Di3gao 10/01/2024
Contemplando a insignificância
Solaris é considerado um grande livro de ficção científica por explorar o universo que o autor criou detalhadamente e se utilizando de muitos termos cientificos. Mas acima de tudo, deve ser também considerado um livro filosófico.
Primeiramente, quero começar dizendo que fui ler esse livro com uma expectativa e ele foi totalmente diferente do que eu esperava, o que pode ter impactado negativamente na minha experiência de leitura. Em contra partida, ler Solaris na praia de frente ao mar foi algo que deixou a leitura muito imersiva e fascinante.
O enredo já abre jogando o leitor no meio da história e não sente que precisa fornecer contextos ou explicações, o que torna o começo do livro bem confuso mas também intrigante por nos deixar curiosos atrás de resposta. Em geral, o enredo sempre se manteve atrativo e fluído, o mistério paira na atmosfera e prende o leitor, as longas descrições muito científicas acerca do planeta não são cansativas e sim muito interessantes pela sua complexidade, a escrita é envolvente e o protagonista evoluiu no final de sua jornada. Entretanto, os eventos demoraram muito para acontecer e são repetitivos, o final foi muito corrido, muitos tópicos tiveram um desenvolvimento precário, deixou muitas pontas soltas e a narrativa foi mal explorada; ela tinha uma proposta excelente que se perdeu porque o autor focou mais em abordar as partes científicas, precisava de um equilíbrio entre elas.
Diante disso, Solaris se demonstra como um ótimo livro dentro da ficção científica, mas não podemos esquecer seu lado filosófico. A obra levantou reflexões filosóficas muito intrigantes acerca da nossa insignificância diante da grandiosidade do universo, os motivos que levam o ser humano a desejarem explorar o universo mesmo sem conhecerem de fato a si mesmo e o seu redor e discute os sentimentos de solidão e perca. Esses questionamentos me fizeram refletir bastante e são condizentes com a narrativa, pois a jornada que o protagonista passa não é para encontrar um ítem mágico ou combater alienígenas como de costume em ficções científicas, mas sim uma jornada interna, isso é, ele precisa aprender a lidar com seus próprios pensamentos e paranoias que esse tempo de reclusão no espaço causam nele.
Portanto, Solaris me ganhou muito na proposta, mas decepcionou bastante porque não atingiu o potencial que tinha. Ele se mantém relevante até os dias de hoje, a filosofia dele é interessante e serve como uma ótima ficção científica. Recomendo!