Núbia Esther 17/03/2013“Aliás, suar era a única coisa que ele tinha para fazer ali. Maldição. Aquela era uma companhia muito boa, e não precisava nem um pouco de Richard Sharpe. Urquhart comandava-a com muita competência, Colquhoun era um sargento magnífico, os homens estavam sempre tão satisfeitos quanto soldados podiam ficar, e a última coisa que a companhia precisava era de um oficial recém-promovido, ainda por cima inglês, que apenas dois meses antes era sargento.”
Índia, dezembro de 1803. Apenas alguns meses antes, a Batalha de Assaye representou grandes mudanças na vida de Sharpe. Naquela batalha ele salvou a vida de sir Arthur Wellesley e por isso ganhou a patente de alferes no 74° Regimento do Rei, mas, também perdeu o grande mentor Coronel McCandless por culpa do desertor William Dodd e sua vingança contra Hakeswill foi adiada mais uma vez.
Sharpe sempre acalentou o sonho de ascender no exército e ser um bom oficial, mas sua nova ascensão, longe de promover boas mudanças em sua vida, está é lhe trazendo muitos problemas. Os soldados não veem sua ascensão com bons olhos e é claro que além de perder o companheirismo que tinha quando ainda era apenas um soldado, eles também não o respeitam como oficial. E os outros oficiais, bem, estes o reprovam abertamente, veem nele alguém que usurpou um direito daqueles de bom nascimento. E o fato de ter sido alocado em um batalhão escocês também não contribuiu para melhorar essa situação. E sendo Sharpe como é ele até poderia suportar toda essa humilhação. Mas, quando lhe sugerem que venda a sua patente e lhe comunicam que após a batalha em Gawilghur ele será transferido para o batalhão de fuzileiros e que enquanto isso ele ficará responsável pelo comboio de bois, leia-se, bem longe do front de batalha. Sharpe não acha certo desperdiçar seu treinamento ficando retido na retaguarda do exército e percebe que é hora de mostrar seu valor e lutará como nunca.
E quer melhor oportunidade do que a batalha da Fortaleza de Gawilghur? Considerada inexpugnável, ela tem todos os elementos de uma destruidora de carreira e o coronel Wellesley não pode nem pensar em perder essa batalha se quiser voltar para Londres e continuar sua carreira de sucesso no exército. Para Sharpe, a motivação é outra. Vingança. Porque em Gawilghur estão escondidos dois bandidos que ele jurou destruir: William Dodd e Obadiah Hakeswill. E não terá assassinos treinados, falta de uma companhia ou uma imensa muralha que o impeça de conseguir seu intento. Em A Fortaleza de Sharpe, Cornwell consagra seu herói. Um herói persistente, que frequentemente é passado para trás por aqueles a quem ousa confiar e que apesar de todos os seus atos de bravura e heroísmo continuar sendo visto como o soldado que ousou sair das fileiras e que sofrerá muito por isso. Mais do que cativada pela sua força e carisma, adoro o senso de humor que ele consegue imprimir até quando a situação é totalmente desfavorável.
Apesar do foco deste livro ser a difícil batalha empreendida pelo coronel Wellesley contra a confederação Mahratta em Gawilghur e como já de costume, apenas poucos capítulos serem dedicados à batalha em si, nem senti tanta falta dela como no livro anterior. Dessa vez meu prazer foi acompanhar as escaramuças e as dificuldades enfrentadas por Sharpe ao ascender mais um degrau no oficialato. Seu encontro com Ahmed, que não há como negar que é o criado perfeito para ele, sua transferência para o comboio de bois, o desmembramento dos negócios escusos do Capitão Torrance e sua vingança contra Hakeswill e William Dodd. Este livro entrou para a lista de favoritos da série porque representa a redenção de Sharpe no exército, sua prova de valor, de que é um bom soldado. Um tapa com luvas de pelica, ou melhor, com um mosquete e uma claymore na cara daqueles que não quiseram reconhece-lo como tal. E ouso sonhar que essa transferência de Sharpe para os fuzileiros pode ser uma boa coisa, apesar de ele achar que não.
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