jakelbelmont 22/04/2024
Quando Nietzsche Chorou
Não é difícil pra mim afirmar que a pessoa que eu era ao iniciar esse livro já não é exatamente a mesma pessoa que eu sou ao finalizar de ler esse livro. O filme inteiro imerge em uma sessão terapêutica, quase como se cada sessão não fosse somente, onde somos tão meros pacientes quanto o Brauer.
Em toda essa investigação psicológica que Nietzsche realiza no Brauer a respeito de sua obsessão em relação a Bertha, fazendo com que ele não só aborte vários temas que imergem da psico-analise, contando inclusive com participações pontuais de Freud em discussões, mas também do uso da própria filosofia do Nietzsche, onde o personagem vai decorrendo sobre liberdade, desejo, ressentimento, poder, até culminar na ideia do amor fati.
Olhar para esse doutor em Viena, que possui tudo, conquistas materiais, profissionais, acadêmicas, mas se vê infeliz com a vida que leva, por não considerar aquilo que queria para si, mas por ter aceitado aquilo que queriam pra ele. Um ressentimento o qual acaba por se personificar, em sua mente, a imagem de sua esposa, enquanto a tal liberdade que tanto deseja é personificada na imagem do desejo romântico e carnal por sua paciente. Quase que como uma amante não superada.
Fazendo assim a principal discussão da obra ser a respeito do apego ao passado, um tempo ao qual Josef Breuer se encontra em extremo apego e o impede de encarar sua situação presente o fazendo apenas ruminar em ciclos sobre esse passado e desejar incessantemente retornar a ele. No passo em que Nietzsche vem por meio da sua filosofia questionar o motivos de Breuer encontrar-se tão emocionalmente ligado a remoer o lixo de sua mente, o questionando qual o real motivo e o que o mesmo ganha com essa obsessão.