Larissagris 14/04/2020AS AVENTURAS DE ROBINSON CRUSOE - DANIEL DEFOE
🐚 “Tenho observado a partir daí, muitas vezes, como é irracional e incongruente o senso comum dos homens, especialmente dos jovens, para com a razão que deveria guia-los nesses casos, isto é, como eles não se envergonham de pecar, mas se envergonham de se arrepender. Não se envergonham da ação pela qual poderiam ser julgados tolos, com toda justiça, mas se envergonham de voltar, o que só poderia fazer com quem fossem julgados sábios.” (Pág. 23)
🐚 “Resumindo, essa viagem fez de mim um marinheiro e um mercador, pois eu trouxe de volta cinco libras e nove onças de ouro em pó e de meus negócios, que me renderam quase trezentas libras em meu retorno a Londres e me encheram daquelas ideias ambiciosas que haveriam de completar a minha ruína.” (Pág. 24)
🐚 “Essa mudança surpreendente das minhas circunstâncias, de comerciante a escravo miserável, deixou-me totalmente arrasado. Retornava, então, à profética preleção que meu pai me fizera, de que eu seria miserável e não teria ninguém para me salvar.” (Pág. 25)
🐚 “Como todo homem deveria refletir, ao comparar sua condição presente com outras piores, que o céu pode obriga-lo a fazer a troca e se convencer de sua felicidade anterior pela própria experiência.” (Pág. 39)
🐚 "[...] maldita a hora em que subi a bordo no dia 1º de setembro de 1659. Eram exatos oito anos depois do dia em que me separei de meu pai e minha mãe em Hull para desafiar a sua autoridade e bancar o tolo contra meus próprios interesses.” (Pág. 43)
🐚 “Pois as alegrias súbitas, como os pesares, no início se confundem.” (Pág. 48)
🐚 “Todos os males devem ser pesados com os bens que existem neles e com o pior que os espera.” (Pág. 60)
🐚 “E fique isso como uma lição da experiência mais miserável de todas as condições deste mundo: na descrição de bom e ruim, sempre poderemos encontrar nela alguma coisa para nos consolar, lançando-a no lado do crédito da contabilidade”. (Pág. 63)
🐚 “Eu me tornara a criatura mais empedernida, estouvada e perversa que nossos marinheiros comuns possam supostamente ser, sem o menor sentimento que fosse de temor a Deus no perigo, ou de gratidão à Deus nas salvações.” (Pág. 82)
🐚 "[...] apenas dizia a mim mesmo, frequentemente, que era um cão desgraçado e nascido para ser eternamente miserável.” (Pág. 83)
🐚 “Acrescentei esta parte aqui para sugerir às pessoas, ao lerem porventura o que aqui está escrito, que elas acharão a salvação do pecado uma benção muito maior do que a salvação dos infortúnios sempre que atingirem o verdadeiro sentido das coisas.” (Pág. 89)
🐚 “Pois bem”, eu disse, “se Deus não me abandona, que má consequência poderá haver, ou que me importa se o mundo todo me abandonar? Vendo, por outro lado, se eu tivesse o mundo todo e perdesse o favor e a benção de Deus, haveria alguma comparação na perda?” (Pág. 103)
🐚 “Todas as nossas insatisfações com o que nos falta me pareciam brotar da falta de gratidão que temos.” (Pág. 117)
🐚 “Portanto, nós nunca percebemos a nossa verdadeira condição até ela nos ser ilustrada pelo seu contrário, nem sabemos valorizar o que temos senão pela sua falta.” (Pág. 123)
🐚 “Assim, o medo do perigo é dez mil vezes mais aterrorizante que o perigo em si, quando visível aos olhos. Achamos o fardo da ansiedade muito mais pesado do que o mal que nos aflige.” (Pág. 138)
🐚 “Isso me fez refletir como haveria poucas queixas entre os homens, de qualquer condição social, se eles comparassem a sua condição com a dos que estão piores, em vez de compará-la com a dos que estão em melhor situação. Seriam gratos e não precisariam expressar seus resmungos e queixas.” (Pág. 144)
🐚 “Isso novamente me ensinou a observar que é muito raro a providência de Deus nos atirar em alguma condição de vida tão baixa, ou em alguma miséria tão grande, que não possamos ver alguma coisa ou outra de que sejamos gratos e possamos ver outros em condições piores que as nossas.” (Pág.159)
🐚 “Há certas molas secretas nas afeições. Estas, quando acionadas por algum objeto visível, ou até mesmo por algum objeto invisível, mas que se tenha se apresentado ao espírito pela força da imaginação, levam a alma com seu ímpeto a anseios tão fortes, tão violentos do objeto, que a sua ausência é insuportável.” (Pág. 159)
🐚 “Mas, assim como esse é o destino usual das crenças jovens, a reflexão sobre sua loucura é usualmente o exercício de uma idade avançada, ou da valiosa experiência adquirida com o tempo.” (Pág. 164)
🐚 “Isso provocou reflexões muito úteis, particularmente o quão infinitamente boa é essa Providência que, em seu governo do homem, estabeleceu limites bem estreitos para sua visão e conhecimento das coisas. E embora ele caminhe em meio a tantos milhares de perigos, cuja visão, se descoberta, o enlouqueceria e o desencorajaria, ele é mantido sereno e calmo ao ter os acontecimentos longe de seus olhos, sem saber dos perigos que o cercam.” (Pág. 165)
🐚 ”Tão pouco nós enxergamos à nossa frente no mundo e tanto mais razão temos de confiar alegremente no grande Criador do mundo, porque Ele jamais deixa Suas criaturas no absoluto desamparo. Assim, nas piores circunstâncias, elas sempre têm algo por que ser gratas e às vezes estão mais perto de sua salvação do que imaginam. Melhor, são mesmo levadas à sua salvação pelos meios que parecem ter sido trazidos para sua ruína.” (pág. 209)
“Sorrindo-lhe, disse-lhe que o homem nas nossas circunstâncias estavam além da influência do medo. Vendo que muitas situações seriam preferíveis àquela em que supostamente estávamos, deveríamos achar que a consequência, fosse ela a morte ou a ida, decerto seria uma libertação.” (Pág. 215)
🐚 “E assim eu abandonei a ilha em 19 de dezembro, como descobri no registro do navio, no ano de 1686. Depois de ter permanecido ali por 28 anos, dois meses e dezenove dias, fui libertado desse segundo cativeiro no mesmo dia do mês que havia escapado no barco-longo dos mouros de Sallee. (Pág. 228)