Paty 20/07/2013Há livros que entram em nossa vida e nos trazem tanta coisa e nos diz tanto que ao tentar falar sobre ele tudo foge, mas não por falta de palavras, ao contrário, por haver muito o que dizer em tão pouco espaço. esse é o caso de Dois Irmãos, do brasileiro Milton Hatoum, que ganhei de presente de aniversário da minha irmã Bia.
A escrita do Hatoum me pegou de jeito, e enlaçou-me de forma a nunca mais me soltar! Ele tem uma escrita densa, de linguagem que não é poética mas transpira poesia em imagens e entrelinhas; é extremamente envolvente e nos faz mergulhar no prazer de uma literatura de primeira, daquelas que a gente lê e fica com medo de ler qualquer coisa depois, já que o risco de se decepcionar com o próximo lido é grande!
O romance é um intricado labirinto de acontecimentos e emoções!Tem como base, como o próprio título já diz, a história de dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, pertencentes a uma família de origem libanesa que vive na Manaus do início do século XX. Eles são extremamente opostos e desde a infância desenvolvem uma rivalidade que culmina num ódio violento e que, para tristeza de toda a família, atinge à todos.
O enredo é cíclico, e o autor costura, alinhava muito bem o tempo real e as reminiscências do narrador, cujo nome descobriremos ao final do romance, bem como o que vai sendo revelado e encoberto pela trama. O ponto de partida para a história, que logo de início nos fala da morte da de Zana, a matriarca da família, se dá efetivamente com a narração da vida e da história de amor entre Halim, um mascate libanês, que se apaixona por Zana, filha de outro libanês, dono de um restaurante. Uma história de amor intensa, fogosa e que não tinha muito de reservado.
Vi Halim e Zana de pernas para o ar, entregues a lambidas e beijos danados, cenas que eu via quando tinha dez, onze anos e que me divertiam e me assustavam, porque Halim soltava urros e gaitadas, e ela, Zana, com aquela cara de santa no café da manhã, era uma diaba na cama, um vulcão erotizado até o dedo mindinho.
Dessa união nascem, à contragosto de Halim, que não tinha a menor vontade de dividir o amor de sua mulher com ninguém, os gêmeos Yakub e Omar (o caçula, por ter nascido por último) e Rânia. depois que os filhos nascem, Halim se sente cada vez mais deixado de lado por Zana, pois está devota um amor quase obsessivo pelos filhos, principalmente por Omar, o caçula, por sua "frágil saúde". Já na infância ocorrem os primeiros conflitos entre os irmãos, e por volta dos 13 anos de idade a pior das brigas será provocada por um amor em comum. Omar, enciumado por sentir-se preterido, acaba atingindo o rosto de Yaqub com uma garrafa quebrada, deixando uma cicatriz que marcaria, para sempre, o ódio entre os irmãos.
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