yanrq 18/04/2024
A Dama das Camélias
Há alguns meses atrás estava eu procurando algum filme para assistir e me deparo com uma produção americana chamada Camille de 1921. Li rapidamente a sinopse e me interessei bastante, por isso fui assistir ao filme. Achei a história tão bonita, tão sincera e tão tocante que após aquele final doloroso que me deixou cheio de lágrimas nos olhos, decidi que iria atrás do livro para conhecer integralmente a história.
Estive um tempo lendo esse romance e entre intrigas e paixões ardentes, encontrei uma história profunda de um amor real e verdadeiro porém impossível, um amor que não se concretizou por conta de sacrifícios determinados a aqueles amantes que no fim os deixou na ruína. Escrito pelo Alexandre Dumas Filho - filho do célebre escritor que trouxe ao mundo os três mosqueteiros - A Dama das Camélias é um livro bastante autobiográfico, com relatos e passagens retiradas das vivências do próprio autor que também teve um romance proibido com uma cortesã parisiense que faleceu de tuberculose.
O autor trata do tema central de uma maneira bem peculiar, mas que até tem seu encanto. Ele é extremamente moralista em diversas partes, mas nunca chega a condenar completamente as cortesãs pelo modo de vida delas. Há uma certa compaixão para com a figura e a presença delas, mesmo repudiando o modo de vida das mesmas, ainda assim vemos que o autor se importa e compadece das dificuldades e problemas que essa vida trazia a essas mulheres.
O livro troca de narrador principal algumas vezes, iniciando com a própria figura do autor que se insere na história como um personagem que aparece derrepente e sente necessidade de investigar o que teria acontecido a conhecida cortesã Margarida Gautier. Nesse caminho ele encontra o antigo e principal amante da vida de Margarida, Armand Duval, que a partir de então assume a narrativa para si que em modo de flashback conta como conheceu e se apaixonou por Margarida. Já no fim da história por meio de cartas que revelam os últimos dias de vida de Margarida, ela mesma narra momentos importantes da trama a partir da sua perspectiva e enfim da uma conclusão triste e melancólica a cerca de um amor que foi proibido de se proliferar.
É de fato uma história muito bonita que consegue nos levar a séculos de distância numa Paris aristocrata e fina, cheia dos excessos da vida e das mais absurdas ostentações que o dinheiro pode provocar. Em dado momento aquele ambiente se torna cada vez menos atraente conforme vamos conhecendo melhor o interior daqueles personagens, como eles fazem para se manter vivos e de que forma aquela vida os influência negativamente.
Um elemento da escrita do Dumas que achei bem interessante é o detalhamento que ele dá a certas passagens, principalmente nas de romance. Ele também dá clara descrições do cabelo e roupas de Marguerite, de como é a sua casa e seus objetos pessoais, como ela vive sua vida, suas manias e vícios, temos um vislumbre completo acerca da personagem.
A Dama das Camélias termina por ser um livro extremamente passional e romântico, com dois amantes extremamente perdidos um pelo outro e cujo a não consumação desse amor termina por ser fatal para ambos. A sequência de ações finais até chegar ao fim do livro é dolorosa, ver uma personagem que aprendemos a apreciar durante a história ir definhando aos poucos por conta de seu amor não foi fácil, inclusive me vi deixando cair uma lágrima aqui e ali enquanto lia.
Fico feliz por finalmente ter lido esse livro e conhecido esse autor que infelizmente foi ofuscado pelo tempo por conta da grande influência de seu pai. É um romance trágico mas que ao mesmo tempo é doce e verdadeiro, tendo momentos quase mágicos enquanto Armand e Marguerite estão juntos se amando longe de todos os problemas de Paris. Indico fortemente para quem gosta de histórias de época com um belo drama e muitas descrições exageradas de paixão.