Reccanello 15/03/2022Haja hoje para tanto ontem!Poeta, escritor, biógrafo, crítico literário, tradutor de vários idiomas (era fluente em latim, grego, inglês, francês, japonês, espanhol, dentre outras línguas que, se não as dominava, nelas era versado), professor, judoca faixa preta, letrista e parceiro de vários cantores... Autointitulado “a Besta dos Pinheirais” (curitibano orgulhoso, dizia que, assim como uma araucária, ele também não podia sair de onde nascera), Leminski era um erudito zen-budista, um moleque latinista, um livre-pensador rebelde e cosmopolita que sabia, ao mesmo tempo, ser sutil como um beija-flor e intenso como um vendaval.
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Reeditada em 2013 nesta edição linda da Companhia das Letras, e subitamente redescoberta por um público mais amplo, a obra completa de Paulo Leminski virou verdadeira febre, liderando os rankings de Mais Vendidos. E não é para menos: sua Antologia Poética, cotidiana e acessível, fisgou não apenas o leitor mais habituado ao lírico como, também, encantou pessoas que nunca antes se viram como fãs de versos. Conciliando a rígida construção formal com o mais espontâneo coloquialismo, Leminski brincava - e às vezes zombava - com os leitores e os críticos: embora sua erudição lhe permitisse produzir poesias de altíssima qualidade - tanto aos moldes ocidentais como orientais (era um fã assumido e inveterado dos Haikais e de Matsuo Basho) -, comprazia-se em mostrar um estilo que beirava o improviso, revirando a mente dos mais conservadores.
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Abrangendo desde sua estreia na poesia, em 1976, até sua morte em 1989, a obra percorre a trajetória poética completa do curitibano Leminski, permitindo ao público a leitura de obras há muito já fora de catálogo. Do haikai à poesia concreta, do poema-piada oswaldiano ao slogan e à canção, nada escapou ao "samurai malandro", ao "bandido que falava latim".
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Apresentado por sua companheira de vinte anos (a poeta Alice Ruiz), com posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e com um apêndice reunindo textos de Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, a leitura de Toda Poesia é uma aventura para a inteligência e a sensibilidade, da qual ninguém sai incólume.
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