Vitoria.Milliole 07/02/2023
Sempre gostei de sonetos, são a estrutura poética que mais me fascina. Já é bem difícil escrever um poema bem rimado, ritmado e coerente em versos livres. Numa estrutura tão fechada como o soneto, acho que o desafio é ainda maior: você precisa dizer o que quer dizer seguindo o padrão que o texto pede, precisa rimar as palavras certas sem perder o sentido. Acho que por isso me encantam tanto.
Apesar disso, e talvez por isso, acho que faltou profundidade nos poemas selecionados nesse livro. Ou talvez seja porque a maioria fala sobre sentimentos românticos ou de afeto do poeta, ou mesmo de coisas frívolas, e eu gosto mais dos textos que falam sobre a vida, sobre as dores e sobre as montanhas-russas.
Fato é que os sonetos de Vinicius de Moraes, ao menos a maioria dos contidos nesse livro em específico, são mais recitáveis do que profundos, e recitá-los, na verdade, torna ainda mais clara a falta de profundidade. As rimas são boas, a escolha de palavras é inteligente, é quase impossível não ler cada um em voz alta só pra ouvir como soam em voz alta (e soam muito bem). Mas, ao fazer isso, você também percebe que essas palavras bonitas raramente dizem alguma coisa.
Na minha experiência, os poemas Poética I e II fizeram valer toda a leitura. Os demais... bom, não é que eu preferia não ter lido, mas ter lido também não me acrescentou em nada.