Aline 12/02/2012
O DISCURSO DO MÉTODO COMO REGRA SOCIAL
René Descartes nasceu em La Haye en Tauraine na França no ano de 1596 e morreu em Estocolmo em 1650, era um filósofo, matemático e físico. Seu estudo contribuiu para a área de filosofia e da ciência, mas também, destacou-se na área da matemática unindo a álgebra e a geometria. Entre suas obras encontra-se: Regra para a direção do espírito (1628), Geometria (1637) e o Discurso do método (1637). Esta última é a que estará no estudo em questão.
O Discurso do Método é um tratado sobre filosofia e foi publicado em 1637 na França, é um livro que possui a estrutura dividida em seis partes. Trata-se do método tomado por Descartes para discutir sobre as direções que o espírito do homem deve tomar em relação a sua existência. A primeira parte, intitulada para bem dirigir a própria razão e buscar a verdade nas ciências, trata da razão ou bom senso está ligado diretamente ao poder da escolha, ou seja, a sabedoria de julgar o que é verdadeiro ou falso cabe a todos os homens de igual razão. A diversidade é dada pela racionalidade de conduzir os pensamentos por diferentes caminhos, pois o que importa é a aplicação do bom espírito as coisas essenciais. A segunda parte destina-se as principais regras sugeridas por ele para a prática científica. O autor cita uma cadeia de razões, nas quais alguns cientistas costumam servir-se para chegar as suas conclusões, neste sentido é feita uma abordagem em relação as leis adotadas por ele, a primeira consistia em não aceitar como verdadeira nenhuma coisa que não conhecesse evidentemente, o próximo passo estava na análise da totalidade das coisas, o terceiro preocupava-se em conduzir o pensamento numa ordem, em que o estudo dos objetos mais simples eram os primeiros a serem analisados e só gradativamente o estudo tomaria uma proporção mais complexa. A próxima sugestão de Descartes está ligada a algumas das justificativas do método. A formação de uma moral provisória é essencial na ociosidade das ações, por isso este processo tem que se constituir em três desejos que possam garantir o conhecimento. São atitudes que consiste em obedecer às leis e os costumes do país, em ser firme e resoluto nas ações e procurar sempre vencer a si próprio de seu destino. Para tal efeito, é sugerido um longo período de meditação, pois estas são atitudes que implica numa nova educação existencial. A quarta parte do livro faz menção às provas da existência de Deus e da alma humana como fundamentos da metafísica. Segundo Descartes, tudo que em nós existe provém de um ser perfeito e infinito, pois com base desse conhecimento, torna-se fácil saber que o sonho tem a mesma credibilidade de quando estamos acordados, mas só se deve procurar sua veracidade em um estado consciente, pois existem exceções para a imaginação do estado inconsciente. É postulado também, um método em relação à questão física que é relativa à medicina e sobre a alma, em que esta é alegada como independente do corpo, ela não morre com ele, neste sentido, subentende-se que a alma é imortal. Por ultima, mas não menos importante é nos apresentada a sexta parte da obra, é o momento que Descartes explica as razões que o levou a escrever o tratado e o que ele acredita ser essencial para o conhecimento, pois ele afirma que essa divulgação deu-se principalmente por certa prestação de contas para com o público e de fazer com que este também participasse de seus interesses, uma vez que, ele expressa necessitar do auxílio do próximo, porém isto era algo que o próprio não esperava retorno.
Em um estilo simples e direto o presente autor expõe suas ideias de forma concisa, diferente de alguns escritos filosóficos este possui uma particularidade para com o público, lembrando que, Descartes passou pela faculdade de Direito, ou seja, a um certo teor legislativo implícito, seu método consiste em regras a serem seguidas, em que o indivíduo para possuir um bem estar espiritual e intelectual precisa agir com bom senso e não esquecer a parte que o torna tão especial que é a ligação com o ser perfeito. Este é um caminho a seguir, porém não é o único. Descarte faz seu caminho de raciocínio baseado na subjetividade de algo supremo, no entanto, usa a racionalidade como resposta. Ora como ter algo racional das coisas abstratas? O que fica claro neste discurso é a aproximação das pessoas com as coisas divinas, pois estas tornariam as pessoas dependentes de regras e seguiriam uma moral imposta, ou seja, seria o caminho viável para o bom entendimento entre as pessoas na sociedade e entre o conhecimento. É um tipo de informação obtida através de uma experiência unitária, vemos relatados discursos de uma vida, que teve as suas particularidades e suas dificuldades, contudo poderiam se aplicar a uma experiência coletiva, recordando que, cada indivíduo enquanto ser social possui suas instabilidades emocionais, neste sentido, as aplicações dessas regras tomariam rumos diferentes, pois é esta diversidade que as torna particulares de cada um.
É um bom livro, a edição da editora Martin Claret nos traz um auxílio para o melhor entendimento da obra, nos dando assim uma melhor abrangência na construção de nossa própria interpretação. Indico para estudantes de ensino superior, abrangendo assim toda a academia e para professores que possui um maior contato com estudantes de ensino médio, é um ótimo livro para promover um debate em sala, desde quando o professor saiba conduzi-lo.