Lizzy 04/06/2014
“Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma” (Cora Coralina)
Lendo essa frase, percebi que ela se encaixa perfeitamente nesse livro. Uma história maravilhosa, que fala sobre o amor, sobre o valor da amizade, da confiança, de primeiras vezes, do prazer de encontrar a felicidade após tanto sofrimento. Ainda estou extasiada, alegre por ter tido a oportunidade de ler algo tocante, cheio de lições de vida, e que ao fim me trouxe um sorriso no rosto e a certeza de que essa leitura será guardada com carinho em minha memória.
Will Parker e Elly Dinsmore são pessoas solitárias, profundamente magoadas pela vida, pelas perdas que tiveram, e por tudo aquilo que lhes foi negado. Eles são tão reais, humanos, frágeis e fortes ao mesmo tempo. Um dos casais mais lindos que eu tive a oportunidade de encontrar em minhas leituras.
Will é um ex-presidiário, cujo crime teve por objetivo defender a vida de um amigo. Mas o preço foi alto, cinco anos de sua vida, e uma mácula em sua memória, em seu nome. Cresceu sem família, em lares adotivos, e muito jovem saiu pelo mundo, trabalhando em qualquer coisa, nunca foi verdadeiro amado, e nunca soube o que era ser valorizado, desejado, querido por alguém. Elly cresceu presa em um lar de fanáticos hipócritas, uma “filha do pecado” como dizia seu avó, e o preço foi a perda da sua liberdade e a sanidade de sua mãe. A pequena cidade em que morava a considerava louca e a desprezou. Assim, quando todos os seus familiares estavam mortos, casou com o único amigo que teve, porém ele morreu deixando-a grávida com dois filhos menores.
Mas o destino quis unir Will e Elly. E o modo como tudo acontece é encantador. Uma união de conveniência, ela precisava de um marido e ele de um lar. A relação que se estabelece é de descobertas, que evolui gradativamente da simpatia para a descoberta da paixão, do desejo sexual, do primeiro amor. Uma mulher que se achava pouco atrativa para um homem viril e atraente, um homem com um passado maculado que nunca teve uma família. Juntos eles se tornaram inseparáveis. Compartilham descobertas, planos, os filhos, os pequenos cuidados um com o outro e reergueram suas autoestimas. A relação de Will com as crianças é comovente. O romance é mágico, o primeiro toque, o primeiro beijo, a primeira vez...Esforcei-me por conter as lágrimas...Não foi necessário ler cenas explícitas para sentir o coração acelerado, os sentimentos que os protagonistas exalam a cada linha...
Nem mesmo a guerra, um dos momentos mais emocionantes do livro, e uma nova acusação de homicídio contra Will conseguiram separar essas almas gêmeas. Paralelamente, nos encantamos pela inabalável amizade da senhorita Beasley, a bibliotecária, e pelo respeito e proteção que o casal recebe dos moradores da cidade, tudo isso conquistado pelo reflexo do amor verdadeiro, não há como explicar de outra forma. Como refletiu a própria Elly, tentar explicar o amor é como tentar explicar o canto de um pássaro...Muito lindo!!! Recomendo imensamente.