joaoguilhermegurgel 04/09/2023
Dostoiévski me ofendeu e me humilhou, - e por isso eu o amo.
No início do livro, o protagonista (o escritor Ivan Petrovich, que comumente é chamado de ?Vania?) , ante a morte de um idoso, se muda para a residência do falecido; e, as vezes, recebe a visita da neta do morto. Paralelo a isso, vive em uma espécie de triângulo amoroso entre ele, sua irma adotiva (Natacha), e o filho de um príncipe da região. A história muda seu foco em inúmeros pontos, acompanhando inúmeros personagens simultaneamente (que, por qualquer motivo, adentram à vida do protagonista).
Neste livro, Dostoiévski disserta sobre as paixões e os amores humanos, tal como faz sua (clássica!) crítica a burguesia da época. O autor mostra sua grande habilidade em desenvolver os personagens; tornaram-se quase como membros de minha família. Mesmo com momentos de certo monotonismo, mantemos nossa atenção fixa e presa a Vania. Os personagens secundários também apresentam uma profundidade ímpar; a pobreza é muito mais espiritual do que financeira. O niilismo dos personagens os tornam imprevisíveis, e a história ganha a chance de ter reviravoltas (coisa que acontece).
Há todos os elementos Dostoiévskianos: Relacionamentos tóxicos, personagens complexos, densos, e uma pobreza espiritual enorme. A leitura é envolvente, e sinto que vale muito para fãs/iniciantes do autor.