Dois irmãos

Dois irmãos Milton Hatoum




Resenhas - Dois Irmãos


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Vanessa 27/08/2013

Denso
Abandonei o livro no comecinho. Achei bem chatinho. Resolvi retomá-lo tempos depois, disposta a ir até o fim. E valeu a pena.

O livro é duro, amargo, denso. A história não é linear, ela vai e volta. É a história da família de Zana e Halim, filhos de imigrantes libaneses que foram morar em Manaus, é a história do conflito entre seus filhos gêmeos Omar e Yaqub. Ao longo da leitura parece que vamos nos tornando íntimos da família e nos envolvendo mais a cada capítulo.
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Angelo Miranda 27/08/2013

Um drama emocionante
Todo ano quando a Câmara Brasileira do Livro divulga a lista dos ganhadores do Prêmio Jabuti, uma espécie de "Oscar" da literatura brasileira, com um lápis na mão e um caderninho ao lado, anoto, nas muitas categorias que me interessam, como o nome das obras, dos autores e das editoras ganhadoras.

Está claro que há muito tempo o Jabuti deixou de ser uma referência das obras que possuem qualidade ou não dentro da literatura brasileira, mas acredito que ele nos oferece um ponto de partida para termos contato com obras que possuem, no mínimo, uma boa qualidade literária.

Uma dessas obras que eu anotei lá atrás e somente agora tive tempo de lê-la, foi a obra "Dois Irmãos" (Ed. Companhia das Letras), do escritor amazonense Milton Hatoum, premiada com o Prêmio Jabuti de melhor romance em 2001.

O livro narra a história da família de Zana e Halim, filhos de imigrantes libaneses que foram, no início do século XX, morar em Manaus. Mas o que o livro foca não é somente a história do casal, mas sim a dos seus dois filhos gêmeos: Omar e Yaqub, com personalidades completamente diferentes e é isso que o autor vai explorar muito bem ao longo do livro. Por questão de segundos Yaqub nasceu primeiro do que Omar, ficando o último, com o título de Caçula e foi justamente esse o seu apelido.

A história é contada em primeira pessoa por um personagem que somente terá o seu nome revelado nos últimos capítulos. Ele, sendo filho de Domingas - uma índia que trabalhava como empregada na casa - acompanhou todos os acontecimentos que ocorreram na família, principalmente o conflito entre Yaqub, o filho estudioso e responsável e Omar, o mulherengo, aproveitador, bagunceiro e que gostava de festas e atividades ilícitas. Esse conflito, muito bem retratado pelo autor ao longo de doze capítulos, é que leva a decadência da família.

O autor não conta a história de forma linear, ele faz o uso de flashback, um diálogo com o presente e o passado. A linguagem usada é simples e acessível. Frases curtas imprimem no texto um ritmo intenso tornando a história dinâmica. Isso faz com que cada cena ocorra rapidamente sendo trocada logo em seguida por outra. Esse artifício deixa o leitor preso na narrativa na ansiedade dele verificar o que ocorrerá em seguida com um personagem ou como será o fim de uma situação.

O que me chamou a atenção foi o poder de descrição do autor. Há uma riqueza de detalhes em cada cena, que leva o leitor, enquanto lê, a criar em sua mente a imagem dos ambientes e situações tão bem descritas pelo autor. Pesquisando na internet, logo essas imagens sairão das cabeças dos leitores e estamparão a tela da televisão, pois a Rede Globo pretende transformar o livro de Hatoum numa minissérie, que contará com nada mais nada menos, com o ator Wagner Moura, interpretando um dos gêmeos.

Dois Irmãos é um drama que me emocionou do começo ao fim. É interessante lermos a história de uma família, desde a sua formação até a sua decadência. Acabamos por nos tornamos íntimos dos personagens. Analisamos os conflitos, refletimos sobre as escolhas de cada membro, comemoramos os sucessos obtidos e choramos as derrotas conquistadas. Somente um livro bem escrito como esse tem guarda o poder de nos tornarmos membros de uma família que não é a nossa.
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Paty 20/07/2013

Há livros que entram em nossa vida e nos trazem tanta coisa e nos diz tanto que ao tentar falar sobre ele tudo foge, mas não por falta de palavras, ao contrário, por haver muito o que dizer em tão pouco espaço. esse é o caso de Dois Irmãos, do brasileiro Milton Hatoum, que ganhei de presente de aniversário da minha irmã Bia.

A escrita do Hatoum me pegou de jeito, e enlaçou-me de forma a nunca mais me soltar! Ele tem uma escrita densa, de linguagem que não é poética mas transpira poesia em imagens e entrelinhas; é extremamente envolvente e nos faz mergulhar no prazer de uma literatura de primeira, daquelas que a gente lê e fica com medo de ler qualquer coisa depois, já que o risco de se decepcionar com o próximo lido é grande!

O romance é um intricado labirinto de acontecimentos e emoções!Tem como base, como o próprio título já diz, a história de dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, pertencentes a uma família de origem libanesa que vive na Manaus do início do século XX. Eles são extremamente opostos e desde a infância desenvolvem uma rivalidade que culmina num ódio violento e que, para tristeza de toda a família, atinge à todos.

O enredo é cíclico, e o autor costura, alinhava muito bem o tempo real e as reminiscências do narrador, cujo nome descobriremos ao final do romance, bem como o que vai sendo revelado e encoberto pela trama. O ponto de partida para a história, que logo de início nos fala da morte da de Zana, a matriarca da família, se dá efetivamente com a narração da vida e da história de amor entre Halim, um mascate libanês, que se apaixona por Zana, filha de outro libanês, dono de um restaurante. Uma história de amor intensa, fogosa e que não tinha muito de reservado.

Vi Halim e Zana de pernas para o ar, entregues a lambidas e beijos danados, cenas que eu via quando tinha dez, onze anos e que me divertiam e me assustavam, porque Halim soltava urros e gaitadas, e ela, Zana, com aquela cara de santa no café da manhã, era uma diaba na cama, um vulcão erotizado até o dedo mindinho.


Dessa união nascem, à contragosto de Halim, que não tinha a menor vontade de dividir o amor de sua mulher com ninguém, os gêmeos Yakub e Omar (o caçula, por ter nascido por último) e Rânia. depois que os filhos nascem, Halim se sente cada vez mais deixado de lado por Zana, pois está devota um amor quase obsessivo pelos filhos, principalmente por Omar, o caçula, por sua "frágil saúde". Já na infância ocorrem os primeiros conflitos entre os irmãos, e por volta dos 13 anos de idade a pior das brigas será provocada por um amor em comum. Omar, enciumado por sentir-se preterido, acaba atingindo o rosto de Yaqub com uma garrafa quebrada, deixando uma cicatriz que marcaria, para sempre, o ódio entre os irmãos.

Leia mais em

site: http://almadomeusonho.blogspot.com.br/2013/07/resenha-dois-irmaos-milton-hatoum.html
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toninho 17/07/2013

Esta obra conta a história de dois irmãos gêmeos - Yaqub e Omar, filhos de imigrantes libaneses que chegaram ao Brasil no início do século - e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Na mesma casa moram Domingas, a empregada da família, e seu filho, um menino cuja infância é moldada por esta condição - ser filho da empregada. É este menino que, trinta anos depois dos acontecimentos, vai contar o que testemunhou calado - histórias de personagens que se entregaram ao incesto, à vingança e à paixão desmesurada.
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Elexandra.Amaral 15/05/2013

Sobre preferências, ódio e a ausência do perdão
Tendo a Manaus de meados do século XX como cenário, Dois Irmãos trata da mais que tumultuada relação dos gêmeos Omar e Yaqub. A saúde frágil de Omar ao nascer fez com que ele recebesse mais atenção da mãe, Zana e com que seu pai, Halim, se enciumasse. Essa preferência declarada prejudicou também a relação dos dois irmãos, que desde a infância disputavam tudo. A primeira disputa séria entre os irmãos tem Lívia como pivô, uma garota pela qual ambos se apaixonam. Quando no baile dos jovens, Zana ordenou que Yaqub levasse sua irmã Rânia para casa, ela indiretamente favoreceu Omar. Yaqub, entretanto não demora a dar o troco: durante uma sessão de cinematógrafo, acontece uma pane no equipamento e as luzes se apagam. Quando voltam a se acender, as lâmpadas mostram Lívia beijando Yaqub no rosto, o que enfurece Omar que se vinga cortando o rosto do irmão com uma garrafa quebrada.

É este incidente que marca a virada da história: Yaqub é enviado ao Líbano e Omar permanece sob os cuidados da mãe. Tudo para evitar que continuassem a brigar. Ao voltar, o primeiro revela-se um excelente matemático e o segundo um jovem inquieto e indisciplinado. E, enquanto o mais velho prospera, mais o caçula apronta. Acabando por tornar-se um boêmio.
Apresentando avanços e recuos no tempo, essa narrativa não tem uma cronologia linear, mas isso de forma alguma atrapalha ou confunde a leitura. Os problemas são revelados aos poucos, conforme o narrador deles se lembra, o que ajuda a manter o mistério e a tensão da trama.

Outro tema muito importante desenvolvido com maestria por Hatoum é a condição do imigrante. A perda da pátria e da identidade traz à tona mais uma diferença brutal entre os gêmeos: Yaqub se sente deslocado em casa, como um estrangeiro. Omar, por outro lado é muito apegado à casa de seus pais.

Com uma prosa cheia de personalidade, rica, consistente, elegante e, às vezes crua, Milton criou uma obra envolvente, surpreendente e, por que não dizer convincente. Pois, ao terminar de ler o livro me senti como se tivesse lido as memórias de alguém real, e não de um ser inventado.

Mais em http://clickdragmagazine.com/sobre-preferencias-odio-e-a-ausencia-do-perdao/
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Cris 13/05/2013

Para a genialidade
Encantadora a maneira como a história é contada neste livro. A ideia de inconstância da memória dá um ar mais real, mais próximo do que, de fato, acontece no dia a dia. Memórias de anos atrás que aparecem agora, dispersas, ao vento, criando, de alguma forma, uma história que se conecta aos sentimentos. E é o que se vê, ha todo instante de leitura: a conexão entre as lembranças e a emoção trazida por ela.
Abaixo, alguns trechos que remetem à esse sentimento preso nas ideias.

P. 67 "'Louca para ser livre.' Palavras mortas. Ninguém se liberta só com palavras. Ela ficou aqui na casa, sonhando com uma liberdade sempre adiada. Um dia, eu lhe disse: Ao diabo com os sonhos: ou a gente age, ou a morte de repente nos cutuca, e não há sonho na morte. Todos os sonhos estão aqui, eu dizia, e ela me olhava, cheia de palavras guardadas, ansiosa por falar."

P. 132 "Quando Halim se deu conta, já não vendia quase nada do que sempre vendera: redes, malhadeiras, caixas de fósforo, terçados, tabacos de corda, iscas para corricar, lanternas e lamparinas. Assim, ele se distanciava das pessoas do interior, que antes viam à sua porta, entravam na loja, compravam, trocavam ou simplesmente proseavam, o que para Halim dava quase no mesmo."

P. 195 "Fiquei observando Yakub, o seu semblante agora bem menos exasperado, o corpo ereto, todo ele recomposto. Lembrei-me da ultima vez que o tinha visto em casa, dos nossos passeios, e senti medo da distância, do longo tempo que havia passado sem vê-lo: o tempo faz uma pessoa se tornar humilde, cínica ou cética. Pensei que ele fosse se tornar mais arrogante, dono de muitas verdades e certezas, senão de todas. Lembrei-me das palavras de minha mãe: 'Logo que ele chegou do Líbano, vinha conversar comigo. Só ele entrava no meu quarto, só ele dizia que queria ouvir minha história... Ele só era calado com os outros'.

P. 244 "Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; Permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras, disse Halim durante uma conversa, quando usou muito o lenço para enxugar o suor do calor e da raiva ao ver a esposa enredada ao filho caçula."

P. 264 "O que Halim havia desejado com tanto ardor, os dois irmãos realizaram: nenhum teve filhos. Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos."

P. 265 "O toró que cobria Manaus, trégua na quentura do equador, me aliviava. Frutas e folhas boiavam nas poças que cercavam a porta do meu quarto. Nos fundos, o capim crescera, e a cerca de pau podre, cheia de buracos, não era mais uma fronteira com o cortiço. Desde a partida de Zana eu havia deixado ao furor do sol e da chuva o pouco que restara das árvores e trepadeiras. Zelar por essa natureza significava uma submissão ao passado, a um tempo que morria dentro de mim."
Paulinho 17/05/2013minha estante
Adorei sua resenha, Lane. Fico Contente que tenha gostado do livro. Em breve discutiremos.




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Lulis 22/02/2013

Tenho a impressão que daqui uns anos esse livro vai virar um dos clássicos da literatura brasileira.
vinicius 05/09/2020minha estante
Quero muito ler esse!!




Karlinha 29/01/2013

Uma viagem até a Amazônia
O primeiro livro do ano foi uma sugestão do meu maridinho. Eu queria um "clássico" e ele me indicou "Dois irmãos" de Milton Hatoum, um escritor de Manaus que já ganhou vários prêmios literários, incluindo Jabuti.
Dizem por aí que a obra foi comprada pela Rede Globo e pode virar micro-série tipo "O canto da sereia" que também é adaptação de um livro do Nelson Mota.
Pois bem, "Dois irmãos" conta a história de três irmãos (oi? é, é isso mesmo. Calma aí!). Os protagonistas são gêmeos: Omar e Yaqub, mas eles têm também a Rânia que é mais nova e aparece sempre.
A família dos gêmeos é de imigrantes libaneses que foram morar em Manaus lá pela década de 20. Os pais deles, Zana e Halim nasceram no Líbano, mas foram para o coração da Amazônia na juventude. Eu digo coração da Amazônia, porque era Manaus. Se fosse Belém, seria o cérebro da Amazônia, beleza? (Imparcialidade. Você vê aqui.)
Continuando... os gêmeos tem uma rixa braba desde criança e é claro que o motivo tinha que ser mulher. Os dois queriam pegar a mesma guria e aí já viu...
Mas o problema entre os dois é na verdade uma outra mulher: a mãe. Isso aí, meus caros. A trama tem um "quê" de complexo de Édipo sem igual.
A relação de Zana (mãe) e do Omar (gêmeo caçula) é um negócio meio incestuoso e aparentemente doentio (eu digo aparentemente, pois quem sou eu pra dar algum diagnóstico?). A irmã também tem verdadeira devoção por este Omar, que na verdade é a ovelha negra da família. "Uma fábula sobre o ódio". (revista Veja)
Não vou entrar muito em detalhes pra que vocês leiam o livro e tirem suas próprias conclusões, entretanto, eis o que mais gostei:
1) O livro é ambientado em Manaus durante o regime militar. Eu lembro de ter estudado sempre sobre como a ditadura refletiu no Rio de Janeiro, em São Paulo...pouca coisa de Norte, então pra nós, nortistas, é algo interessante de conhecer;
2) Os cenários descritos são altamente familiares. Igarapés, palafitas, barquinho pô-pô-pô... Pra quem está longe de casa como eu, é um bálsamo e um afago na saudade;
3) A estrutura narrativa é curiosa. Você só descobre quem é o narrador lá pelas tantas, quase no final do livro. Você se apega ao narrador, sem saber nem com quem dormiste, ou babaste em cima (da página...);
4) É muito bom reconhecer que temos autores talentosos fora do eixo Rio-São Paulo.
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Leila 28/01/2013

Não se trata de uma resenha, mas de um comentário.

Me lembrou mto as intrigas de Dostoievski.
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Raquel Lima 21/01/2013

É sempre bom conhecer novos autores, este tem uma escrita muito boa, seu texto é bem apurado, seus personagens são bens constituídos, uma ótima formação textual, mas o enredo é ...o que posso dizer para não parecer injusta... Deixa eu ver se consigo explicar minha decepção: Me interessei pela obra por ter uma trama baseada na colonização libanesa, apesar de na região amazônica,achei que poderia acrescentar alguma coisa ao meu conhecimento, que acabei me tornando próxima.Infelizmente, a trama corre muito além do tema sobre colonização, longe de lembrar o Esaú e Jacó de Machado de Assis, os gêmeos estão mais para Caim e Abel mesmo, seu ódio um pelo outro é sem proposito, motivado por ciúme, principalmente pela síndrome de Jocasta que arrasta toda a história.
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Angelo 29/12/2012

Uma história de ódio familiar
Neste livro, Milton Hatoum traça a saga de ódio entre dois irmãos, filhos de imigrante libanês que se mudou para Manaus na Amazônia. As desavenças e diferenças entre os irmãos produzem um lento cisma familiar alimentado pelo ódio.
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Potterish 30/11/2012

Ódio em família
Família nem sempre é sinônimo de amor. Principalmente quando dois irmãos se odeiam desde os primeiros dias de sua vida. Cada um segue seu caminho, com vidas completamente diferentes, e se reencontram expondo as cicatrizes de uma família dividida.

O cenário é a cidade de Manuas e o narrador transita entre o presente e o passado da história. “Dois Irmãos” é uma obra vencedora do Prêmio Jabuti e um dos livros mais bem conceituados dos últimos tempos no país. Leia a resenha de Gabriela Alkmin e saiba mais!



“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum


Yaqub e Omar são irmãos gêmeos, mas, além da aparência física, a única coisa que têm em comum é a inimizade que sentem um pelo outro. Muito diferentes desde a infância, a rivalidade entre os dois foi semeada aos treze anos, devido à disputa pelos afetos de uma mesma menina, Lívia. O resultado dessa competição, uma cicatriz no rosto de Yaqub, fez com que os pais achassem melhor separá-los.


O Caçula, como também era chamado Omar por ter nascido alguns instantes depois, ficaria com os pais – a mãe deles, Zana, alegava que a saúde do menino era frágil e que ele não resistiria sem os cuidados dela. Yaqub, mesmo sendo o agredido, foi mandado para o Líbano, país de origem do seu pai, levando consigo um ressentimento que carregaria até o final da sua vida.

Com o retorno do Líbano e o reencontro dos irmãos, após cinco anos, as diferenças entre os dois estão cada vez mais acentuadas. Omar, criado sob os mimos excessivos da mãe, tornou-se um bon vivant, amigo das farras e das mulheres, que não se compromete nem com os estudos nem com o trabalho. Yaqub, por outro lado, concentrou suas energias na ambição de se provar a todos, dedicando-se arduamente aos estudos, sempre alimentando, com suas mágoas, o desejo de vingança.

“Dois Irmãos”, publicado em 2000, ganhou o prêmio Jabuti daquele ano e foi traduzido para vários idiomas. Considerado pelos críticos um dos melhores romances brasileiros dos últimos anos, a trama, muito bem construída, nos apresenta a história de uma família em Manaus, sua fragmentação e suas complicadas relações. Somos apresentados aos gêmeos Yaqub e Omar, ao pai Halim, apaixonado por sua mulher, Zana, e à irmã dos gêmeos, Rânia, que foge de todos os seus pretendentes.

O narrador do livro é Nael, filho da empregada Domingas, cujo pai era desconhecido – ele desconfia, entretanto, desde o começo da história, de que seja um dos gêmeos. Através do que testemunhou e dos relatos que ouviu, principalmente através de sua mãe, Domingas, e do seu possível avô, Halim, ele tentar reconstruir a história da família, bem como a evolução e o desfecho do conflito entre os dois irmãos, em uma narrativa sem cronologia linear – o narrador recua e avança no tempo ao longo dos capítulos.

O romance também retrata as mudanças que aconteceram em Manaus durante a narrativa – do seu passado glorioso, passando pela fome e miséria durante os anos de guerra, até o regime militar e ocupação de Manaus, atraindo migrantes e causando mudanças significativas na cidade. Hatoum constrói uma narrativa envolvente, misturando a história de Manaus à história da família, convidando o leitor, através das
palavras, a acompanhar a trajetória dos dois irmãos até a última página.

Resenhado por Gabriela Alkmin

198 páginas, Editora Companhia do Bolso, 2006.
Publicado originalmente em 2000.


ACESSE: WWW.POTTERISH.COM/RESENHAS
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