spoiler visualizarFelipe 09/04/2021
Resenha - A República de Platão
Um livro complexo na quantidade de abstração necessária para o entendimento filosófico do mesmo.
A linguagem apresentada, rica em perguntas, é empregada no pensamento socratico, expressando seu desejo de se chegar a verdade. Sócrates, o grande questionador, ao propor que a justiça é melhor que a injustica, se vê na difícil tarefa de explicar de maneira inteligível seu ponto de vista, mesmo quando seus companheiros apresentam disposição em contrário, que a vida do homem injusto supera e muito a vida do homem justo, no que concerne aos prazeres e vantagens sociais.
A pergunta e a dúvida marca primordial dos diálogos de Sócrates, levando seus interlocutores a questionar a representação de tudo o que se propõem como uma pintura (imitação) da realidade observada. Digo até que a máxima aristotélica "a dúvida é o princípio da sabedoria" é a premissa básica do diálogo com Sócrates.
Sócrates (filósofo) nunca escreveu nenhum livro, seu pupilo Platão, o fez por ele, compilando e acrescentando diálogos desse exímio buscador da verdade, como forma de homenagear um dos maiores amantes da sabedoria.
O livro é dividido em 10 capítulos, ou LIVROS, como é chamado cada capítulo. Em alguns momentos, a minha mente de "macaco louco pulando de galho em galho" se perdia nos meus próprios pensamentos, sugestionada pela reflexão que o pensamento expresso na narrativa me fazia constantemente levar em consideração.
Noto similaridades do movimento Nazi, que tentou reproduzir, sua própria versão distorcida de estado, buscando uma forma de "melhoria racial", lembrada apenas pelo monumental fracasso e grotesco sentimento de intolerância com a diversidade dos povos.
Observa-se semelhanças como os "filhos do Reich", a busca pelo guerreiro perfeito, e os sacrifícios da população pelo bem maior, traços que consigo perceber coincidência com o modelo de civilização platônica que tenta controlar (demasiadamente) o destino de seus cidadãos desde o berço.
Outra curiosidade que me ocorre na leitura deste livro é imaginar o que os filósofos achariam da atual música popular brasileira, pois consideravam a música como instrumento básico de modelagem do(a) cidadã(o).
Certamente um livro que necessita outras leituras para maior apropriação dos seus conhecimentos.