luisaolla 09/06/2020
Obrigada, Auggie, por me ensinar algumas coisas que eu precisava aprender.
Auggie Pullman é um garoto que nasceu com uma deformidade no rosto, e teve de passar por inúmeras cirurgias plásticas. Com 10 anos de idade, Auggie começa a frequentar a escola (antes disso ele era educado em casa). Ser o aluno novo é bastante complicado para qualquer pessoa, e parece ser ainda mais difícil para alguém que é discriminado pela aparência. Felizmente, Auggie não é qualquer pessoa.
O livro é bem curtinho e a leitura é fluída. Não há dificuldades ou floreios na linguagem utilizada pela autora - e nem havia espaço para isso, já que a narração é feita em 1ª pessoa, variando entre as personagens do livro - é tudo nu e cru. Um personagem de 10 anos fala como um personagem de 10 anos. Uma adolescente fala como uma adolescente. Pais e mestres falam como pais e mestres. Tudo é real.
Uma coisa muito interessante nessa questão da narração é que, em alguns dos livros que tem seus pontos de vista alterados conforme o capítulo, você não consegue sentir a diferença nas personalidades de cada um dos narradores - eles todos parecem ter a mesma personalidade do autor, apenas com alterações de humor. Isto, sem dúvida, não acontece em Extraordinário. Os pontos de vista parecem realmente ter sido escritos por pessoas diferentes, em momentos diferentes, com vivências diferentes. Todos únicos.
Eu li Extraordinário em 2018. O filme já havia estreado, porém me lembro de pegar e devorar o livro antes de me permitir assistir o filme. Na época, algumas experiências pessoais se encontraram com a história do livro, e então eu fui levada a colocar uma estrelinha e guardar no lado dos livros preferidos.
Falar sobre os detalhes do livro sem chorar, para mim, é uma tarefa difícil. O meu, por exemplo, é um misto de folhas molhadas de lágrimas e post its coloridos em muitas, muitas páginas mesmo. Mesmo agora, enquanto revisito o livro para escrever essa resenha, meus olhos começam a marejar.
Jack Will me ensinou que nossos amigos têm o direito de falhar. O Sr. Buzanfa e o Sr. Browne me relembraram a importância dos professores na adaptação na escola. Summer me ensinou sobre lealdade. Isabel Pullman me ensinou sobre a importância da aceitação. Via me ensinou que o amor é altruísta. Auggie, por fim, me ensinou infinitas coisas. Dentre elas, a principal é que está tudo bem não se sentir bem. Temos que respeitar nosso próprio tempo e nossos próprios sentimentos, para, então, começarmos a nos sentir bem de verdade.
Extraordinário é realmente um bom título - tanto para Auggie, quanto para o livro.