spoiler visualizarAline.Momm 31/12/2021
Grade temática ao sincretismo religioso e à Imprensa
A crítica ao Sincretismo Religioso (prática religiosa que se origina da união de outras) torna-se evidente na obra quando Zé do Burro, ao ver que seu leal animal companheiro está morrendo e na falta de uma Igreja cristã, faz uma promessa à Santa Bárbara em um terreno de candomblé – Iansã para a religião africana. Por esse motivo, ao Zé ir pagar sua promessa em Salvador, o padre da Igreja de Santa Bárbara barra a entrada do homem, acusando-o de conluio com o Diabo – o que nos faz verificar que, além do Sincretismo religioso, Dias Gomes estabeleceu uma crítica aos dogmas da Igreja.
A complicação da obra ocorre quando Zé do Burro é barrado na porta da Igreja de Santa Bárbara por Padre Olavo – personagem que acusa o protagonista de heresia: “Naquele burro está a explicação de tudo. É satanás! Só mesmo Satanás podia levar alguém a ridicularizar o sacrifício de Jesus”.
Já o clímax desenrola-se no final do livro, assim que Zé do Burro, ao extraviar-se de sua paciência por causa de toda a ocasião no qual está inserido, forçou sua entrada na Igreja. Com a cruz em mãos, ele esmurrou incessantemente a porta do edifício, até que, por fim, foi morto por um policial.
A nítida crítica à imprensa fica perceptível ao Zé do Burro se tornar alvo de um repórter sensacionalista que, explorando a brecha que a ocasião toda propôs, encontrou uma oportunidade de mostrar que Zé do Burro apoia a Reforma Agrária, por meio da distorção de palavras do próprio protagonista - Zé do Burro disse que ao repórter que uma de suas promessas foi doar algumas de suas terras a outros -, algo que atualmente chamamos de Fake News. Zé, um agricultor do interior, não conhecia nada sobre tal Reforma, e acabou, por influência também de Rosa, caindo na falsidade do repórter.