Paulo Silas 27/10/2019Na primeira parte de "Crônica de um Amor Louco: ereções, ejaculações e exibicionismos" - reunião de contos de Bukowski -, o que se tem é o "velho safado" em plena forma e a todo vapor. Inspirado numa realidade própria - dura, nua crua -, a escrita do autor carrega aqui tudo aquilo que o escritor representa, tornando-o notório justamente por conta desse seu estilo característico. O leitor tem contato nessa obra, portanto, com relatos viscerais e sujos, da imundície humana, do fétido, do marginal, do intragável, do vil, enfim, de um outro lado da coisa toda, de subgrupos, de subclasses, de subumanos... Enfim, de tudo aquilo que está sempre presente na escrita de Bukowski.
O livro reúne uma série de contos que se situam naquele mesmo cenário típico da escrita de Bukowski. São histórias sujas, por assim dizer, nas quais imperam o sexo, a bebida e o não se importar. O desagradável se faz presente em vários contos, principalmente naqueles mais pesados que chocam - estupro e necrofilia, por exemplo -, causando um reboliço até naqueles habituados com a leitura do autor. É preciso estômago, portanto. Como é também do estilo de Bukowski, tudo isso é narrado de forma direta, comum, habitual, sem rodeios - daí o nu e cru do qual se diz da escrita de Bukowski.
Em que pese se mantenha o estilo característico do autor, não se observa aqui a grandiosidade da qual faz jus. As histórias são típicas, mas também não se sobressaem para além do comum. Não que sejam ruins, mas está longe de poder se considerar umas das melhoras obras ou fases de Bukowski. Um livro bom, mediano, portanto, que agradará os leitores habituais do "velho safado", mas que talvez não consiga arrebatar o leitor de primeira viagem a ponto de prosseguir com outros escritos do autor. De todo modo, vale a leitura, pois, como dito, o livro é Bukowski puro!