havia visto em outras obras, é o desuso de nomes nos personagens, como por exemplo, a Criada, o Gato, o Mensageiro, a Prostituta Anã ~minha preferida~ e o Médico Loiro. Em nenhum momento é revelada a identidade deles, e ficamos apenas na imaginação. Isso faz com que a história se torne única para cada leitor.

Tudo começa na verdade quando o corpo de um militar é encontrado estraçalhado fora dos muros. Um Mensageiro prevê acontecimentos trágicos e tudo começa a se perder. Depois disso somos direcionados ao ponto de vista de cada um. Isso faz com que em alguns momentos você fique confuso, mas depois todas as informações se encaixam de alguma forma. Os capítulos são curtos, com bastante diálogo, ou seja, uma leitura rápida, porém cuidadosa. Um dos momentos que me chamou atenção foi quando a mãe, chamada de a Ruiva, amarra as mãos do Filho ao piano. É bem chocante a maneira como ela quer disciplinar a criança, afinal o garoto passava vários períodos sem poder fechar as mãos. Enquanto isso a técnica do menino ao piano era aperfeiçoada. Desconfortável!

"Um mundo sem muros, sem cortinas não é credível. Porque não há mundo sem medos. Os muros, as cortinas, são arquitetura do medo. E o medo somos nós. Reconhece o Diretor."

Sandro William Junqueira nos faz refletir em vários pontos em Um Piano Para Cavalos Altos. A aceitação das regras impostas tanto pela sociedade, quanto pelo Governo, os preconceitos, o sexo, a disciplina, a vida privada e o que nós podemos fazer. Uma revolução? Fica no ar! :)


site: http://aculpaedovisconde.blogspot.com.br/2014/03/um-piano-para-cavalos-altos-em-um.html
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Gabriel 03/11/2013

O que será que ocorre no momento seguinte?
UM PIANO PARA CAVALOS ALTOS foi publicado aqui no Brasil pela editora Leya na coleção denominada Novíssimos, cuja proposta é trazer um pouco da produção literária de escritores jovens e modernos portugueses. Até agora foram publicados 10 livros por essa coleção, sendo este o segundo que li. O primeiro foi o genial e sensacional PARA CIMA E NÃO PARA O NORTE, de Patrícia Portela, e pelos comentários entusiastas no skoob e em canais literários no YouTube, além da ótima experiência com o livro de Portela, confiei na curadoria da coleção e fui impelido a ler este aqui.
Escrito em capítulos curtos, com orações que evitam a subordinação na maior parte do tempo, ainda que em outros momentos, principalmente nos discursos do Ministro Calvo (as melhores partes da obra, a meu ver, apesar de serem as mais politicamente incorretas - falarei mais a respeito adiante), tal recurso seja aplicado e a prosa se torne mais bem desenvolvida (por mais que esse tipo de percepção seja explicitamente subjetivo). Os diálogos não são marcados por travessões ou aspas, o que confere um dinamismo interessante, numa técnica que remete bastante a de José Saramago. Contudo, o desenvolvimento dos diálogos são pobres, propositalmente mal desenvolvidos, buscando retratar a pobreza da comunicação cotidiana em que as pessoas não sabem mais expressar suas emoções, não sabem direcionar objetivamente uma conversa. Uma entrevista do lendário psiquiatra russo Alexander Bukhanovsky ilustra mais ou menos o que o autor quis passar:

“Como um psiquiatra eu posso ver claramente dois problemas da sociedade russa: a degradação e o enfraquecimento mental. Aos poucos, a empatia e o desejo de compreender o outro emocionalmente estão desaparecendo. Costumo brincar fazendo uma analogia com os últimos anos da guerra. Nasci em 1944 e me lembro da minha mãe trazendo desabrigados para casa, alimentando-os com sopa. Minha avó ajudava cozinhando. Quem hoje poderia fazer o mesmo?”

Para quem se interessar, neste site tem uma mini biografia e uma entrevista com este ser humano admirável que foi Bukhanovsky, e que vale a pena ser lida: http://oaprendizverde.com.br/2013/06/24/alexander-bukhanovsky-lenda-da-psiquiatria-morre-na-russia/

Por falar em degradação, é assim que os personagens são: degradados. Inominados, são designados de acordo com suas características físicas ou seu status social, e estas características físicas são em geral imperfeições: Ministro Calvo (embora a calvície não seja uma imperfeição - será que foi um preconceito do William ou uma proposital excessão à regra?), verdugo Olho de Vidro, Militar Coxo, Prostituta Anã (prestar atenção no discurso da puta e da santa, que é muito bom), etc. Se a denominação não é degradante, as situações são: o Médico Loiro está mais para um dono de salão de beleza, o Diretor sofre de cálculo renal (e sua vontade de urinar são as partes mais as partes mais engraçadas do livro), o Mensageiro, que é um verruguento, mas de mãos honestas, o Operário, que descobrindo sua sexualidade gay, trás algumas das páginas mais toscas que já li em minha vida, e a mulher do Diretor, a Ruiva, cujo tratamento médico salienta que o Médico Loiro crê mais em crendices populares que na ciência (embora as justificativas do Médico sejam inteiramente verossímeis, o que é um ponto positivo para o livro). Essas imperfeições são o motivo de riso do livro, e podemos fazer analogia ao teatro grego de comédia, cuja graça estava exatamente nas imperfeições físicas, eram elas os motivos de riso e deboche da platéia, e em nosso caso, leitores.
O que se percebe desse livro, portanto, é uma verdadeira tragicomédia não definida. A história se passa num ambiente imaginário, em que foi construído um país opressor e tirânico que separam as pessoas pelo status social (e as justificativas do Ministro Calvo para essa segregação parecem os discursos de Hitler, cheios de frases de efeito, que ludibriaram os alemães a aderirem sem receio a uma política separatista, autocrática e psicopata, tudo por causa de um sentimento de dignidade) através de um Muro (poderíamos designá-lo como mais um personagem, apesar de inanimado?). A força da economia local, por sua vez, é movida por uma indústria macabra. Nesse ambiente, uma revolta está crescendo no seio das massas populares, prestes a florescer numa revolução.
Em relação ao surgimento de uma revolta, o mecanismo do livro foi muito bom, pois não sabemos exatamente o que é que está sendo planejado, não sabemos o papel de cada um dos personagens no processo, e isso cria um bom suspense. Mas o final só vai ser frustrante ou espetacular dependendo do ponto de vista de cada um.
Mas, e a tragicomédia não definida? Bem, o livro é tragicômico pelo simples motivo de que conta, através de atos absurdos cometidos por personagens propositalmente ridículos e caricatos, uma história que é trágica, e cujo futuro só nos resta especular. Assim é a vida. Se hoje acontecesse uma revolução, o que será que acontecerá amanhã? Quando o Czarismo russo foi deposto, se falava em igualdade, mas quem é que sabia que o Porco Napoleão (alusão minha A Revolução dos Bichos, de George Orwell) ludibriaria seus iguais (o quão importante e perigoso é a publicidade e o marketing se usados para fins indevidos, por exemplo, a CocaCola) para subir ao poder? O futuro é imprevisível. Nunca saberemos o que vem a seguir.
Um personagem emblemático é o Filho, que trás um sentido de esperança a essa sociedade abestalhada que somos. Queiramos ser crianças.
Ainda assim, é um livro desconexo, alguns personagens não têm utilidade alguma para a história, apesar de objetivar não ter um protagonista definido, uns personagens prevalecem sobre o outro, o que é um problema, a meu ver. Enfim, é um bom livro, sim, mas ainda assim é um tanto pretensioso. Trás boas reflexões, mas jamais alcançam a maestria que poderia ter, e que com certeza era pretendida. Mas, não sabemos do futuro e Sandro William Junqueira tem tudo pra se tornar um grande escritor. Pelo menos ele gosta de temas ambiciosos.
Enquanto isso, seguimos com as nossas vidas tragicômicas de cada dia.

Para conhecer outras resenhas minhas, acesse: http://oquadropintadodecinzas.blogspot.com.br/
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She 18/08/2013

O poder do controle e universalidade de temas
Um Piano para Cavalos Altos - Sandro William Junqueira

No final de maio assisti a um vídeo-resenha da Tatiana Feltrin do canal Little Things com uma ótima crítica a respeito deste livro, e em uma dessas idas a livraria não resisti e o adquiri para mim, acabei por lê-lo em meados de junho, e devo dizer que não poderia ter escolhido melhor hora para este livro, em meio aos protestos, levantes do povo, demonstrações públicas de insatisfação e revolta quanto ao presente governo. Senti a realidade mesclando-se com a fixação criada por Junqueira, por meio de sua linguagem universal, eu nos vi refletidos como personagens de sua história, que de tão absurda se assemelhava com a nossa, abordando uma temática já tão visitada em outras épocas e por outros autores - o poder do controle.
"Um piano para cavalos altos" é uma distopia cheia de metáforas, densa e, que a princípio pode soar estranha a muitos. Por vezes me senti desconcertada com a forma como o autor nos apresenta os eventos, com a atmosfera em que se desenrola a trama, com os personagens nomeados com base em suas funções, ou características principais – o Ministro Calvo, o Diretor, o Mensageiro, a Criada, a Prostituta Anã, o Militar Coxo, o Médico Loiro.
A história se passa em uma pequena cidade cercada por muros cinzentos, que supostamente protegem os habitantes da floresta que a circunda, na qual habitam “lobos”, na trama estes representam o mal e, aparentemente estão ligados ao Grande Desastre que abateu a cidade em tempos passados, tal evento posteriormente justificou a implantação de um governo totalitário e a construção dos muros, mas pouco é falado sobre o mesmo na trama.
Trata-se de uma cidade rigidamente dividida por zonas, caracterizados por cores distintas que representam as pessoas de diferentes classes sociais que as habitam. A estruturação dessa sociedade está baseada nessa segregação de classes e no controle, por meio do medo, da censura e da violência. Tudo é legislado, os pensamentos são ocultados, a palavra é calada, os movimentos monitorados, a comida é limitada, a circulação é restrita. Encontramos ainda na cidade uma Fábrica, onde são cremados os mortos e são produzidas empadas (essa referência me fez lembrar do musical "Barbeiro demoníaco da rua Fleet" ). Aliás, a fábrica constitui a maior fonte de renda da cidade e, é nela que trabalha boa parte dos habitantes da Zona Castanha, composta pela parcela mais pobre da população.
O governante é ilustrado pela figura do Ministro Calvo, além desse, vários outros personagens representam as ramificações do poder governamental, destacam-se os seus ditados e o discurso feito ao partido, uma das melhores partes de livro, e talvez o que torne o livro tão fantástico!!
O livro é cheio de situações absurdas, como a mãe que amarra o filho ao piano para que ele possa se aperfeiçoar ao máximo, e cenas fortes, como a mulher que se deixa estuprar para que o filho pequeno possa ser salvo. No decorrer da história, o autor constrói uma teia de acontecimentos interligados, cujo objetivo só nos é revelado momentos antes do fim, mas qual é o fim dessa trama, o que acontece logo a seguir? O autor deixa isto em aberto, expresso em um enorme ponto de interrogação, atirando o leitor a um emaranhado de dúvidas, hipóteses e interpretações, no melhor estilo “você decide”.
Enfim, livro altamente recomendável, valeu cada centavo investido e cada minuto de leitura!!
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Ana Carolina 04/08/2013

Resenha originalmente publicada no blog Palavra Sonhada
Um piano para cavalos altos faz parte da coleção de literatura portuguesa Novíssimos e já começa a ser inovador com o título. A narrativa, a organização, os personagens e o enredo tem todos características singulares.
A história se passa em lugar e tempo indeterminado, apresentando uma sociedade dominada por um governo autoritário. Para manter o poder, o governo abusa do medo e da organização. O foco, no entanto, não é esse lugar, e sim a influência que exerce na vida dos personagens.
O livro é organizado em pequenos capítulos, de uma ou duas páginas, em média. Cada um deles contém histórias quase que independentes, seguindo uma linearidade. Os personagens não tem nomes próprios, são tratados por suas posições sociais e características físicas.
Um piano para cavalos altos é um livro para sair do comum e explorar um novo tipo de leitura.

site: http://palavrasonhada.blogspot.com.br/2013/08/um-piano-para-cavalos-altos-sandro.html
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