Ingrid72 19/06/2020
D. Natividade, vai até o Morro do Castelo no Rio de Janeiro, junto com sua irmã Piedade, consultar a vidente Cabocla, para saber o futuro dos filhos gêmeos. O futuro deles seria bonito, mas que isso eram "cousas futuras", a Cabocla se interessou mais pela briga dos gêmeos travado no ventre da mãe. Era o ano de 1871, e o Brasil ainda era uma Monarquia; e apesar da suposta briga, D. Natividade segue feliz de saber do futuro brilhante dos filhos. Os gêmeos crescem, e a rivalidade entre eles também; discordam de tudo, causa de grande preocupação para a mãe. Nem mesmo o Conselheiro Aires consegue fazer com se tornem amigos. Seguem brigando pelas coisas mais simples, até as mais complexas, como na política: Pedro é Monarquista, e Paulo Republicano. Apaixonam-se até pela mesma garota: Flora, e embora não cheguem as vias de fato por causa dela, é motivo de rivalidade. Essa dualidade mostra os pensamentos sociais e políticos da época, e as mudanças que ocorreriam; inclusive narra-se o último baile da Monarquia, dias depois o Brasil torna-se uma República. Pode-se ver isso também em D. Natividade em contraposição com D. Claudia, mãe de Flora; a primeira uma tradicional mulher de sua época, dedicada aos filhos e família; e a segunda sempre interferindo na vida do marido, para que ele tenha uma posição no governo.Quanto ao título do livro, trata-se de uma passagem bíblica, assim como o nome dos personagens são os nomes de apóstolos que rivalizavam. Durante todo o livro, imagina-se ora um embate, ora uma reconciliação; que é o sonho de D. Natividade. Se o sonho se realizou? Só lendo o livro para assim saber sobre as "cousas futuras". De longe não é o meu livro preferido dele, apesar da escrita impecável, senti muita falta de mais participação dos gêmeos, que ao longo do livro vão sumindo, mas isso não foi o suficiente para me decepcionar e falar que não vale a pena a leitura. Já o Memorial de Aires trata-se do diário do Conselheiro Aires que inicia-se em janeiro de 1888, exatamente quando faz 1 ano da volta do Conselheiro para o Brasil, quando da aposentadoria da diplomacia; e termina em agosto de 1889. Aires vai comentando fatos corriqueiros da sua vida e de amigos, sempre colocando sua visão perspicaz. A maioria das narrativas se dará da relação que vai se estreitar entre ele e Aguiar e D. Carmo, e da viúva Fidélia, e mais tarde Tristão, afilhado do casal de idosos. Aliás, Aires aposta com sua irmã, Rita, que a viúva Fidélia se casará com ele, enquanto a irmã aposta que isso não vai acontecer, que Fidélia é daquelas que jamais se casará novamente. Como pano de fundo, Machado de Assis retrata a vida da sociedade daquela época, em especial da abolição dos escravos. Acredito, que a parte mais importante e interessante será o comentário de Aires, e daqueles que o cercam, sobre o que acham da abolição da escravatura. Sobre a aposta? Vale a pena ler para descobrir! Machado sempre vale a pena!