O Jardim dos Finzi-Contini

O Jardim dos Finzi-Contini Giorgio Bassani
Giorgio Bassani
Giorgio Bassani
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Resenhas - O jardim dos Finzi-Contini


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César Augusto 12/11/2024

Na Itália fascista às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o narrador vive uma grande paixão pela jovem Micól Finzi-Contini, membro de uma rica família judia que procura se manter distante da ameaça que os cerca. E assim ele, também judeu, passa a frequentar a mansão de sua amada, onde estabelece relações afetivas também com o irmão de Micól, Alberto, e seus pais Ermanno e Olga, onde partidas de tênis os mantém alheios ao processo de exclusão antissemita no país. A narrativa é feita em flashback anos depois do fim da guerra, após uma visita do narrador a um cemitério, que lhe traz na lembrança o mausoléu grandioso dos Finzi-Contini, onde apenas Alberto foi sepultado vítima de um linfogranuloma, enquanto sua família foi deportada e assassinada pelos nazistas.
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MIRANDA 23/03/2023

Mais um livro que fica na superficialidade do que promete . O antissemitismo a que propõe o livro é meramente suposto , ficando na burguesia fascista , medíocre e hipócrita.
Na verdade um livro para adolescente , quase infantil .
Palavra para o livro : Prego .
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Mari 13/12/2022

Um jardim de lembranças...
A memória é uma maneira de reter as coisas que amamos e que insistem em ir embora, arrastadas pelo tempo. Este romance é exatamente sobre reviver lembranças em uma tentativa de manter pulsante a vivência de uma época que foi massacrada pelos eventos históricos em que se inseria.  ?O jardim dos Finzi-Contini?, de Giorgio Bassani conta a história de uma família italiana judia que vive em um palacete aristocrático na cidade de Ferrara: um pai apegado ao passado, a mãe abalada pela perda do filho primogênito, a avó que é quase uma sombra, o filho Alberto, cujo apego aos objetos se torna uma forma de permanecer vivo e a filha Micòl, esperta e um tanto manipuladora, uma espécie de esteio que faz a engrenagem da família seguir rodando. A família nos é apresentada por um narrador não nomeado e é através de seus olhos que observamos todas as relações, sempre filtradas pelo modo como ele se lembra de tudo... 
Com a ascensão do fascismo e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, as chamdas ?leis raciais? se intensificam em Ferrara; assim, jovens judeus são expulsos dos clubes da cidade e reúnem-se no Jardim dos Finzi-Contini para jogar tênis. Ali, naquele pequeno refúgio idílico, aflora a paixão do narrador por Micòl Finzi-Contini e é a história deste amor não correspondido que acompanhamos em meio ao contexto da Guerra. Nós, os leitores, nos vemos perambulando pelas memórias dessa voz narrativa até culminar no final trágico (porém anunciado desde as primeiras páginas) do clã, nos campos de concentração na Alemanha.  
O narrador-testemunha parece ser um recurso imprescindível, pois é em seu universo subjetivo que nos inserimos, apesar de não o conhecermos completamente. Seu nome não é revelado e, portanto, nos deixamos guiar com uma dose de desconfiança até nos perdermos com ele em suas divagações.  Nesse contexto, conhecer Micòl pelos olhos do narrador misterioso faz com que ela se torne ainda mais fascinante. Em meio às belezas daquele jardim, a gente se encanta pela moça de personalidade forte, na mesma medida em que o narrador se apaixona por ela. Ao correr dos capítulos, o idílio daquele jardim dá lugar às discussões políticas inflamadas pelos horrores da Guerra e a própria estrutura do livro muda de tom, culminando em uma espécie de melancolia dolorida, do que poderia ter sido e não foi.

Micòl é colocada no centro da narrativa e sua imagem se constitui em uma rede de memórias quase proustianas, imersas em cores, aromas e sensações passadas, numa tentativa bem-sucedida de vivificar a lembrança que o tempo carregou pra longe. O livro começa e termina com a evocação da morte, quase como um lembrete de que os ciclos se iniciam e se encerram na ausência, na solidão.
Uma leitura interessante,  apesar de um tanto dolorida e profundamente nostálgica. Daquelas que vale a pena conhecer e celebrar. 
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EduardoCDias 05/11/2022

Amor na guerra
Na Itália pré II Guerra, começam a perseguição aos judeus, que tem seus direitos civis suspensos. Nesse contexto, um irmão e uma irmã de uma abastada família judia abastada começam a receber amigos, também judeus, para jogos de tênis em sua casa. O amor de um dos rapazes pela aristocrática garota judia começa a florescer, e ele luta para ser correspondido.
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@wesleisalgado 06/08/2022

Me deixou melancólico
O livro parece ser um grande prólogo pra algo que nunca chega, no sentido de vermos retratado nas páginas, mas que sabemos o que será logo nas primeiras linhas. O que não é um defeito da história.

A retratação de Ferrara, da jovialidade de seus personagens e das partidas de tênis em um jardim idílico parece saída direta de uma locação do filme ME CHAME PELO SEU NOME, o que encheu meus olhos logo de cara.

A trama, explora cerne da palavra romance, entre nosso narrador e Mícol, tendo o que eu acredito de mais trágico em qualquer história, somente a idealização de algo nunca vivido. E sabermos o fim dos personagens naquele contexto histórico só potencializa essa sensação.

Assim que terminei, fui assistir ao filme homônimo considerado um clássico do cinema italiano e é um adendo grande se você gostou da história, além de visualmente te colocar como espectador no epicentro de tudo. Recomendo!
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Fernanda 21/05/2022

O Jardim dos Finzi-Contini, de Giorgio Bassani
Considerada a obra-prima, publicada em 1962, do autor italiano Giorgio Bassani, é dividida em quatro partes com capítulos curtos. Após o prólogo, no qual o narrador-personagem explica um pouco sobre a família Finzi-Contini e também discorre sobre seu desejo de escrever a respeito da época em que a conheceu, no primeiro capítulo, ao descrever minuciosamente sobre o mausoléu da família Finzi-Contini, há a seguinte frase ?Quem sabe como e por que nasce uma vocação à solidão?? E eis aí também uma síntese do que se desenrola em muitos aspectos na penosa vida do protagonista. E isso se desenvolve a partir do contexto histórico do fascismo e da Segunda Guerra.

Um livro interessantíssimo que une questões universais e atemporais como amor, raiva, nascimentos, mortes, diferenças socioeconômicas, religião e preconceito. Todos esses temas estão entremeados por referências a grandes escritores e obras literárias. Portanto, o tema leitura tem um impacto bastante significativo no transcorrer da narrativa, com trechos e referências que inebriam todo leitor sensível.

Essa obra deixou-me com a sensação de que tudo nela é relevante: o pano de fundo com descrição minuciosa (sem ser monótona) da cidade de Ferrara, na Itália, assim como alguns trechos sobre Veneza (?espécie de opressiva latrina molhada?, uma crítica feita por um dos personagens), o jardim (na verdade é um parque, como diz o narrador) enorme dos Finzi-Contini, as ruas, as pontes, o cemitério hebraico ao lado do outro municipal, dos cristãos; o contexto histórico passando pelo começo do Partido Fascista chegando à eclosão do nazismo com pessoas sendo enviadas para a Alemanha até os campos de concentração; as estimulantes referências literárias citadas nos diálogos, nas cenas em bibliotecas, descrições de pessoas lendo, comentando obras, fazendo trabalho de conclusão a respeito de escritores... tudo isso está tão evidenciado que realmente parece que nada recai em segundo plano, exceto alguns personagens secundários e terciários.
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Clara 12/01/2022

O jardim de memórias ou “o virgem, o vívido e o belo hoje em dia”

Uma das tarefas mais difíceis é resenhar um livro quando acabamos de lê-lo, e ainda assim, é a tarefa mais fluida que conseguimos nos permitir, depois de uma intensa imersão na obra.
São tantas informações e descrições que o Autor mastiga, que neste momento escrevo mais pelo desejo de fazer uma digressão na obra nos pontos que mais me aguçaram – sem muita técnica, aviso logo aos navegantes.

Nos primeiros capítulos somos levados a conhecer o narrador, que nos fala de um passado-presente (1960?), enquanto faz uma gita al mare em uma praia no litoral próximo a cidade de Roma com alguns amigos. No caminho de volta para a Cidade Eterna, o motorista decide parar no parque arqueológico de Cerveterri, a necrópole da Banditaccia, onde jazem os Etruscos, os mais antigos moradores da península itálica. Caminhando pela necrópole, há uma fala que corrobora com o gatilho do narrador para revisitar as lembranças de sua juventude na cidade de Ferrara, partindo da memória do suntuoso mausoléu da família Finzi-Contini.

Explorando mais afundo, com o passar das páginas, conhecemos fragmentos desta família judia, muito abastada, que vivia reclusa no vasto terreno localizado ao fim da Avenida Ercole Este I, margeada pelo Muri degli Angeli (não é pedantismo italiano, as ruas são chamadas assim no livro). O “barchetto del duca” era um terreno grande o suficiente para comportar a casa principal em que viviam, a casa dos trabalhadores, uma quadra de tênis, uma espécie de vestiário (a Haütte) e, logicamente, um frondoso jardim que abrigava os hábitos de seus moradores.

O enredo se destaca pelo relacionamento do narrador com a família, e em particular do amor que nutria por Micòl Finzi-Contini.

Aviso que a partir deste ponto haverão spoilers.

É inquestionável a beleza da escrita de Giorgio Bassani, quanto a isto não me aprofundarei, até porque não estou sendo técnica e tão somente compartilho impressões pessoais. Pesquisando sobre a obra – e pelo prefácio na edição italiana por Eugenio Montale – há nitidamente um traço quase autobiográfico, a ponto de terem momentos do livro que senti estar atravessando íntimas confissões do próprio Bassani.

Mesmo com essa intimidade que nos é atravessada, sinto muito pouca compaixão por ele quando descreve o amor não correspondido por Micòl, neste ponto confesso que vi a motivação do narrador muito invasiva e desrespeitosa – ainda que receba sucessivas negativas da amada, ele insiste em abordagens que me deram vontade de rasgar o Kindle no meio. Voltarei a este ponto ao final para pormenorizar minha impressão sobre o desfecho da obra e por hora me debruçarei pelo contexto histórico do livro e por fim pelos personagens.
Um elemento que parece desenhar a história é a proximidade do estouro da Segunda Guerra Mundial: tanto o Autor/Narrador quanto os Finzi-Contini são membros da comunidade hebraica de Ferrara e pouco a pouco são impedidos de frequentar espaços públicos, como a expulsão do Clube de Tênis e a Biblioteca Central, e igualmente proibidos de participação política, como consequências diretas das leis raciais sancionadas por Mussolini.

Por falar nesta participação política, dá-se a entender que o partido fascista de Ferrara tinha muitos dos seus integrantes membros da burguesia judaica (o pai do narrador é um exemplo), o que me deu uma certa confusão a primeira leitura. Fico pendente de dar informações históricas acuradas, mas me pareceu que pela recente unificação da Itália e o crescente medo do Socialismo, pintado pela figura de Stálin (ocasionalmente mencionado), criou uma polarização na população, que se dividia entre fascistas x socialistas – com alguns isentos, a ver o Professor Ermanno Finzi-Contini.

Aproveitando a deixa, quem eram afinal esses Finzi-Contini? Sinceramente, os via como uma família de aparências e pouco afeto, trancafiados no Barchetto del Duca, com pouca vida vivida fora dos muros, os vi como figuras estranhas, que se colocavam a cima e destacados até da própria comunidade judaica Ferrarese. O pai, Prof. Ermanno Finzi-Contini transparece uma figura passiva, no sentido de pouco refletir ou preocupar-se com os movimentos externos da Guerra que se aproximava. Era um letrado, porém um homem de pouco posicionamento. Tratava a todos de modo simpático e aberto, mas um tanto vazio de si e de personalidade. A esposa, Sra. Olga, pouco aparece na história, e minha leitura dela é um tanto exagerada, assim como o medo de germes e bactérias que aquela nutre. Faço uma “menção honrosa” ao irmão desta, que é “medico e que não acredita em medicamentos” (devo dizer que algumas coisas da história não passaram batido, principalmente em plena pandemia).

Agora ao filho Alberto: um reflexo do pai, um rapaz que teve todo os cuidados e mimos, mas que herdou a falta de personalidade e presença – os únicos momentos que tem opinião por alguma coisa, não é genuinamente sua, mas pega “emprestado” de Giampi Malnate ou do narrador. Giampi Malnate é um personagem interessante, pelo qual sabemos pouco, mas foi um dos que mais gostei, justamente porque ele vem de fora do “universo de alienação”, com posicionamentos e temperamentos de alguém que tem o que dizer. Em um breve momento cheguei até a pensar que Alberto e Giampi tivesse algo para além da amizade, porém isso caiu por terra a medida que a leitura foi chegando ao fim.

A última e não menos importante, Micòl Finzi-Contini: o que nenhum de seus familiares tem de personalidade parece que ela sugou inteiramente para si. Determinada, desafiadora, mimada, impulsiva, forte e fugaz, Micòl também parece viver no mundo de ilusões do Barchetto del Duca e talvez – para além da futilidade – utilizasse a desculpa de que “o futuro a aborrecia” como uma forma de se blindar do medo e do destino, já que ela era tudo menos boba e vulnerável.

O relacionamento entre ela e o narrador sempre foi ditado e dominado por ela, até quando orquestrou suas saídas evasivas, como quando perde o controle da situação, como quando ela escapa para Veneza para concluir a tese. Li todo o processo de insistência do narrador – que pinta um amor puro e honesto – como uma intromissão no espaço o qual Micòl nunca havia permitido e confesso que meus nervos ferveram após o incidente no quarto, ali temi que algo pior acontecesse, porém, astuciosa e detentora de um poder que fora entregue de bandeja pelo narrador, consegue impor um afastamento duro e necessário (mesmo assim, não digno de pena).

A suposição que o protagonista cria de um relacionamento entre Micòl e Giampi Malnate parte muito mais da incapacidade dele em admitir os excessos que incorreu. Acredito que nada tenha acontecido entre eles, e ainda que o fosse, que importaria?

Por fim, a cena em que o narrador tem uma conversa franca com o pai, após chegar tarde em casa depois de ter aberto suas vulnerabilidades para Malnate, assim como o Epílogo, para mim são o tesouro do livro, e agradam no desfecho.

Apesar de ser um livro sem muitos acontecimentos ou até um clímax, recomendo a leitura, não só pela beleza da escrita, mas por todos os detalhes e história que constituem a narrativa.
Ronaldo.Porciuncul 08/05/2022minha estante
Pois é! Essa foi minha duvida também. Se Micòl tinha ou não algo com Giampi Malnate. Lí o livro e vi o filme de V. de Sica - onde ele deixa quase q claro q Ela tinha um caso com Malnate. Na cena em que ele a noite pula os Muros da Mansão e vê uma cena intima dela com Malnate. Bom isso pouco importa como disseste. Mas gosto de entender todas cenas do roteiro. Em q pese q G. Bassani e de Sica não se cruzavam muito. E nem sempre o roteiro é leal ao Texto original.O Epilogo é grandioso.!!




Monica.Fusco 31/10/2021

O jardim dos Finzi-Contini
Fiquei na expectativa de uma grande história se desenrolar ao longo do livro, mas não aconteceu. A história gira em torno de um grupo de amigos que se encontram no jardim da família que dá nome ao livro.
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Claudio 30/06/2021

Clássico bem monótono
É um clássico italiano, que se passe em Ferrara, alguns anos antes da segunda Guerra. O livro tem, como pano de fundo, o crescimento da intolerância com os judeus desde a promulgação de leis raciais até a eclosão da guerra em si. O romance central do livro se desenvolve bem lentamente, de uma forma sem grandes acontecimentos. A última parte do livro é onde os personagens se desenvolvem melhor, mas não creio que compense o início arrastado.
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Raquel 27/06/2021

O livro relata a história de uma família ítalo-judaica na primeira metade do século XX, os Finzi-Contini. É narrado por um dos personagens centrais e se passa em Ferrara, no período anterior a 2a Guerra Mundial, após serem aprovadas, pelos fascistas, as leis raciais que segregaram os judeus italianos.
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Mariana 05/06/2021

Itália
O que mais me marcou em O Jardim dos Finzi-Contini, do italiano Giorgio Bassani, foi a maneira como ele conduziu a narrativa, envolvendo o caso de amor não correspondido entre o narrador do livro e a jovem rica e judia Micòl Finzi-Contini.
O autor inicia a obra, logo em suas primeiras páginas (prólogo), revelando o destino de parte dos protagonistas e de Micòl, ao visitar, em 1957, o túmulo da família: os campos de concentração nazista:

"E meu coração se apertava como nunca ao pensar que naquele túmulo, erigido, ao que parece, para garantir o repouso perpétuo de seu primeiro construtor - dele e de sua descendência -, apenas um, dentre todos os Finzi-Contini que eu conhecera e amara, ao final alcançara esse repouso. Com efeito, fora sepultado ali somente Alberto, o filho mais velho, moto em 1942 de um linfogranuloma; ao passo que Micòl, a segunda filha (...), deportados todos para a Alemanha no outono de 1943, sabe-se lá se tiveram uma sepultura qualquer."

Em certo sentido, essa antecipação do destino final da protagonista, isto é, da jovem por quem o narrador se apaixona, me ajudou a criar uma relação empática com a personagem, o que de certo modo preencheu a ausência de ação, de emoção, no romance dos jovens, além de amenizar o texto cansativo pelo excesso de descrições.

A obra, no entanto, muito agrega pela possibilidade de discussão do plano de fundo da narrativa, a ascensão do nazismo e as consequências da leis raciais na Itália.

Meu trecho preferido do livro foi justamente seu encerramento, que achei belíssimo:

"E como estas, eu sei, não eram senão palavras, as mesmas palavras enganosas e desesperadas que só um verdadeiro beijo poderia impedi-la de proferir, com estas, pois, e não com outras, seja selado aqui aquele pouco que o coração soube recordar."
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Leila de Carvalho e Gonçalves 19/05/2021

O Fascismo E O Anti-Semitismo
?Mas o que é que o coração sabe, de verdade?? (Página 242)

Um dos patrimônios da cidade de Ferrara é o Cemitério Judaico onde está enterrado o escritor, crítico e editor Giorgio Bassani (1916-2000), um dos mais proeminentes nomes da literatura italiana contemporânea. Em paralelo, ele também foi um severo opositor do movimento fascista que atiçou as chamas do anti-semitismo no país durante boa parte da primeira metade do século XX.

Coincidentemente, esse cemitério também faz parte da ficção do escritor, ou melhor, de O Jardim Dos Finzi-Contini, sua obra-prima. Logo nas primeiras páginas do romance, o lmausoléu de uma abastada família judia, os Finzi-Contini, é apresentado ao leitor. Um grandioso monumento que, se de fato existisse, atrairia atenção dos visitantes pelo seu ?gosto artístico não muito refinado?.

Entretanto, qualquer comentário desairoso sobre a mansão onde a família morava, não teria outro motivo além da inveja. Hipoteticamente situada ao fundo da famosa avenida Ercole I d'Este, ela foi adquirida de nobres falidos por não mais que ?dois tostões? e redecorada sem economia, surge impecável, assim como o admirável jardim murado e, feito uma barreira, tentava isolar seus moradores das mazelas do mundo exterior.

Uma inútil proteção, pois a narrativa gira ao redor das leis raciais de 1938 e de como essa cosmopolita família ao enfrentá-las, acabou tragada pelo Holocausto. Conforme anunciado no Prólogo, em outubro de 1943, ano seguinte da morte precoce de Alberto, o filho mais velho, Micòl, a filha mais nova, seus pais, o professor Ermanno e dona Olga, além de dona Regina, a avó paralítica, foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz numa viagem sem volta.

Quem rememora essa tragédia é uma personagem jamais nomeada: um judeu ferrarense que conviveu com a família na juventude, aliás, essa fase é a que cobre seu relato. Na época, indeciso sobre qual rumo tomaria na vida adulta, ele passava os dias perambulando pela cidade de bicicleta e flertando com a bela e enigmática Micòl, seu primeiro amor, enquanto jogava tênis na quadra instalada no jardim dos Finzi-Contini, já que os sócios judeus haviam sido excluídos do clube local.

Em linhas gerais, esse melancólico narrador funciona como um alter-ego de Bassani e é notória a influência do romance Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, naquilo que concerne a memória e a obsessão amorosa. Contudo, também é possível perceber a proximidade temática com o O Leopardo, isto é, a a decadência de uma importante família num mundo em transformação, e aqui cabe um aparte: se não fosse o empenho de Bassani para publicar o livro de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, é bem provável que ele jamais fosse lançado.

Há um filme homônimo, bastante conhecido, baseado no romance. Dirigido por Vitorio De Sica, ele ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1972 e como de costume, adaptação e livro apresentam diferenças. Em especial, o filme suaviza o contexto político que é um dos fundamentos do livro, inclusive, atenção para os diálogos entre o narrador e o jovem comunista Giampiero Malnate.

Finalmente, lançado em 1962 na Itália, o romance já foi traduzido e recebeu outras edições em português. Quanto a presente tradução, de Maurício Santana Dias, considero irretocável; já a edição poderia ter incluindo ao menos um Prefácio e um Índice de Notas mais completo.

?Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.? (O Leopardo)

?? O querido, o doce, o pio passado?. (Página 241)

Nota: Optei pelo e-book e recomendo. ?
Kaonny 19/05/2021minha estante
Adoro suas resenhas. Leves e interessantes. Sobre as edições da todavia, vou começar a adquirir ebooks. O material das capas é péssimo.


Ricardo Santos 20/05/2021minha estante
Adoro esse romance. A visão do narrador já maduro é mais reflexiva do que nostálgica. Ele não nos conta tudo porque, simplesmente, não pode, não sabe, não estava presente. Então cabe ao leitor preencher as lacunas.


Clara 13/12/2021minha estante
Amei




Luiza 19/07/2020

Envolvente em certa medida
O curioso desta leitura não é em si esperar o desenrolar de um romance de um casal. O romance está nas descrições dos locais e cotidiano, na abordagem política e literária e a narrativa cumpre perfeitamente o papel de nos levar a este clima. É ainda, um olhar sobre a burguesia italiana e a alta classe, e ainda como os impactos do anti-semitismo e do pré II Guerra Mundial são encarados conforme os status sociais dos personagens.
A segunda metade é a mais interessante em termos de narrativa. Gostei.
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Na Literatura Selvagem 15/12/2018

obra italiana maravilhosa
Ambientado numa Itália prestes a desmoronar por conta da Segunda Guerra Mundial, O Jardim dos Finzi-Contini é um romance do italiano Giorgio Bassani, publicado pela Editora RioGráfica, e através de um narrador nos deparamos com a perseguição aos judeus enquanto um amor platônico se desvela ao longo de seus capítulos. Tendo como plano de fundo a própria guerra e os anos que a antecedem, conhecemos a família Finzi-Contini, que por muito tempo se manteve alheia à política antissemita que se instaurava em seu país.

O narrador se apaixona pela bela Micòl e narra sua trajetória convivendo com a família de sua amada, com seus amigos jogando no campo da propriedade da família, numa espécie de 'clube jovem', enquanto lá fora a Itália fascista ia minando a liberdade social dos judeus, como se essa avalanche de acontecimentos não fosse alcançar a família judia de Micòl.

leia mais em

site: http://naliteraturaselvagem.blogspot.com/2018/03/o-jardim-dos-finzi-contini-obra-maxima.html
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Eduardo.Saad 31/10/2018

Minha visão.
Consegui comprar o livro em um sebo local e paguei R$2,00, não sei se fiquei triste ou alegre. Mas estava procurando um livro para passar o tempo e sempre que procuro algo onde quero matar o tempo sempre me deparo com histórias onde o plano de fundo é a segunda guerra mundial, talvez seja uma sincronicidade onde o meu desejo de matar o tempo se une com o tempo morto daquela época. Logo que comecei a ler a história eu achei que seria um livro comum e que eu realmente havia achado o livro que procurava, mas no decorrer da leitura a história foi me envolvendo e eu comecei a pegar pontos que acredito que grande parte dos leitores passam despercebidos( ou talvez tenha sido criações da minha mente). Eu não recomendaria este livro a qualquer pessoa, por mais que eu acreditasse que grande parte deveria ler tendo uma interpretação profunda, trazendo alguns fatos para os dias atuais. O meu conselho é que se você decidir ler, faça com que o livro transforme, de alguma forma, o seu jardim.
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