Beatriz B. 03/01/2015Sinta-se em uma série de TV.Vamos falar sobre esse livrinho que vocês provavelmente já viram qual é logo acima. Os Mistérios de Warthia é um livro de fantasia nacional. Vou explicar a história, primeiramente, pois como eu disse, esqueci como se faz esse negócio de resenhar, digamos que não é como andar de bicicleta ou empunhar uma espada... não que eu saiba fazer ambos). Certo, Serafine é nossa protagonista criada num vilarejo pequeno, (e com pessoas, aparentemente, com a mente de mesmo tamanho), chamado Vila do Sol. Ela está para fazer seus 18 anos e até agora sua vida resumi-se em ser pacata e sempre ter de esconder as estranhas marcas espelhadas pelo contos com as quais nasceu, com medo de que as pessoas a achem anormal. Medo sempre relembrado pelos seus pais adotivos, pois foi deixada na porta dos dois quando era recém-nascida. Seraphine cresceu sem nunca passar necessidades extremas, é bonita, bem amada pela família e amigos, até que um dia, (nesta resenha, vocês irão conhecer 2 fatos sobre a desgraça e a primeira é que ela é iminente e a segunda é que, iminentemente, é igual ao primeiro), durante a sua festa surpresa, ocorre um ataque feito por uma espécie de alcatéia de lobisomens, matando pessoas que Serafine ama e deixando um caos o lugar que considera seu lar. O pior sobre tudo? Serafine não pôde nem ao menos fazer algo a respeito, afinal, ela é só uma humana medíocre.
Durante a festa, um dos lobisomens estava misteriosamente procurando por Serafine, dizendo que havia planos reservados para a garota. Por sorte dois convidados estranhos para Serafina acabam por defendê-la e, surpreendentemente, partem em uma viagem com a personagem. Serafine descobre do pior modo que é a escolhia de profecia que existe há séculos. E se por um acaso a sensação de Déjà vu começou a aparecer depois desse início, não se espante. Ela me acompanhou durante o livro inteiro, MAS VAMOS TENTAR CUMPRIR O DESAFIO IMPOSSÍVEL DE SER IMPARCIAL ATÉ A HORA CERTA.
Essa viagem é o coração do livro. É onde Serafine conhece Jarek e Ývela, dois de seus futuros guardiões, descobre o significado de seus marcas e também percebe o quão grande e variado é o reino em que vive. O destino dessa jornada é chegar a uma espécie de "cidade sagrada" onde se encontram as pessoas que a orientaram a entender e cumprir a profecia proferida a tanto tempo. Mas claro muita coisa pode acontecer nesse meio tempo e, por que não, depois disso.
Well, well, vamos lá. O livro começou com um clima delicioso de série de aventura medieval. Parecia que a cada capítulo era um novo episódio. A escrita permanece fluída durante todo livro, e esse é seu maior ponto positivo. PORÉM, (sempre há porém's nessa vida, acostumem-se), conforme a história foi se desenvolvendo, você começa a prever os próximos acontecimentos muito facilmente, lê-se clichê. É a típica jornada do herói que nasceu predestinado a cumprir uma profecia X feita há muitos séculos, cujo mundo tem o aguardado pela mesma quantidade de tempo. Vocês já não viram isso antes? Outro ponto que me incomodou consideravelmente foi A Feiticeira, o antagonista da história. Afinal, se há uma profecia e um herói, tem que ter alguém para combater, certo? Certo.
Compreendo que será uma série de quatro volumes e por isso perdoou as pouquíssimas explicações sobre sua pessoa. Mas até agora, pelo que nos é apresentado, ela é aquele ser que há muito tempo atrás foi derrotado e agora quer se reerguer para tentar dominar o mundo e o encher de trevas. Tudo bem, "wow, que malvada", mas eu queria algo mais dimensional. Queria um vilão com motivos para fazer o mal que pretende fazer. Não apenas uma figura que nasceu genuinamente má. Mas enfim, isso é uma opinião particularmente minha, O problema é que senti essa falta de camadas na construção da maioria dos personagens. E, pela narrativa ser em terceira pessoa, não houve como ignorar e colocar a culpa na protagonista por "ainda estar conhecendo os personagens". SIM, REPITO, tudo bem que é o primeiro da série e ainda há muita história pela frente, mas EXATAMENTE por ser o primeiro, a autora deveria nos cativar com os personagens (com tudo na verdade, mas okay), para acender a vontade de ir até o fim.
Outro ponto que quero comentar é a falta de uma dinâmica mais enérgica durante as cenas que precisam desse detalhe. Tenhamos em mente que o livro é um Jovem Adulto, gênero fantástico de clima medieval. Essa é uma combinação que sugere o que? "ACOMPANHE ALTAS AVENTURAS COM ESSA TURMINHA DA PESADA". Bem, ao menos é assim soa na minha mente, e ponto. A autora se preocupa em nos fornecer uma certa riqueza de descrições de cenários, dos trajes dos personagens, expressões faciais e, fora a Serafine, qual o possível pensamento deles no momento, (o que deixa a dúvida do porquê escrita em terceira pessoa se não se aproveita de todas vantagens desse tipo de narrativa). Mas quando chega a hora dos diálogos e principalmente das cenas de ação, isso acaba sendo um pouco direto demais. A batalha das últimas páginas, por exemplo, foi uma decepção para mim. Não comentarei por motivos de spoilers, mas fiquem com o sentimento.
Sabem aquela mania desses livros que envolvem profecias e destino, os orientadores dos protagonistas nunca quererem contar NADA para eles, "porque ele entenderá quando a hora chegar"? Sim, irritante, mas super presente.
E como não falta na maioria dos livros, há o romance entre a protagonista e o homem-que-a-salva umas "poucas" vezes. Nada contra, mas houve momentos que revirei os olhos pela maneira típica com que tudo foi tratado. Aquela troca de olhares tímida, mas que faz a Serafina gastar um parágrafo comentando sobre como aquilo a fez corar, como ela nunca havia sentido isso antes... Não, por favor.
A diagramação é bem simples e eu adorei essa capa, os tons de verde e a cor amarelo alaranjado da ave conversam muito bem entre si. E os começos de capítulos são uma graça. Há alguns errinhos de revisão, mas nada grave.
Pois bem, mochileiros. Os Mistérios de Warthia é o primeiro livro da Denise (se não me engano) e acho que no geral ela fez sim um bom trabalho. Eu enxerguei muito potencial em sua escrita, que como já disse, possui uma fluidez muito boa e não há aqueles momentos em que o autor parece perdido ou em conflito quanto ao que focar. Não, ela se saiu muito bem nesse aspecto. Vou continuar com a série, pois quero conhecer mais da história de Ývela, uma das guardiãs e até agora minha personagem preferida, e do coelho guerreiro Guillian e claro, ver a evolução tanto da escrita quanto da história. Além do mais, a experiência de ler um livro nacional/não-traduzido, ou seja, as exatas palavras do autor é muito agradável e sou do time que luta para que os nossos escritores tenham seu lugar ampliado no mercado nacional, afinal, SOMOS BRASILEIROS, LUTE PELAS COISAS QUE VALEM A PENA NO PAÍS! (tantas outras coisas que poderia a falar a respeito, mas polpar-lhe-ei).
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