Aninha 28/10/2021
A Bela Escrava Isaura
? A Escrava Isaura é um livro com temas abolicionistas escrito por Bernardo Guimarães em 1875. Bernardo Joaquim da Silva Guimarães foi um romantista que nasceu em 1825 em Ouro Preto; estudou em Uberada, Campo Belo e Ouro Preto; fez direito na Faculdade de Direito de São Paulo; participou da revolução liberal; foi juiz, jornalista, crítico literário e professor de poética e latim; e faleceu em 1884 - também em Ouro Preto -, se tornando, na década posterior, o patrono da Cadeira n° 5 da Academia Brasileira de Letras. A partir da década de 1860, passou a se dedicar mais à prosa, mas ainda assim fazia poesias. Seu sucesso se deu após a publicação de A Escrava Isaura, sua obra mais famosa. Existe, já no presente, 1 filme de A Escrava Isaura (1949) de autoria de Eurides Ramos, 1 telenovela (1976-1977) de 100 episódios da TV Globo e 1 telenovela (2004-2005) de 167 episódios da TV Record.
? Isaura é a escrava mais bonita já vista pela região. Foi criada com a mais fina educação pela sua antiga sinhá quando a mãe, também linda e boa, faleceu vítima dos maus-tratos do senhor da fazenda, que tinha ciúmes e queria agir de modo impuro com ela. Isaura conquista a todos com sua beleza, educação e talentos, inclusive o filho do senhor da fazenda, agora herdeiro de sua fortuna e nomes, Leôncio. Tudo que a pobre Isaura quer é a sua liberdade. Embora possa fazer muitas coisas, já que é mucama da D. Malvina (esposa do Leôncio), ela quer ser livre, assim como a antiga sinhá e a D. Malvina desejavam. Mas Leôncio não deseja isso. Ao longo da trama, ele faz de tudo para não perder a "pedra preciosa" dele e poder usá-la para outros fins, o que leva Isaura e Miguel (seu pai) fugirem para Recife, onde conhecem Álvaro.
|| Alerta de spoiler daqui para baixo ||
? A história é totalmente da época do romantismo, sem dúvida alguma. Temos os heróis (Isaura e Álvaro), que são supervalorizados ("o que é bom, é bom demais"), e o vilão (Leôncio; "o que é mal, é mal demais" de acordo com os comentários do livro), ou seja, tudo é ao extremo. Sentimentos extremistas. Leôncio é louco de paixão e, no final, é super vingativo; Isaura chega ao ponto de ameaçar se matar caso ele tente algo ou, no final também, diz que a morte é melhor que se casar com quem não quer para obter a liberdade. E, apesar de todos os momentos ruins que Isaura passa, ela continua mantendo sua pose de heroína sendo pura e amável para todos. Assim como Álvaro, que embora seja inimigo do Leôncio, ainda tenta ajudar ele a não ficar na miséria - isso antes do Leôncio atirar em sua própria cabeça por preferir morrer a viver "da caridade" dele.
? Sobre o contexto histórico, é interessante ver que realmente a história se repete. A justiça dizia para Miguel parar de tentar conseguir a liberdade de sua filha, pois era loucura o fraco lutar contra o forte. Outra coisa também que ainda é possível ver na sociedade de hoje é que, não importa o quão perfeita ou perfeito você seja, seu passado sempre importará. Isaura podia ser a mulher mais bonita de todo o Império, mas continuaria sendo uma escrava, e era motivo de vergonha.
? Achei que o livro abordaria mais sobre a escravidão, mas, pela minha leitura, me pareceu muito pouco explorado. Considerando a época e a escola literária em vigor, ele é assim porque esses questionamentos ainda estão no começo - o realismo é um dos principais em criticar coisas, então acredito que na próxima escola deve ter muitas obras mais aprofundadas (mas não tenho certeza, quem souber que me corrija). Embora eu tenha achado isso, posso resumir a história em uma frase: "o coração é livre; ninguém pode escravizá-lo, nem o próprio dono". Eliminando as aventuras da Isaura, os romances e etc, posso dizer que a essência do livro é que, naquela época, a escravidão sempre seria combatida pois uma pessoa não era totalmente de alguém, pois a alma e o coração sempre seriam livres. Mesmo que o senhor dos escravos fosse dono dos corpos deles, a alma e o coração não podiam ser controlados. Afinal, eles eram pessoas.
???