Nessa Gagliardi 23/06/2010Há um quê na poesia de Vinicius de Moraes que ultrapassa qualquer tipo de cisma que tenha eu por esse tipo de escrita.
É impossível não se emocionar com os poemas dele. Já tinha lido esse livro há algum tempo e, quando me deparei com ele na loja de novo, tive que comprar.
Alguns sonetos merecem destaque. Alguns eu já conhecia, como "Soneto da Separação" (p. 15) e "Soneto de Fidelidade" (p. 31). Outros, foram para mim uma deliciosa descoberta: "Soneto a Quatro Mãos" (p.82), "Soneto de Véspera" (p. 25), "Soneto do Amor Maior" (p. 17) e, principalmente, "O Verbo no Infinito", que reproduzo abaixo:
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
Lindíssimo!