Caroline Gurgel 06/01/2014Um thriller psicológico fantástico (e torturante)Que essa resenha vai ser a mais confusa que já escrevi é a única certeza que tenho no momento. Uma hora da madrugada e eu penso "não tenho condições de digerir o que acabo de ler, preciso me recompor e amanhã escrevo meu comentário". Mas, ora bolas, PERDI MEU SONO!
Consequences aparecia há um bom tempo na minha lista de recomendações do GoodReads e sua classificação bem alta chamou a minha atenção. No entanto, vi que alguns leitores haviam usado a
tag "erotica" para classificá-lo e cansada de "mais do mesmo" no gênero deixei a recomendação de lado até poucos dias atrás. Então, devo esclarecer,
esse livro NÃO é erótico e me pergunto se quem pensa assim leu todas as páginas dessa estória. Provavelmente, não.
É o primeiro livro de uma trilogia (há mais livros, mas são apenas pontos de vistas e outras explicações) e conta a estória de Claire Nichols, uma meiga e doce bartender que sonhava com sua carreira de meteorologista até ser brutalmente raptada pelo mega milionário Anthony Rawlings. Claire acorda em um quarto luxuoso na mansão de Anthony e para sobreviver vai ter que seguir suas duras regras. Anthony a faz acreditar que eles têm um acordo: ele assumiu suas dívidas e quando considerar que estão pagas, ela terá sua liberdade de volta, mas, para isso, precisa se comportar e ser treinada.
Esse livro me prendeu de uma forma absurda desde as primeiras páginas e mesmo quando eu pausava e fazia qualquer outra atividade, meus pensamentos continuavam nele.
Claire começa a desenvolver a
Síndrome de Estocolmo e se o leitor não tiver um perfeito entendimento de tal, não compreenderá suas atitudes nem suportará essa personagem, que foi a criatura mais submissa e obediente de tudo que já li
e se você detesta personagens submissas é provável que não consiga chegar ao final (de tirar o fôlego) dessa história e, assim sendo, não vai entender nada. NADA! Por isso, repito, tenha em mente os sintomas da síndrome, não questione o porquê de Claire não tentar fugir e, aconteça o que acontecer, chegue até a última página.
Síndrome de Estocolmo "é uma síndrome na qual as vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos raptores são frequentemente amplificados [...]. O complexo e dúbio comportamento de afetividade e ódio simultâneo junto aos raptores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas."
Existe abuso? Sim. Talvez se eu tivesse lido a sinopse eu não teria lido esse livro, como fiz com tantos outros com o mesmo tema. Mas se esse é seu medo, devo dizer que a autora fez tudo muito tolerável. As cenas existem, estão ali, mas não são gráficas, não são detalhadas e, portanto, suportáveis.
Claire se viu ora apaixonada por Anthony, ora com ódio, mas sempre submissa. Sempre. Os pequenos gestos bondosos de Tony eram recebidos com um brilho no olhar e ela tentava botá-los sempre antes dos pontos negativos que não eram poucos. Existem momentos mágicos nesse livro que deixam o leitor sorrindo até que você para e se pergunta o quê? Por que estou torcendo por ele? Por que quero ajudar esse psicopata? Por que quero pensar que ele pode ser uma boa pessoa?. Sim, caro colega,
somos acometidos pela síndrome tanto quanto a Claire. A autora maestralmente manipula nossa mente, torce, esgana, esgaça e espreme até você querer gritar e correr para o psicólogo mais próximo. Sim, há momentos em que você se vê apaixonada por um raptor e isso requer tratamento, não? Em outros você o repudia com todas as suas forças.
Arghh...torturante!
Apesar do espiral de sensações, a leitura é fluida até os 50% do livro. A partir daí fica um pouco mecânica e repetitiva, mas dos 80% em diante tudo se explica ou se complica e a tensão do início parece boba se comparada a esses 20% finais. O coração acelera, palpita, lateja; a respiração falha, falta, sufoca; tudo desaba, tudo.
Nunca,
nunca!, eu imaginaria um final desses e nada poderia ter me preparado para tal. As peças começam a se encaixar e todos os momentos vividos tem algum significado. É um
thriller psicológico dramático de enlouquecer qualquer um. Não tenho como colocar em palavras a raiva que senti de um dos personagens ao terminar esse livro. Muita, muita raiva.
O que? Como? Não! WTF! WTF! WTF! What the fuck!!. Ao passo que tudo se mexia dentro de mim eu pensava Que autora genial! Que desfecho de tirar o fôlego!.
Consequences mexe tanto com o leitor que é difícil recomendá-lo, mas é tão genial que é mais difícil ainda não o fazer. Classificá-lo é ainda mais complicado, mas uma coisa é certa, se for ler, repito, chegue até a última página, caso contrário vai achar que se trata de um reconto da Bela e a Fera, e não,
isso não é um conto de fadas.