Esaú e Jacó - Memorial de Aires

Esaú e Jacó - Memorial de Aires Machado de Assis
Machado de Assis




Resenhas - Esaú e Jacó * Memorial de Aires


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Jéssica Moreira 07/09/2010

Cadê a versão pra TV, hein?
Esse livro tem um desenrolar que vai acompanhando a história do país de uma forma bem suave e tocante. Infelizmente o final não foi como imaginei, mas a história com certeza daria uma excelente minissérie da Globo. Nada contra a versão televisiva de "Dom Casmurro", mas acho que esse aqui teria muito mais história para contar do que aquele simples, porém belo, livro.


Aqui, o autor conversa com o leitor na medida em que os fatos vão decorrendo, o que deixa a leitura mais leve e até divertida. Também podemos notar algumas das pequenas ironias de Machado de Assis, das quais eu particularmente adoro.

"Se quer compor o livro, aqui tem a pena, aqui tem papel, aqui tem um admirador; mas, se quer ler somente, deixe-se estar quieta, vá de linha em linha; dou-lhe que boceje entre doutros capítulos, mas espere o resto, tenha confiança no relator destas aventuras."
comentários(0)comente



Natália Ranhel 28/06/2022

Na adolescência, quando ler Machado de Assis era leitura obrigatória, eu não gostava muito.
Agora, mais madura, consigo aproveitar bem mais a experiência. Mesmo se passando antes mesmo da república, os contextos das histórias nos fazem sentir uma vivência atual. Os diálogos são naturais e fluidos. Aqui estão duas histórias que poderiam ser o início do contato com Machado de Assis.
comentários(0)comente



regifreitas 04/12/2019

ESAÚ E JACÓ (1904), de Machado de Assis.

Penúltimo livro de Machado, traz no próprio título, de forma explícita, a referência intertextual com o texto bíblico: Esaú e Jacó, irmãos gêmeos, filhos de Isaque e Rebeca, já eram inimigos no ventre materno, antes mesmo de virem à luz (Gênesis, 25: 19-34). Da mesma forma, os gêmeos Pedro e Paulo, filhos de Santos e Natividade, levarão para o resto de suas vidas a rivalidade que os colocará sempre em campos opostos: um é conservador e monarquista, outro, progressista e republicano. E é justamente a passagem da monarquia para a república e a modificações pelas quais passa o país naquele momento, o período histórico que serve de pano de fundo para este romance.

Narrada pelo Conselheiro Aires, a obra apresenta um típico narrador machadiano: ele costuma se dirigir de forma cúmplice ao leitor, dedicando-lhe capítulos inteiros nos quais discorre sobre os meandros da escrita e da estória que está apresentando. Outra peculiaridade presente é o tom cínico e o humor, também característicos de Machado de. Assis, muito embora aqui eles surjam de forma mais pontual.

Certamente não é o melhor trabalho de Machado, mesmo assim, ainda é muito bom.

Para o Desafio Literature-se: intertextualidade.

--------------------------

MEMORIAL DE AIRES (1908).

O derradeiro romance de Machado traz novamente o Conselheiro Aires, o narrador da obra anterior, aqui não mais como expectador, mas como protagonista.

Aposentado do serviço diplomático, Aires, na forma de diário, narra o seu cotidiano, ao mesmo tempo que traça uma visão panorâmica da sociedade brasileira daquele final de século XIX.

Trata-se do sempre elegante texto machadiano, contudo, falta-lhe muito da mordacidade, das alfinetadas, que aparecem em outros trabalhos do autor.

Machado sempre foi um ótimo construtor de personagens, mais até do que criador de enredo elaborados. A personalidade do Conselheiro é muito interessante, já o enredo, absolutamente previsível, me incomodou um pouco.

Da dita fase realista do autor, é a obra que menos gostei até aqui.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Mareufq 09/04/2024

Pode ser, repito. Este desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma e dos queixos; mas ao tempo dá Deus habeas corpus.

A dor os fez amigos por instantes; é uma das vantagens dessa grande e nobre sensação. Já me não lembra quem afirmava, ao contrário, que um ódio comum é o que mais liga duas pessoas. Creio que sim, mas não descreio do meu postulado, por essa razão que uma coisa não tolhe a outra, e ambas podem ser verdadeiras.

-Não é a ocasião que faz o ladrão ? dizia ele a alguém -; o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: ?A ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito?.

Não era devota, mas o medo inspira devoção, e ela rezou consigo.

Enfim, que segredo há que não se descubra? Sagacidade, boa vontade, curiosidade, chama-lhe o que quiseres, há uma força que deita cá pra fora tudo o que as pessoas cuidam de esconder.
comentários(0)comente



Ana.Faria 01/05/2014

Um clássico explêndido
Se trata da história de dois irmãos gêmeos que nascem numa época em que o Brasil ainda era Império, porém as manifestações a favor da República já repercutiam. Um dos gêmeos é a favor da permanência da forma de governo vigente e o outro era a favor da proclamação da República. Assim, são rivais na área da política, como sempre foram rivais em outras áreas da vida, desde quando eram crianças. A rivalidade se intensifica quando os dois se apaixonam pela mesma moça. E ela se apaixona pelos dois, não conseguindo escolher para qual deles entregaria seu coração. Apesar de serem gêmeos idênticos na aparência, tinham personalidades muito diferentes, como se fossem duas versões de um mesmo homem. Ela não conseguiu se decidir. O título faz referência a uma história bíblica dos netos de Abraão, os filhos gêmeos de Isaque: Esaú e Jacó. A Bíblia conta que brigavam já desde o ventre da mãe e, ao que parece, disputaram entre si quase a vida inteira.
comentários(0)comente



Ingrid72 19/06/2020

D. Natividade, vai até o Morro do Castelo no Rio de Janeiro, junto com sua irmã Piedade, consultar a vidente Cabocla, para saber o futuro dos filhos gêmeos. O futuro deles seria bonito, mas que isso eram "cousas futuras", a Cabocla se interessou mais pela briga dos gêmeos travado no ventre da mãe. Era o ano de 1871, e o Brasil ainda era uma Monarquia; e apesar da suposta briga, D. Natividade segue feliz de saber do futuro brilhante dos filhos. Os gêmeos crescem, e a rivalidade entre eles também; discordam de tudo, causa de grande preocupação para a mãe. Nem mesmo o Conselheiro Aires consegue fazer com se tornem amigos. Seguem brigando pelas coisas mais simples, até as mais complexas, como na política: Pedro é Monarquista, e Paulo Republicano. Apaixonam-se até pela mesma garota: Flora, e embora não cheguem as vias de fato por causa dela, é motivo de rivalidade. Essa dualidade mostra os pensamentos sociais e políticos da época, e as mudanças que ocorreriam; inclusive narra-se o último baile da Monarquia, dias depois o Brasil torna-se uma República. Pode-se ver isso também em D. Natividade em contraposição com D. Claudia, mãe de Flora; a primeira uma tradicional mulher de sua época, dedicada aos filhos e família; e a segunda sempre interferindo na vida do marido, para que ele tenha uma posição no governo.Quanto ao título do livro, trata-se de uma passagem bíblica, assim como o nome dos personagens são os nomes de apóstolos que rivalizavam. Durante todo o livro, imagina-se ora um embate, ora uma reconciliação; que é o sonho de D. Natividade. Se o sonho se realizou? Só lendo o livro para assim saber sobre as "cousas futuras". De longe não é o meu livro preferido dele, apesar da escrita impecável, senti muita falta de mais participação dos gêmeos, que ao longo do livro vão sumindo, mas isso não foi o suficiente para me decepcionar e falar que não vale a pena a leitura. Já o Memorial de Aires trata-se do diário do Conselheiro Aires que inicia-se em janeiro de 1888, exatamente quando faz 1 ano da volta do Conselheiro para o Brasil, quando da aposentadoria da diplomacia; e termina em agosto de 1889. Aires vai comentando fatos corriqueiros da sua vida e de amigos, sempre colocando sua visão perspicaz. A maioria das narrativas se dará da relação que vai se estreitar entre ele e Aguiar e D. Carmo, e da viúva Fidélia, e mais tarde Tristão, afilhado do casal de idosos. Aliás, Aires aposta com sua irmã, Rita, que a viúva Fidélia se casará com ele, enquanto a irmã aposta que isso não vai acontecer, que Fidélia é daquelas que jamais se casará novamente. Como pano de fundo, Machado de Assis retrata a vida da sociedade daquela época, em especial da abolição dos escravos. Acredito, que a parte mais importante e interessante será o comentário de Aires, e daqueles que o cercam, sobre o que acham da abolição da escravatura. Sobre a aposta? Vale a pena ler para descobrir! Machado sempre vale a pena!
comentários(0)comente



Fernanda M. 11/12/2021

Um memorial
1ª Impressão


Memorial de Aires


Machado de Assis


Toda palavra dita representa o que sentimos e pensamos. E o bom uai dela pode decorrer em consequências: para quem escreve, mas principalmente, para quem lê.


Um homem a partir dos 60 anos, viajado e já acostumado com todos os aspectos "naturalmente" humanos, senta-se em sua mesa e vai descrever o que percebe do mundo de modo sagaz e com acidez peculiar.


Ele conta uma história: de autor para personagem. De jovens para idosos; da família tradicional, para um Brasil carona e ultrapassado.


O conselheiro, que atua tão fortemente na vida dos irmãos Esaú e Jacó, põe sua vestimenta de fofoqueiro oficial da corte (quase não mais corte) e transmite à nós - felizes - leitores, a decadência de uma "elegância pobre" de uma viuvez conveniente e uma mudança brusca de "ARES" para buscar no outro lado do mundo "souveniers" tupiniquins para enfim ocupar lugar na metrópole portuguesa.


Aires, grande Conselheiro, senti falta das ruas dicas sobre a vida e sobre a morte. Sobre os casamentos e a solteirice. Senti a ausência dos teus olhares reprovadores e dos seus aparecimentos deslumbrantes.


Parece que tu estavas cansado de dizer, e resolveu apenas assistir e relatar. Querido [Machado], digo, Aires, senti seu saudosismo em cada letra e percebi tua despedida sorrateira e cuidadosa.


Esteja em paz, teu caderno está bem guardado...
comentários(0)comente



8 encontrados | exibindo 1 a 8


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR