Paulo1844 22/05/2024
Cogito, ergo sum
Ao ler "Discurso do Método" de René Descartes, senti-me convidado a mergulhar nas profundezas do pensamento racional. Publicado em 1637, este tratado não é apenas uma exposição de ideias, mas uma jornada pessoal que Descartes compartilha conosco, uma jornada que marca um ponto de inflexão na filosofia e na ciência moderna.
Eu me vi acompanhando Descartes em sua meditação sobre a dúvida. Ele propõe que tudo deve ser questionado, que nada pode ser aceito sem uma análise profunda e rigorosa. Sua famosa máxima "Cogito, ergo sum" - "Penso, logo existo" - ecoa em minha mente como uma revelação, uma âncora em meio a um mar de incertezas, afirmando a existência do eu pensante como a primeira verdade indubitável.
À medida que avanço pela obra, sou guiado pelos quatro preceitos fundamentais que ele delineia: aceitar como verdadeiro apenas o que é indubitável, dividir as dificuldades em partes menores, conduzir os pensamentos de maneira ordenada, e revisar exaustivamente para garantir que nada foi omitido. Esses passos, simples e claros, desenham diante de mim um caminho rumo à clareza e à precisão, onde minha mente, livre de preconceitos e ilusões, pode aspirar ao conhecimento puro.
Descartes, com seu estilo elegante e direto, me conduz por uma paisagem intelectual onde a razão é soberana. Ele defende o uso da matemática como a linguagem universal do conhecimento, promovendo uma abordagem metodológica que percebo ter revolucionado não apenas a ciência e a filosofia, mas a maneira como nós, seres pensantes, buscamos entender o mundo ao nosso redor.
Ao notar que Descartes escreveu sua obra em francês, em vez do latim predominante na época, sinto a sua intenção de alcançar não apenas os estudiosos, mas também o espírito curioso de qualquer pessoa disposta a seguir essa jornada de descoberta. É uma obra que me inspira a questionar, a buscar e a nunca aceitar a superficialidade do conhecimento. "Discurso do Método" é, para mim, uma carta aberta de Descartes ao espírito humano, uma carta que nos convida a pensar profundamente e a explorar as verdades mais fundamentais de nossa existência.