Doc Brown 04/02/2011
Com certeza, Alan Moore nasceu para escrever Histórias em Quadrinhos. Poucas HQs podem alcançar o patamar de obra de arte, porém praticamente todas escritas pelo Mago Britânico chegam a este nível.
Ele concebeu “Watchmen”, a HQ que é considerada por muitos como a melhor história de Super-Heróis, Homenageou o Superman, o primeiro dos super-heróis e também toda sua mitologia e história com “Supremo”, fez uma bela homenagem aos pulps e a toda cultura pop dos anos 20/30 com “Tom Strong”, escreveu “Do Inferno”, considerado por estudiosos, o melhor documento histórico sobre “Jack, O Estripador”, elevou a pornografia ao patamar de arte em “Lost Girls”. Em todas estas obras, ele contou com a ajuda de artistas incríveis, colaboraram de forma a deixar ainda melhor o trabalho de Moore.
Depois de anos de estudo sobre Magia e culturas antigas, Moore nos entregou Promethea, publicado no Brasil recentemente pela Pixel Media. Uma história onde as homenagens se superam, homenagens novamente a História das HQs. O Boneco Pintado, nada mais é no que uma grande Homenagem ao Coringa, arquiinimigo e antagonista de Batman. Os pulps também são homenageados, a própria personagem principal, Promethea, surgiu também nos pulps, como deixa bem claro a incrível introdução do álbum da Pixel, o texto de introdução, inclusive, faz parte de toda a história, seria o leitor capaz de imaginar Promethea ao ponto dela existir?
Na história de Sophie Bangs, uma jovem estudante de uma Nova York futurista e deprimente, percebe a ligação que algumas pessoas no passado, tiveram com Promethea, desde seu “criador”, em um antigo livro de poesias, até a personagem dos quadrinhos de mesmo nome. No caminho de descobrir a ligação de Promethea e esses autores que nem mesmo se conheciam, ela acaba se tornando Promethea e descobrindo assim que Promethea é um ser de imaginação.
Óbvio dizer que muitos inimigos de Promethea, iram se aproveitar da inexperiência de Sophie, para derrota-lá, ledo engano, como bem disse Chapeuzinho Vermelho em um dos capítulos da história, “Não é tão fácil se livrar de idéias”.
Homenagens as HQs, as Fábulas, as culturas antigas. Ocultismo, misticismo, metalinguagem. Tudo se mistura nesta HQ, com a ajuda do excelente J.H. Williams III, Moore compõe mais uma de suas obras de arte. A arte de Williams aqui é levada a um patamar talvez nunca visto nas HQs. Ele desenha com maestria, Deuses, Demônios, pessoas normais, cenas de luta. Presenteia-nos com detalhes minúsculos, mas que embelezam a história de uma forma inacreditável.
Desde uma Nova York futurista até Imatéria, passando por Zonas da Segunda Guerra mundial paisagens da Antiga cidade de Alexandria.
Aqui devemos nos arriscar a entrar junto de Sophie na Terra de “Hy Brasil”, nos aprofundar com o Gorila Chorão em suas depressões (extremamente exageradas, porém reais), rir junto com Stacia. Aproveite a criatividade de Alan Moore, os enquadramentos e sombras de J. H. Williams III. Afinal, se Promethea não existisse, teríamos de inventá-la.