Giulipédia 28/05/2021
Precisamos entender, aceitar e saber quando dizer NÃO!!
De todos os livros de Jane Austen, esse de longe foi o mais difícil pra mim de se ler, não perde o encanto que as obras de Austen carregam, mas muito provavelmente pela própria história do livro e pela construção da personagem, acabei achando a leitura bem arrastada, porém longe de dizer que foi um tempo mal gasto, porque não foi e muito menos um arrependimento, como jaja vocês iram notar!!
Fanny Prince é uma jovem tímida, dotada de extrema sensibilidade, que vai morar com os tios em Mansfield Park. Ela vem de uma família simples e cheia de irmãos e por isso mesmo, por intermédio de uma de suas tias, Sra. Norris, ela recebe as boas graças de ser a escolhida aos 10 anos de idade para ser criada com as primas Bertram na grande propriedade da família. Longe de ser um sonho realizado, Fanny tem uma adaptação difícil no primeiros anos, devido a sua personalidade tímida e saúde frágil, mas com a ajuda do seu primo mais querido, Edmund, a jovem aos poucos vai se adaptando.
E assim inicia-se a trajetória de Fanny em Mansfield Park.
Achei bem interessante a proposta da autora ao escrever esse livro, pois mesmo não sendo sua intenção, ela só reforçou, desde lá de 1800 e bolinha, que mulher não é UTI de homem nenhum. Não importa o quão maravilhosa você seja amor, se ele não é bom pra você agora, não é depois que irá ficar!! Se liguem meninas!!
Outra coisa interessantíssima que queria muito comentar também é a respeito da personalidade de Fanny. Admito que de todos os livros de Austen que li, esse foi o mais difícil, justamente pelo comportamento da própria personagem. Fanny é extremamente tímida, sensível e reservada, não há nada de errado em ser assim, porém ela é extremamente dócil também e é aí que entra o problema. Pessoas dóceis são as que mais sofrem, justamente por não conseguirem se defender, seja por medo, insegurança, ou obediência exagerada devido a criação dada a essa pessoa. Mas tenho que me retratar com Fanny também, pois como havia citado acima alguns adjetivos atribuídos a ela, um que não posso atribuir é a fraqueza, pois ela fez algo que até mesmo as mais raivosas e indomáveis pessoas não fazem. Foi fiel a si mesma! Quando realmente foi posta a prova, Fanny se mostrou com uma determinação implacável, mesmo sendo vitima de todas as formas de coerção para se fazer domar sua vontade, ela não cedeu e por isso aqui nesse mesmo parágrafo me retrato com Fanny e digo que de todas protagonista de Jane Austen, ela foi a que mais me surpreendeu e com certeza é uma das mais fortes!
E outra coisa que tenho que agradecer a tia Austen por exemplificar tão bem, mesmo que também não tenha sido sua intenção na época, é que quando uma pessoa, mais especificamente uma mulher (sim, sofremos muito mais com isso do que homens!), diz não, é NÃO e acabou! Digo que muito provavelmente não era a intenção da autora exemplificar esse tipo de situação assim, pois até pouco tempo (e ainda hoje em alguns casos...) acreditava-se que a insistência do outro era um gesto romântico, a conquista, luta pelo afeto do outro e tal. Não meus amores, isso NÃO é um gesto romântico, o nome disso é ABUSO e falta de respeito para com a vontade de outro, que fique bem claro. Ninguém é território, nem objeto pra ser conquistado, se você quer, fica e pronto, nada de joguetes de sedução, isso é cansativo e infantil, se você não quer, fale e pronto e o outro lado que respeite a decisão tomada, antes de mais nada, somos seres humanos!
Então assim, só pra concluir, foi uma leitura, não vou mentir, bem arrastada e em alguns pontos cansativa, mas nem por isso menos enriquecedora e produtiva, até porque o resultado das minhas reflexões estão bem explícitos acima. Não me digo detentora da razão, mas gosto de problematizar alguns casos e nos fazer refletir sobre aquilo que estamos lendo, e logicamente tenho que adaptar para a época atual que nos encontramos né, no mais é isso, apesar de tudo, recomendo muitíssimo e boa leitura a todos e todas!