Mayara 22/05/2017
Uma espécie de panteísta-sem-religião-com-afinidades-budistas
As religiões do mundo são um assunto que sempre me despertou muita curiosidade. Entretanto, ninguém nunca me disse ?Mayara, vamos conversar. Vou te ensinar quais são as principais religiões existentes, quais são os seus princípios e crenças e você vai escolher qual te agrada mais?. Ninguém nunca foi ensinado, na verdade. Nós meramente refletimos o meio que nascemos: eu nasci numa cultura imersa no catolicismo, então eu sou católica, certo? Errado. Quer dizer, eu passei metade da minha vida frequentando uma igreja católica e passei por todos os ritos da instituição (batismo, 1ª eucaristia, crisma etc), mas sempre soube, lá no meu coração, que eu não era católica.
O único jeito que eu aprendi tudo o que sei até hoje foi através da leitura, então resolvi que estava mais do que na hora de ler sobre as religiões. Achei um livro escrito por autores renomados, dentre eles o autor de O mundo de Sofia (Jostein Gaarder), da maravilhosa editora Companhia das Letras, e me aventurei. ?O livro das religiões? é o resultado de uma pesquisa minuciosa e objetiva para quem realmente está atrás de informações nuas e cruas, desvinculadas de um viés ideológico. E os assuntos são ricamente vastos, desde o quadro geral (as diferenças entre religiões ocidentais e orientais, por exemplo) até tópicos extremamente particulares, como quais são as restrições alimentares dos judeus ou se a comparação Bíblia/Corão e Jesus/Maomé é adequada.
Sabe aquele clichê ?conhecimento é poder?? Agora eu sei que é verdade. Conhecimento é poder e libertação. Eu não preciso mais curvar a cabeça e dizer que sou católica pra evitar uma discussão. Não preciso hesitar e corar quando me perguntam se acredito em Deus, só porque não acredito no Deus da vertente monoteísta, da vertente ocidental, da vertente da maioria. Esse não é um texto sobre as minhas crenças e opiniões, mas eu acredito no Deus da vertente panteísta. E dentre todas as religiões que conheci, tenho mais afinidade com o budismo (por motivos que me exigiriam um texto completamente independente para explicar). Mas afinal de contas, o que eu sou então? Eu não sou nada. Não há nenhum tipo de religião que eu abrace 100%, e eu simplesmente não abraço causas e princípios pela metade. Eu não preciso ser nada, quem quiser rótulos que vá ao supermercado. Mas ao mesmo tempo, eu sou tudo. Eu sou uma junção de fragmentos de crenças que jamais haviam sido colocados juntos, montando uma espécie de convicção completamente nova e completamente minha.
E eu só posso dizer o seguinte: LEIAM. Se existe algum assunto que te interessa e te intriga, simplesmente vá atrás de informações; nunca se sabe quando uma delas vai mudar a sua visão de mundo, a sua relação com os outros e consigo mesmo. Algumas características básicas minhas (vegetariana, feminista e uma espécie de panteísta-sem-religião-com-afinidades-budistas) são resultados de uma faísca de curiosidade que eu resolvi incendiar por iniciativa própria, e não há nada que uma faísca e uma mente aberta não possam alcançar. E fica a recomendação de ?O livro das religiões? para todos, de cristãos a hinduístas, de ateus a muçulmanos.