Eduardo 01/01/2024
Paulo Leminski foi um poeta incrível e, por conseguinte, era impossível que esta coletânea viesse a ser ruim.
Há uma criatividade enorme e gigantesca aqui, você vê que o autor realmente brinca com a liberdade dos versos, das palavras, referencia muitas coisas, é simplesmente um show de diversidade cultural tudo no mesmo poema.
Como experiência pessoal, teve muito texto que eu acabei ficando por fora, muito por não ter a referência certa pra entender o assunto, ou só estar numa realidade muito diferente do que ele escreveu e me identificar pouco. Entretanto, mesmo naqueles mais complicados de ser entendidos ou que me identifiquei menos, é notável a beleza das palavras escolhidas, a combinação específica das sílabas e etc.
É uma coletânea para ser lida, relida e lida de novo; poemas devem ser lidos ininterruptamente.
"o que o amanhã não sabe, o ontem não soube.
nada que não seja o hoje jamais houve"
"vazio agudo
ando meio cheio de tudo"
"Adeus, coisas que nunca tive, dívidas externas, vaidades terrenas, lupas de detetive, adeus. Adeus, plenitudes inesperadas, sustos, ímpetos e espetáculos, adeus. Adeus, que lá se vão meus ais. Um dia, quem sabe, sejam seus, como um dia foram dos meus pais. Adeus, mamãe, adeus, papai, adeus, adeus, meus filhos, quem sabe um dia todos os filhos serão meus. Adeus, mundo cruel, fábula de papel, sopro de vento, torre de babel, adeus, coisas ao léu, adeus."